Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Mudança, um desconforto necessário

Publicado em 30/06/2022 às 06:00.

Os que desejam evoluir emocionalmente precisam também estar dispostos às mudanças. É comum desejarmos um objetivo mas não querer fazer muito esforço para alcançá-lo. Se assim for, não sairemos do lugar!

Muitas vezes nos percebemos estagnados em lugares desconfortáveis, doloridos, porém sem forças para sair de lá. Um exemplo disso é o estado de ansiedade que tanto nos atrapalha. Reclamamos, afirmamos que queremos nos livrar dela, porém passa anos e estamos da mesma forma, se não estiver pior. Mas isso não ocorre só no campo das emoções não.

Outro exemplo pode ser o trabalho. Muitas vezes estamos insatisfeitos com nosso emprego, com a atividade que exercemos e com o salário que recebemos, porém continuamos ali parados, sem muito movimento para buscar mudança. 

A estagnação em zonas de (des)conforto ocorre em várias áreas da nossa vida, desde o estado de ansiedade cultivado por nós até emprego ruim, casamento falido, amizade vazia, etc. Suportamos o desnecessário. Em nome de quê? De nada, a não ser  sentir raiva. Mas, seguindo a lógica de Freud que diz que quando a dor é maior que o ganho, o indivíduo muda, talvez essas dores não estejam tão doídas assim. Ou então o ganho em permanecer parado supera a dor. 

De fato, sair de lugares desfavoráveis, mas já conhecidos, é difícil mesmo. O movimento é árduo, requer privações, descondicionamentos, aprendizados, humildade, e nem todos estão dispostos a esse especial “recomeço”. 

Além disso há um fator emocional forte; toda mudança é um embrião de um possível fracasso. Dessa forma, muitos optam por ficar parados onde estão ao invés de arriscar buscar aquilo que não está garantido. 

A insegurança aumenta quando o indivíduo está inserido num contexto desfavorável, como, por exemplo, um ambiente familiar pouco acolhedor ou de pessoas que também sentem medo de mudar e não estimulam a coragem, ao contrário, disseminam a cultura do medo: “não troque o certo pelo duvidoso”; “cuidado, quem tudo quer, nada tem”; “melhor um pássaro na mão que dois voando”. Indivíduos que são influenciados por familiares negativos ou pessimistas tendem a absorver, em algum nível, esses medos, vivendo refém deles. 

Realmente mudar não é fácil, requer ruptura de várias “seguranças ilusórias” e uma certa dose de ousadia. Mas, mesmo não sendo fácil, é preciso saber que é possível e está ao alcance de todos. Os que conseguem saem emocionalmente fortalecidos. Em termos de gratificação, bem-estar, autoestima não há dinheiro que pague. Vale a pena tentar! 

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