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Terça-Feira,30 de Abril
Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

A culpa não é dos outros

07/01/2021 às 08:12.
Atualizado em 05/12/2021 às 03:51

Quando algo ocorre diferente daquilo que esperamos, temos sempre a tendência em procurar culpados. Há sempre uma grande dificuldade em trazer para nós a responsabilidade de uma frustração.

A empresa não cresceu, tendemos a culpar a economia, os funcionários, o país; atrasamos em um compromisso, é o trânsito que estava ruim; a dieta não está funcionando, o nutricionista não é bom; a relação não vai bem, é o outro que não é amoroso e assim por diante.

O fato é que esse tipo de pensamento, onde o outro é o responsável pelo insucesso do projeto, nos leva a acreditar que nunca somos nós os “donos” da nossa vida. Ficamos sempre à mercê do outro.

O conceito de autorresponsabilidade está ligado à consciência de que somos os únicos dirigentes da nossa própria vida. Tudo que hoje temos, onde estamos e como fazemos são escolhas nossas.

Às vezes, temos a impressão de que, quando esbarramos em algum obstáculo, ficamos sem saída, ou seja, sem escolha. Mas isso não é verdade. Escolhemos o tempo todo e precisamos trazer essa decisão para nossas mãos.

Mas é preciso aprofundar com bastante cautela nesse conceito, pois não é algo simples. Se interpretarmos dessa forma, corremos o risco de tropeçar na hipocrisia que tantos praticam: para fora afirmam que são responsáveis, e por dentro, inicia-se uma “caça às bruxas” permeada de mágoas e ressentimentos.

Mas como lidar com situações que não provocamos, mas mesmo assim sofremos as consequências delas?

Não podemos desprezar situações que nos oferecem obstáculos, às vezes, limitantes. Por exemplo, uma criança que sofreu algum tipo de violência na infância está mais prejudicada do que quem não passou por esse percalço. A vitima de um assalto que sofreu graves consequências físicas e emocionais. Pais extremamente violentos, etc. Como nos responsabilizarmos por situações como essas?

O conceito de autorresponsabilidade não significa eximir as mazelas da vida ou os algozes que cruzaram nossos caminhos, significa apenas abarcar toda aquela vivência como nossa. Ou seja, se fui eu a criança violentada, a pessoa assaltada, a que sofria com a severidade dos pais, essa é a minha história e é com ela que vou construir meu futuro.

É como abraçar toda a dor e assumir a responsabilidade de vencer em que pese o passado mesmo tendo sido vítima de alguma crueldade. Quem não consegue assumir isso corre grande risco de se tornar vitimista. Mas é importante diferenciar: vítima é a pessoa cuja fraqueza foi explorada, enquanto vitimista é aquela que, para justificar sua infelicidade, estagna na reclamação e culpa o outro pelo seu sofrimento.

Portanto, mesmo tendo sido vítima de alguma infelicidade, é preciso assumir o compromisso de conquistar um “lugar ao sol” ao qual todos temos direito. 

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