Mauro Condé*
“Cervantes, Montaigne, Shakespeare, são eles os “Poderosos Mortos” que, no entanto, estão mais vivos do que qualquer um de nós. Eles no definem e nos situam”. - Harold Bloom
Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes livros sobre a arte do teatro.
Eles me levaram para a cidade de Avon, no antigo reino da Inglaterra em 1615, onde fui recebido por William Shakespeare, a quem fui logo pedindo:
Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.
-Conte suas histórias e deixe o seu legado.
-Crie obras, pensamentos, gestos e atitudes que ultrapassem gerações.
Shakespeare quebrou paradigmas e revolucionou para sempre o teatro, a linguagem e a literatura.
Foi de dentro da cabeça dele que saíram algumas das frases que mais usamos.
Mais pra lá do que pra cá; o amor é cego; sem pregar o olho; dias melhores virão; isso parece grego para mim; nem tudo que reluz é ouro; o que não tem remédio, remediado está; ser ou não ser – eis a questão ou até o feitiço contra o feiticeiro – essas são expressões contidas em alguns dos diálogos mais notáveis dos personagens de suas inesquecíveis peças de teatro, cujas histórias são para sempre encenadas.
Em Romeu e Julieta, jovens se conhecem no domingo à noite, começam a namorar na segunda, ficam noivos na terça, na quarta se casam e morrem abraçados na quinta-feira.
Na peça Otelo, um general despreza seu fiel escudeiro Iago e o converte em seu maior inimigo.
Para se vingar, Iago injeta em Otelo o veneno do ciúme contra sua esposa Desdêmona, espalhando falsas acusações de adultério, o que acaba provocando a destruição de todos.
Em Rei Lear, um rei vive muito bem com suas três filhas até deserdar a mais nova de sua herança, por manipulação das outras duas, que o abandonam amargamente após dividirem o reino.
Já Hamlet, o príncipe dinamarquês vive feliz até receber a visita do fantasma do seu falecido pai para lhe revelar que seu tio o teria assassinado para casar com sua mãe. A partir daí Hamlet passa a viver questionando o valor da vida e a cometer loucuras por causa disso.
Três bruxas aparecem em Macbeth para lhe fazer a profecia de que se tornaria rei um dia.
Movido por extrema ambição e pela louca profecia, ele assassina o próprio rei para assumir o seu trono e depois levá-lo à ruína, fazendo literalmente o feitiço virar contra o feiticeiro.
Shakespeare nos mostra até hoje, através do bem e do mal, vida como ela é.
*Palestrante, Consultor e Fundador do Blog do Maluco.