Rodrigo Lopes*
No Brasil, mais de 172.500 pacientes realizam tratamento dialítico crônico, segundo o último Censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN, 2024). Por trás de cada paciente em diálise, há uma rede familiar que também é profundamente afetada emocional e psicologicamente.
O tratamento dialítico exige uma rotina rígida de três sessões semanais, além de cuidados com alimentação, medicamentos e monitoramento constante da saúde. Essa nova dinâmica impacta diretamente os familiares e pessoas próximas, que muitas vezes assumem o papel de cuidadores informais sem preparo ou suporte adequado.
Estudos mostram que mais de 60% dos familiares de pacientes renais crônicos relatam sintomas de ansiedade ou depressão. O desgaste emocional é potencializado pelo sentimento de impotência diante da progressão da doença, pelas restrições impostas à rotina da família e, em muitos casos, pela sobrecarga financeira causada pelo afastamento do trabalho e pelo aumento de despesas com transporte e alimentação.
Investir em canais de comunicação humanizados, encontros educativos, rodas de conversa ou simplesmente garantir que os familiares sejam informados com clareza e empatia já representa um avanço significativo.
A saúde renal é um desafio coletivo. Quando clínicas reconhecem e acolhem as famílias, fortalecem a adesão ao tratamento, melhoram os desfechos clínicos e cumprem, de forma mais ampla, seu papel social.
Cuidar do paciente é, também, cuidar de quem cuida.
*CEO da Fênix Nefrologia