Por que precisamos falar sobre Comunicação Não-Violenta nas organizações?

Publicado em 17/05/2022 às 06:00.

Lidiane Mendes*

Escolho citar três contextos que me ajudaram, nestes mais de 20 anos de experiência acadêmica e administrativa em Instituições de Ensino Superior, a explorar e aprofundar os estudos sobre CNV - a comunicação não-violenta.

O primeiro deles é o conceito de comunicação. Muitos alunos relatam a falta de comunicação dentro das organizações. Então, eu os questiono sobre os meios que a organização utiliza para disseminar a informação e a grande maioria identifica que há mais de um e que a informação chega para todos (ou para a grande maioria, pela percepção deles). Então, por que a informação não comunica? Há alguns motivos e quero aqui destacar a necessidade de ação de cada um de nós (me incluo totalmente nessa) para uma leitura atenta, interpretativa e que gere consequências, ou seja, mudanças.

O segundo ponto que destaco são os alarmantes números de afastamentos por problemas mentais, intensificados com a pandemia de Covid-19, mas que já ocorriam muito antes desse fato global. O Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência anuncia dados significativos e apontam que episódios depressivos, outros transtornos ansiosos e reações ao estresse grave e transtornos de adaptação são as doenças que mais afastaram trabalhadores.

E o que a CNV tem a ver com isso? A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) entrevistou mais de 320 pessoas e entre os resultados está que 52% dos entrevistados afirmam que ansiedade é o estado emocional mais frequente que sentem enquanto trabalham.

Marshall Rosenberg, psicólogo e doutor em psicologia clínica, aprofundou estudos sobre a comunicação não-violenta em sua busca por ensinar habilidades de pacificação e identificou que o conflito é gerado por uma falta de atendimento às nossas necessidades. A CNV convida para um autoconhecimento que pode mudar e salvar vidas. Como? Primeiro reconhecendo o quanto nossos julgamentos fantasiam situações observadas e assim se esforçar para diluir percepções equivocadas; segundo identificando os sentimentos que nos despertam diante de um fato observado, nomeando-o. O terceiro componente está em conhecer as necessidades que temos, aquilo que é mais importante para nós e que valorizamos, e, então, seguir para o quarto componente da CNV: o pedido, sem exigência e a partir de nós, dos nossos sentimentos e nossas necessidades. É um processo de alinhamento da comunicação “da gente com a gente mesmo” para então se relacionar e se comunicar com o outro.

Esse tema tem ganhado proporções em grupos de estudo, corroborado com o desenvolvimento de pessoas e pode ser ainda mais explorado em ambientes de múltiplas interações como é o ambiente organizacional, proporcionando ainda mais consciência de todos e a partir de cada um de nós. Que tal observar como você anda se comunicando com você mesmo?

*Economista, mestra em Administração de Empresas

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