Crescemos aprendendo que para vencer é preciso ultrapassar limites, ir até o final, não desistir. Seja qual for o desafio, a premissa é a mesma: não desista.
De fato, concluir aquilo que nos propomos ou queremos tem um retorno muito gratificante, principalmente no quesito emocional - nos fortalecemos cada vez que superamos obstáculos, vencemos as dificuldades externas e ou internas e acreditamos cada vez mais no nosso potencial. A questão se complica quando a luta não mais se justifica. Difícil é conseguir saber qual é esse momento.
Insistir naquilo que não está sendo produtivo é como manter aberta uma empresa que faliu e todo mês acumula prejuízo, nos fazendo contrair uma dívida difícil de ser paga. E isso se aplica de questões objetivas até subjetivas, como relacionamentos falidos, onde as pessoas vão suportando a convivência de forma infeliz, chegando, muitas vezes, a quadros depressivos e outras mazelas que uma vida de insatisfação traz.
No ambiente profissional isso também pode ocorrer, quando um funcionário almeja uma carreira, se doa para aquele projeto, porém na hora de ser promovido a empresa seleciona outra pessoa e não valoriza quem tanto faz pela organização.
Todos esses exemplos nos convidam a refletir até que ponto devemos insistir em situações quando percebemos que a via é de mão única. É o famoso “murro em ponta de faca”. Há uma frase atribuída à cantora Nina Simone que diz: “precisamos aprender a sair da mesa quando o amor não mais está sendo servido”. Mas difícil é colocar isso em prática. Geralmente, o que ocorre é um fenômeno oposto: quando o amor não é mais servido, aí é que as pessoas se empenham mais. Isso ocorre tanto por vaidade – o ego ferido não quer perder e fica dobrando o empenho na conquista – quanto pelo prazer que o desafio oferece – nesse caso, não é mais o desejo em si que move o sujeito, e sim a dificuldade. Não raro ouvimos as pessoas falarem: agora virou questão de honra.
Lutar e vencer é nobre, mas escolher as lutas possíveis e honestas é muito mais nobre e inteligente. Abandonar a luta quando a mesma não se justifica é uma grande demonstração de amor próprio.
A pergunta que fica é: você está lutando por algo que deveria parar?