Simone DemolinariPsicanalista com Mestrado e dissertação em Anomalias Comportamentais, apresentadora na 102,9 e 98 FM

Você possui reserva emocional ou vive no limite?

Publicado em 05/05/2022 às 06:00.

É comum termos a preocupação em adquirir uma reserva financeira para não passar o mês no vermelho e não contrair dívidas. Fazemos planilhas, contas e chegamos à conclusão de qual valor é necessário economizar mensalmente para manter uma boa saúde financeira. Muitas vezes buscamos até um complemento de renda por outras fontes. De uma forma mais ou menos organizada, as contas são sempre uma pauta constante na vida da maioria das pessoas.

No campo emocional não temos esse mesmo cuidado, mas deveríamos. Viver sem nos preocuparmos com a manutenção da nossa saúde emocional é uma irresponsabilidade para conosco, pois “quebrar” emocionalmente pode ser tão ou mais danoso que financeiramente.

Alguns comportamentos podem ajudar a evitar a falência emocional.

1. Evitar desperdício paciência

Sim, paciência é um bem finito, quanto mais usamos menos temos. Portanto, se faz importante avaliar situações evitáveis que nos gerarão desgaste. Preservar-se para não se aborrecer desnecessariamente é grande demonstração de inteligência.

2. Assumir a responsabilidade da organização da própria vida e não terceirizá-la ao outro ou ao acaso

Nossa vida é como nossa casa: se ela está desarrumada, somos nós os responsáveis. Se nos depararmos com moradores indesejados, cabe a nós mandá-los embora. Se não governarmos nossa própria morada, quem o fará? Procrastinação, medos, indisciplina são moradores indesejados em nossa casa. Temos sempre a opção de trabalhar para expulsá-los ou deixar um cantinho para eles se estabelecerem e falir nosso emocional.

3. Uma fonte constante de dreno emocional é estar insatisfeito com as próprias condutas

Você está satisfeito com as suas? Se não estiver, saiba que aí está um gasto de energia e uma fonte de ansiedade.

4. Sustentar alguém emocionalmente sai muito mais caro que financeiramente

Portanto, atenção a quem nos prontificamos a sustentar. Além de esgotar nossa reserva emocional, não contribui com o outro. Ao contrário: há pessoas que, para ajudar, você tem que parar de ajudar.

5. Investir em autoconhecimento para saber nosso limite, nossa força, nosso valor e, de fato, colocar tudo em prática

Isso significa conseguir viver de forma mais honesta consigo, agradar menos o outro, saber falar “não”, aceitar com serenidade as frustrações da vida e perder o medo da rejeição. Só conseguimos essa libertação quando nos conectamos conosco e desapegamos da necessidade de sermos aprovados pelos outros.

6. Outra torneira aberta para o gasto emocional são as atitudes autodestrutivas

Cada vez que nos excedemos, exagerarmos, passamos do ponto, fazemos um gol contra nosso próprio time e destruímos parte da nossa autoestima. Para cada autodestruição tem sempre uma autoconstrução não tão imediatamente prazerosa, mas em termos de satisfação, não tem dinheiro que pague. Cabe a nós virarmos esse jogo.

7. Uma das maiores falências emocionais deriva da ilusão

A ilusão de que o egoísta vai virar generoso, de que a ficha do outro vai cair e ele vai se arrepender, de que um dia a consciência irá pesar. Mudança de comportamento existe, mas não devemos nos iludir que ela virá sem muita dedicação e sacrifício (coisa a que poucos estão dispostos). A nós, cabe tomar decisões com base na realidade. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por