O que a psicologia tem a ver com racismo e preconceito

Júnia Maria Campos- Lara Larissa Gabriela Martins de Menezes -Clarianne Luiza Santos do Nascimento
Publicado em 06/09/2022 às 06:00.

O racismo é uma forma de violência em que um indivíduo discrimina o outro socialmente somente pela avaliação feita com base em características físicas e, principalmente, no tom de pele. Um caso de racismo que chamou a atenção nos últimos dias foi o sofrido pelos filhos da Giovanna Ewbank e do Bruno Gagliasso em Portugal. A famosa reagiu aos xingamentos da agressora em resposta à discriminação sofrida pelo filho e um grupo de angolanos, também presentes no restaurante, o que gerou muita repercussão e comentários nas mídias de pessoas influentes. Será que uma atitude de violência justifica a outra? Olhando para esse cenário, uma coisa é certa, o apoio a esse tipo de atitude provoca na população a normalização na resolução de injúria com violência física.Encontramos no Artigo 2º da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “é um direito humano sua liberdade sem nenhuma discriminação” e fazer valer os seus direitos violando o direito do outro não contribui para um resultado positivo desse cenário.

Dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que 54% da população brasileira é negra. Dados do Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada de 2016 mostram que mulheres brancas recebem 70% a mais que mulheres negras.

A psicologia, frente ao racismo, reafirma seu posicionamento ético-político dialogando com a sociedade que cada vez se mostra mais indignada com fatos como estes. A psicologia reflete sobre uma psicologia antirracista, uma psicologia no campo social, nas políticas públicas, na promoção dos direitos humanos, com o compromisso social e dialogando com a realidade. O cenário é plural, a subjetividade encontra-se inscrita na diversidade e por isso mesmo é cada vez mais delicado tecer análise na lógica universalizante e padronizada. 

O compromisso com o combate ao racismo pela psicologia, como ciência e profissão, está pautado nos Princípios Fundamentais do Código de Ética Profissional da(o) Psicóloga(o) e também na resolução CFP n.º 18/2002, que estabelece normas para a atuação de psicólogas/os em relação ao preconceito e à discriminação racial.

Não é possível falar do ser humano sem buscar apreendê-lo no seu contexto. Os recortes são vários: gênero, etnia, raça, classe social, idade, cultura, escolaridade, padrões de consumo, trabalho.

E isso não significa que estamos diante de um sujeito fragmentado e muito antes pelo contrário, significa dizer que o sujeito da atualidade é complexo, é relacional e em permanente processo de fazer-se.

Pensar sobre estas questões e no modo de operacionalizá-las não é uma tarefa simples para nós, psicólogos. Diria que de grande envergadura, e demanda antes de qualquer coisa um compromisso efetivo e ÉTICO com a PRÁTICA PROFISSIONAL e a SOCIEDADE.

Mestre, Professora do Curso de Psicologia da Faculdade Promove de BH
Acadêmicas do Curso de Psicologia da FPBH

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