Raspar cílios é tendência perigosa para saúde ocular

Publicado em 20/09/2025 às 06:00.

Juliana Guimarães*


As redes sociais lançam moda e tendências, que, nem sempre, são recomendadas ou devem ser seguidas. Nas últimas semanas, por exemplo, uma série de vídeos com homens raspando os cílios viralizou no tiktok, influenciando outras pessoas a fazerem o mesmo e, também, gerou uma onda de polêmica e preocupação pelos riscos dessa ação em relação à saúde ocular.

O crescente número de homens removendo os cílios se deve à ideia de que, quanto mais curtos, mais masculina seria a imagem, uma vez que as mulheres gostam de aplicar produtos, como máscaras ou realizar a extensão de cílios, valorizando o olhar.

O fato é que uma série de homens optou por diminuir o tamanho dos cílios ou raspá-los completamente, ignorando os motivos biológicos para a existência deles e o comprimento, que nada tem a ver com o sexo biológico ou ser responsável por definir características diferenciadoras entre homens e mulheres.

A verdade é que o tamanho dos cílios, assim como a espessura e curvatura, é definido pela genética, sendo que as alterações em seu comprimento podem afetar completamente a saúde na área, ocasionando problemas.

Os cílios são pelos, espalhados pela pálpebra superior e inferior do olho, cuja principal função é a proteção da visão. Assim, se torna uma barreira contra poeira, detritos e outros elementos externos, como insetos que podem atingir os olhos, causando danos, como alguma irritação, ou até mesmo, atingir a córnea.

Os cílios também regulam a hidratação e lubrificação ocular, impedindo o ressecamento da fina película cobrindo os olhos, devido ao contato com o ar. Uma pequena alteração no comprimento já é capaz de provocar incômodos.

Os cílios ainda apresentam a função de proteger os olhos do brilho, reduzindo em até 24% a quantidade de luz e servem como sensores, ativando o reflexo para fechar as pálpebras, todas as vezes que um corpo estranho se aproxima, evitando graves acidentes.

Vale alertar também que o próprio ato de remoção é perigoso, pois requer a aproximação de objetos cortantes, como giletes, tesouras, ou até mesmo, pinças, que, com um simples e rápido deslize, podem atingir diretamente o globo ocular, ferindo a córnea, cuja função também é proteger a superfície ocular. Muitas vezes, os utensílios usados ainda não estão devidamente esterilizados, ampliando os riscos, desta vez, para infecções.

Obviamente, algumas pessoas não possuem cílios ou os perderam por questão genética; tratamento quimioterápico ou tricotilomania, transtorno causador do desejo de arrancar pelos e cabelos, principalmente, em casos de estresse e ansiedade.

Os cílios até voltam a crescer, contudo, a ação não vale os riscos e não tem nada a ver com sinal de masculinidade ou feminilidade. Caso um indivíduo tenha passado pelo processo e notado o aparecimento de incômodos oculares, é preciso se dirigir rapidamente a um consultório oftalmológico para avaliação.

O oftalmologista orientará a pessoa sobre os perigos da ação, assim como, recomendará colírios lubrificantes ou outros medicamentos, variando conforme as características e gravidade do caso.

* Oftalmologista e diretora do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães 

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