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Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Pessoas aguerridas

Publicado em 10/07/2025 às 06:00.

O termo “aguerrido” se refere a alguém que tem preparo ou é treinado para guerra; que está acostumado a condições de luta. 
Há pessoas cuja  forma de levar a vida é assim, sempre preparadas para guerra. Uma simples situação cotidiana deságua num embate; nada é suave, tudo é sempre uma oportunidade de iniciar uma luta. É como estar sempre armado para combater o “inimigo”, porém quase tudo é interpretado como  inimigo. 

Esse comportamento costuma surgir na infância e algumas situações podem estimulá-lo. Tais como:

- crianças que recebem muitas críticas dos pais e por isso acabam se sentindo desprotegidas vão, aos poucos, desenvolvendo mecanismos de ação e assim aprendem a viver armadas. 

- crescer em lar desestruturado, onde os filhos presenciam brigas constantes entre os pais e acabam incorporando essa forma de ser; copiam o modelo agressivo e se desenvolvem assim. 

- ambiente instável ou hostil: educação com punições severas pode fazer a criança sentir que precisa se proteger o tempo todo. Aprende que o mundo não é seguro e que qualquer coisa pode virar um ataque, então desenvolve um “escudo” emocional.

- falta de validação emocional: ocorre quando os sentimentos da criança são ignorados ou invalidados com comandos: “para de chorar”, “isso não é nada”, “não quero nem saber o que aconteceu”.

Esse tipo de fala não permite que a emoção da criança seja considerada. Como resultado, ela pode crescer com a sensação de que precisa se defender para ser respeitada.

Essas ocorrências da infância podem se somar a situações da adolescência e início da vida adulta, momentos de grande solidão e imaturidade. Se nesta fase o indivíduo também vivenciar experiências sem se sentir amparado, pode aprimorar ainda mais seu comportamento defensivo. Tudo isso se consolida na vida adulta, prejudicando sobremaneira as relações interpessoais. 

Aos que pretendem evoluir e melhorar nessa questão, convém ter consciência de que isso muito mais o prejudica do que traz vantagens. Mas não é isso que eles pensam, ao contrário, acreditam que esse comportamento os protege contra o mundo e que deixar de ser assim, “bravo”, os deixa vulneráveis ao abuso alheio. Mas a verdade é que o estado de guerra é oposto ao estado de paz e o principal prejudicado é quem vive assim: armado. 

Aos que entendem e querem se livrar desse comportamento, é necessário desenvolver uma nova forma de agir que passa pela habilidade de ouvir, ponderar e considerar a forma de pensar do outro sem entender isso como uma ameaça. 

Desarmar implica em, antes de pleitear empatia, aplicá-la ao outro, entender que todos têm um ponto a partir de sua própria visão e que ser pacífico não significa ser bobo, e, sim, sereno. 

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