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Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Você faz o que precisa ser feito?

Publicado em 12/06/2025 às 06:00.

Esta é uma pergunta importante para investigar o nível de organização e disciplina na vida de uma pessoa: “estou fazendo o que precisa ser feito ou apenas o mínimo”?

Muitos de nós não estão satisfeitos com as próprias condutas - sabem que poderiam fazer mais por si, no entanto tropeçam na procrastinação, preguiça, desorganização, devaneios e prazeres momentâneos que roubam o tempo. Seguem insatisfeitos, fazendo promessas que não conseguem cumprir. 

Mas por que nossas vontades caminham para o lado oposto das nossas condutas? 

Isso se deve a alguns fatores, muito enraizados como maus hábitos, por exemplo. A pessoa acostumada a chegar atrasada aos compromissos adquire condutas que, ao longo do tempo, tornam-se caminhos neurais sedimentados e portanto um padrão comportamental. Algo muito forte se instala no modo de agir dessa pessoa, logo fica muito difícil quebrar tal hábito com uma simples promessa de que não irá agir mais assim. Afinal, foram anos ensinando os neurônios a fazer dessa maneira, não será através de um comando de voz que, imediatamente, eles aprenderão um novo caminho. 

Mudar dar trabalho e requer empenho, disciplina, persistência e principalmente vontade - o mais importante deles. 

Muitos dizem querer algo, mas na verdade não querem de fato. Explico melhor. Quando a prédica (aquilo que digo) está desalinhada com a prática (aquilo que faço), o que eu faço é o que aponta minha vontade. Por mais que seja difícil admitir, a verdade é que eu quero aquilo que faço e não aquilo que falo. Quando falo isso a alguém no consultório, não recebo uma boa adesão. Quem ouve logo se defende: “discordo, quero muito, só não estou conseguindo”. 

É difícil admitir que falamos mentira para nós mesmos. De fato queremos muito algo, mas se não estamos fazendo por onde aquele querer não passa de uma queixa, de uma lamúria, ou de um vitimismo - pobre de mim, quero muito mas não consigo. 

Poucos são os que, de fato, estão dispostos a passar pelo crivo estreito da privação. A busca pelo atalho - aquele caminho que nos leva ao destino sem muito esforço - é uma artimanha mental que nos sabota e nos deixa na zona de conforto e lamentação. 

Aos que aceitam que a verdade do  nosso querer está na conduta e não no discurso, inicie o primeiro passo da mudança, que passa inevitavelmente pela disciplina. 

Está cheio de livros com métodos sofisticados ensinando como criar uma rotina e ter disciplina. Alguns tão complexos que o indivíduo desanima, pois se vê muito aquém daquela organização. Para simplificar a questão e iniciar o processo de mudança, uma regra é infalível, é o que chamo de “cláusula inegociável”. Escolha quais serão suas cláusulas, que não poderão ser descumpridas. Isso não significa radicalismo, apenas criação de novas conexões neurais. A “cláusula inegociável” pode ser, por exemplo, o horário de acordar, que quando estabelecido precisa ser cumprido e não negociado - é como uma conta de luz que se não for paga no dia tem multa e se demorar mais, tem corte. 

Algo muito poderoso no caminho da mudança começa quando você promete e cumpre para si mesmo. Além de ser o pontapé para a disciplina, ainda é um grande estimulador da autoestima, pois há um verdadeiro orgulho de si mesmo. Faça e verá o resultado! 

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