Fracassar é sempre uma situação angustiante, pois fere nossa vaidade e rebaixa a autoestima.
A vaidade tem a ver com o fato de estarmos inseridos em sociedade, portanto sempre haverá pessoas sabendo de tal ocorrência, o que nos deixa constrangidos em alguma medida. Já a nossa autoestima fica diminuída em função do juízo de valor que passamos a fazer a nosso respeito. Nos sentimos, portanto, incompetentes.
Com nossa vaidade ferida e autoestima rebaixada perdemos energia perante a vida, ficamos mais reclusos, com a sensação de que só temos permissão para aparecer quando dermos a volta por cima.
Fato é que a vida continua se desenvolvendo no ritmo acelerado, e a pessoa lá parada só faz aumentar ainda mais a sensação de fracasso. Portanto, quanto mais rápido conseguirmos nos livrar do sentimento de perda, vergonha e sensação de impotência, melhor.
Algumas atitudes podem ajudar nessa recuperação:
1- Aceitação: pode parecer banal, mas se tem algo que aumenta a dor é a dificuldade em aceitá-la. A pessoa fica repassando inúmeras vezes a história mentalmente, buscando com lupa onde estava o erro e o que poderia ter sido feito de diferente, etc. Esse pensamento obsessivo indica que o indivíduo não aceitou o fato. Aceitar não é concordar ou ser indiferente; significa apenas desapegar do que passou e focar no que pode ser feito daqui para frente.
2- Se perdoar: significa entender que você agiu de acordo com a sua possibilidade, e se acolher com mais gentileza e menos autocobrança.
3- Estabelecer rotina: isso significa organizar as tarefas e se comprometer a cumpri-las. Frente a um fracasso é comum a pessoa ficar parada, sem ânimo de seguir em frente. A disciplina traz uma direção.
4- Ajuda profissional: algumas vezes é preciso um auxílio extra para sair do buraco emocional. Terapia e medicação são recursos que estão disponíveis justamente para essa finalidade, e se recusar a utilizá-las acreditando que isso é sinônimo de fraqueza é uma maldade para consigo mesmo.
5- Desconexão virtual: quando um indivíduo está se sentindo diminuído, geralmente tende a se recolher e a fazer uso de prazeres fáceis como internet, televisão, vídeos, séries e distrações que já chegam prontas. Dificilmente um indivíduo cabisbaixo quer ler um bom livro; prefere algo pronto para distrair a mente. Porém, essas distrações, além de efêmeras, pioram ainda mais, tendo em vista a fragilidade do indivíduo que acaba se comparando a outras pessoas, se jogando mais para baixo ainda; recebe conteúdo de baixa qualidade, que em nada acrescenta, a não ser tomar tempo que poderia estar sendo melhor utilizado.
6- Auto-responsabilidade: isso significa responder, com honestidade à seguinte pergunta: qual a minha responsabilidade na desordem na qual me encontro? Essa resposta não tem o objetivo de se autopunir, mas sim mapear o ponto do aprendizado.
7- Cuidados físicos e psíquicos redobrados: na dor devemos empenhar mais esforços no dia a dia, pois isso impactará diretamente na velocidade da recuperação. Faço a analogia com um barco num rio: em condições normais precisamos dar apenas uma remada para ele se manter estabilizado e não ser levado pela correnteza. Entretanto, quando estamos frágeis, nossa vontade é parar de remar, afinal, estamos sem força, cansados e querendo ficar quietos. Mas, se assim deixarmos, esse barco navega sozinho e acaba tendo um desfecho ruim. Dessa forma, precisamos assumir o comando do remo e com mais intensidade. Isso significa redobrar os cuidados com o corpo, a mente e a alma.