Ângela Mathylde Soares*

Os casos de depressão são cada vez mais frequentes no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade considera a condição o “mal do século” por levar os indivíduos a cometerem atos irreversíveis, como o suicídio, ocorrência crescente em Minas Gerais.
O levantamento “Setembro Amarelo: Um panorama sobre a saúde mental nas microrregiões de Minas Gerais” do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG) revelou que esse tipo de morte cresceu 25%, entre 2018 e 2023, com a taxa média passando de 7,37 para 9,23 óbitos por 100 mil habitantes. No total, foram 10.753 falecimentos.
Outra conclusão foi a mudança no perfil das vítimas, que se encontram, atualmente, na faixa etária de 30 a 39 anos, sendo que, anteriormente, era mais regular entre indivíduos de 40 a 49 anos. Além disso, a frequência é muito maior entre homens - 77% contra 23% delas.
É possível observar a gravidade da situação com outra métrica: a frequência de diagnósticos de depressão em cada capital brasileira. A pesquisa Vigitel do Ministério da Saúde, de 2023, apontou que Belo Horizonte foi a segunda capital com o maior índice, atingindo aproximadamente 17,4% da população. A situação gerou uma maior demanda por atendimento especializado em postos de saúde.
O sofrimento dessas pessoas, muitas vezes, é silencioso, entretanto, pequenos sinais indicam algo errado. Normalmente, quem tem pensamentos suicidas apresenta falta de autoestima, visão negativa da vida e do futuro, se sente culpado e confessa sentir desesperança.
Neste momento, é essencial que aqueles que convivem cotidianamente estejam atentos a esses indícios e busquem ações para ajudar. Uma dica é criar um ambiente seguro e confortável para a pessoa se expressar sem medo de julgamentos - mostrando que é importante e valorizada e ainda encorajá-la a procurar ajuda.
Cuidar da saúde mental nunca foi tão importante, sobretudo, em uma era tão volátil. A atenção foi muito negligenciada ao longo dos séculos, porém, com cada vez mais conhecimento, a busca por amparo tem se tornado maior.
O método tradicional envolve consultas periódicas com um profissional da psicologia, sendo que, determinados casos também podem requerer um psiquiatra, para prescrição de remédios.
Contudo, as pessoas que se sentem desesperançosas com a vida também podem procurar apoio em plataformas virtuais, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), que presta escuta acolhedora e sigilosa, com voluntários treinados. O telefone para contato é 188 e está disponível 24 horas por dia, o chat e e-mail também estão disponíveis através do cvv.org.br.
* Neurocientista, psicanalista e psicopedagoga