Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Qual o sentido da vida ?

Publicado em 07/04/2022 às 06:00.

Volta e meia nos deparamos com o questionamento sobre o sentido da vida. Não sabemos ao certo de onde viemos, para onde vamos e o que estamos fazendo aqui. Somos educados recebendo orientações sobre a necessidade de estudar, trabalhar, conquistar bens materiais, regras sociais. No entanto, questões mais complexas, como o sentido da vida, geralmente ficam de fora dessa cartilha. Vamos vivendo e aprendendo, na prática, sobre algumas entrelinhas que não nos são ditas. Além de termos que conviver com o fato de sermos filhos do mistério, ainda somos acometidos por uma constante sensação de incompletude típica da existência: o vazio existencial. 

Com a presença dessas importantes questões: busca do sentido da vida, incerteza do amanhã e o vazio existencial, nos vemos por vezes não só perdidos como também solitários. Um grande equívoco é acreditar que apenas nós sofremos com essas questões. Todos, em alguma medida, somos incomodados e com as dúvidas que não conseguimos responder. Quanto mais fragilizados emocionalmente, mais aumentam nossas incertezas.
 
Dado a esse cenário acabamos por ficar com a responsabilidade de atribuir sentido às nossas vidas. “A vida não tem sentido nenhum, mas não é proibido dar-lhe algum”. Dessa forma, cada um vai escolhendo um caminho que faça mais sentido para si. Muitos buscam esse sentido na realização material, trabalham diuturnamente na obtenção de conquistas, outros se dedicam na formação de família e criação dos filhos, outros encontram seu propósito no trabalho voluntário, na arte, na fé, na religião. Há também a tentativa de tapar o buraco da existência com lazer, consumismo, conquistas amorosas ou inúmeras outras anestesias viciantes que visam aliviar a da realidade. Num primeiro momento, é inegável que essas anestesias trazem alívio, mas a verdade é que temos que conviver com esse “buraco” que habita em nós. E, cada vez que tentamos eliminá-lo, ele parece crescer, mas, se fizermos as pazes com ele, conseguimos administrá-lo.

Essa constatação nada mais é que um convite para dominarmos a nós mesmos. A saída é para dentro. Quando mais conseguirmos obter serenidade, mais adquirimos paz e sabedoria para nossos dias. Essa bandeira branca que acenamos para vida é uma maneira de aceitação, mesmo sem termos as respostas para tantas dúvidas ou incoerências da vida.

É importante ressaltar que aceitar não significa entender, nem tão pouco concordar, mas sim, não relutar contra fatos que estão completamente alheios à nossa vontade. Há um sofrimento extra que deriva da tentativa de controlar a vida. A dor do controlador ainda é grande fonte de revolta e amargura. Nossa energia é para ser usada a nosso favor e não contra algo, muito menos contra lutas perdidas.

Quando aceitamos a vida como ela é e não como gostaríamos que fosse, vivemos com mais paz, tranquilidade e serenidade, que na minha opinião são sentimentos que definem a felicidade e dá um maior sentido a nossa existência. 

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