O texto da semana

Léo Miranda
Publicado em 11/08/2022 às 06:00.

A cada 15 dias um ritual se repete: faço aquela “tempestade de ideias”, o famoso “brainstorming”, em busca dos principais acontecimentos e como eles me afetaram de alguma maneira, principalmente de forma reflexiva. 

Nos últimos tempos os fatos e acontecimentos que me colocam no modo reflexivo se multiplicaram, não só por causa de todo o contexto que nos cercou durante esses últimos dois anos de pandemia, mas também porque eu estou mais sensível e atento a eles. 

Após esse momento de prospecção de ideais, busco a maneira como elas podem trazer algum tipo de reflexão com relação ao tema da nossa coluna, a educação. O mais legal é que vira e mexe eu e meu amigo e parceiro de coluna Marcelo Batista, sem combinar nada do tipo, fazemos nossos textos conversarem entre si, um bate bola reflexivo sobre as questões ligadas ao cotidiano, como as sentimos nas nossas vidas e dentro das nossas salas de aula.

Esse processo de busca pela nossa pauta nem sempre é simples, até porque envolve diversos fatores, principalmente a nossa capacidade de interpretá-los à luz do que nos propomos, de forma que o nosso texto faça sentido não só para nós, como também para você que nos lê toda semana aqui na coluna. Nesse sentido, nas últimas semanas, os noticiários têm estado repletos de pautas tristes e absurdas, como do homem que manteve a família em cárcere privado por dezessete anos no Rio de Janeiro, ou os diversos casos de feminicídio que se multiplicam pelo país. 

Mas em meio ao “rodo cotidiano”, para parafrasear a banda o Rappa, é possível garimpar boas e ricas reflexões, mesmo que elas sejam derivadas de perdas, como a que aconteceu essa semana com a morte do humorista, jornalista e escritor Jô Soares. Mais do que nos fazer rir das suas atuações, seja nos programas que apresentou, ou mesmo com suas ironias e sarcasmo no seu icônico programa diário de entrevistas às 23h, Jô nos deixou a memória de alguém que pensava o Brasil e o via de forma crítica, mas de forma leve, como é o humor.

A leitura da vida de Jô pelos olhos da educação revela como a arte ensina e como ela é importante para a construção da capacidade de socialização e aceitação das diferenças nas escolas e no cotidiano. Mais do que compreender física, geografia, língua portuguesa, matemática, entre outras, é na escola que aprendemos ou pelo menos deveríamos a conviver com o diferente de nós, como também a respeitar que nem sempre todos pensam da mesma forma. 

Apesar dessa atribuição ter sido arrancada da vida de estudantes, professores e toda a comunidade escolar com o ensino on-line e o distanciamento social durante a pandemia, as coisas parecem começar a retornar ao “velho normal”, no bom sentido, aquele que nos traz a memória a convivência escolar, a importância do espaço onde compartilhamos conhecimento e experiências de vida. Mesmo assim, são inegáveis e as marcas deixadas pela Covid-19. No entanto, enxergar a luz no fim do túnel nos traz a algum alento.

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