Certa vez, um rapaz cansado de tanto sofrimento perguntou ao mestre: “Senhor, como eu faço para sair da situação ruim em que me encontro?”. E o mestre respondeu: “Quem te colocou lá?”. Ele, pensativo, disse: “Eu…”.
Eis a questão: se entramos, conseguimos sair. Ou deveríamos conseguir.
Muitas vezes, o que ocorre é que superestimamos o problema e subestimamos nossa capacidade de nos livrar dele. É como se fôssemos corajosos só para entrar em enrascadas, mas fracos para sair.
De fato, isso tem lá sua lógica. A intensidade do sofrimento é tão grande que nos dá a sensação de incapacidade. Sofremos tanto que acreditamos, equivocadamente, não ter forças suficientes para superar o problema. O que não é verdade.
E exemplos não faltam. São inúmeras as histórias de superação de pessoas que perderam a condição em que se encontravam, seja bens materiais, emprego ou até outras questões mais impactantes, como deficiência física derivada de acidentes, e tiveram forças para recomeçar se percebendo ainda mais fortes. Os atletas paraolímpicos são grandes exemplos de força e superação.
Temos, dentro de nós, uma fortaleza, geralmente intocada. Não sabemos a nossa real capacidade até lançar mão dela. A tão falada resiliência só é conhecida quando usada. Indivíduos resilientes apresentam algumas características mais desenvolvidas, como criatividade, ação, mas a mais marcante talvez seja o otimismo. São pessoas que conseguem ver a oportunidade na dificuldade, são positivos, gratos pela oportunidade do recomeço e confiantes no futuro, mesmo sem ter um cenário favorável. É uma competência diferenciada para lidar com as grandes e pequenas frustrações e contratempos da vida. Caem e levantam rápido pois não têm vocação para lamúrias e também não deixam os acontecimentos desviarem seu planejamento maior. Conviver com pessoas assim é até um aprendizado, uma excelente inspiração.
Mas a pergunta que não cala é: como fazer para ser assim?
Essa força que nos impulsiona pode ser estimulada na infância, por isso é preciso estar atento pois crianças superprotegidas e isoladas dos problemas do cotidiano deixam de “treinar” sua capacidade de enfrentamento ou “herdam” os medos dos pais.
Mas quem não foi estimulado na infância não está condenado a viver assim. A nossa potência emocional pode ser autodesenvolvida ao longo da nossa vida, bastando que haja o treino constante. É importante ter em mente que a capacidade de superação de um indivíduo não está ligada a nenhum traço de personalidade ou caráter, e sim a um processo de aprendizagem e enfrentamento. Portanto, é algo que está ao alcance de todos.