Semana passada falei sobre a depressão e o estrago que ela faz na vida de uma pessoa, chegando inclusive ao auto extermínio. Estamos no mês da campanha Setembro Amarelo com o objetivo de alertar a população sobre a triste realidade do suicídio e debater formas de prevenção.
Por mais que seja difícil entender o que se passa no lado obscuro da mente humana, precisamos tentar ao máximo nos informar sobre o assunto. O autor Andrew Salomon, em sua magnífica obra o “Demônio do Meio Dia”, fez uma ampla investigação sobre o tema e dividiu os suicidas em quatro grupos:
Impulsivos: são os imediatistas, levados ao suicídio por um evento específico; seus suicídios tendem a ser repentinos. Sua impulsividade o impede de pensar em outras alternativas.
Ressentidos: são os que cometem suicídio como uma espécie de vingança. O pensamento é: “vou morrer e você viverá com remorso”. Se matam para que o outro sinta culpa.
Desesperançosos: para estes a morte parece ser a única solução pois acreditam que a dor nunca vai passar. São os que planejam sua morte, escrevem cartas e se organizam. Geralmente acreditam não somente que a morte vai melhorar sua condição, como também as dos demais, pois se sentem um fardo para as pessoas que os amam.
Pragmáticos: estes cometem suicídio usando a lógica racional, devido a uma doença física, instabilidade mental, condição financeira desfavorável ou outras mudanças nas circunstâncias de vida e por pragmatismo só enxergam a morte como solução.
Mas é importante saber que por trás de um suicida tem um quadro depressivo que, sem forças para dar sentido à sua vida, opta por exterminá-la. Dessa forma é fundamental entendermos as alternativas para tentar ajudar quem se encontra numa depressão:
- Medicação: geralmente a forma mais buscada e com um bom resultado. O remédio entra ajudando a recaptar os neurotransmissores que baixaram sob o impacto do estresse e, assim, restaurar a química cerebral. É um tratamento longo, que requer constância, paciência e disciplina. É um tratamento, portanto tem início e fim. É preciso usar o ganho extra proporcionado pela medicação para corrigir a causa e aí entra a outra poderosa ferramenta, a terapia.
- Terapia: o acompanhamento psicoterapêutico propõe a organização das ideias. Terapia não é para falar, é para se ouvir e conseguir organizar os pensamentos, que são por natureza caóticos e intrusivos. Uma terapia bem feita tem por base a livre associação de ideias, onde o paciente ao falar se escuta e tem insights, entendimento e mudança de postura. Uma mente sã impacta em todos os aspectos da vida, entretanto sabemos que ela funciona melhor num corpo são e daí a necessidade de se movimentar.
- Atividade física: os benefícios da atividade física são inúmeros e todos comprovados. O desafio é quebrar a inércia e começar. Dependendo do nível da depressão, fica um pouco mais complicado encontrar ânimo. Talvez um bom começo seja unir o movimento a algo prazeroso como o esporte, ou apenas começar de forma mínima e aos poucos ir aumentando. Mas sempre de forma comprometida.
- Fé: estudos comprovam que pessoas com fé têm ao menos 30% a mais de chance de cura, um valor que às vezes supera até o impacto das medicações. Quem confia em algo superior entrega seus problemas e tira de si o controle, que é grande fonte de ansiedade.
Importante saber que depressão é uma doença que tem cura, basta dar o primeiro passo.