Uma vez decretada a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, que estava autorizado a conceder entrevistas e fazer pronunciamentos, pergunto: onde foi escrito por Moraes que o pronunciamento de Bolsonaro não poderia ser emitido por vídeo-chamada? Vou além, vejam a frase que justificou a prisão de um ex-presidente brasileiro: “Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos”.
É possível aferir periculosidade que justifique uma prisão diante dessas 17 palavras? É claro que não. Por fim, como todas as democracias do mundo e, em especial, a maior democracia de todas, entenderão a prisão do maior líder político conservador da América Latina tendo por justificativa essas suas específicas 17 palavras? Ditadura? Tirania? O fim do Brasil? Embora seja de indignação imensurável, manterei o equilíbrio e vou desenhar o nosso xadrez da geopolítica, para quem ainda não entendeu o presente do Brasil, que de presente só tem a terminologia em seu tempo histórico.
Há quem acredite que, em razão do judiciário “escrever difícil”, o povo não entenderia o momento que o Brasil está atravessando. No entanto, diante da mentira pseudo-sofisticada, o antídoto é destrinchar (para quem ainda não conseguiu entender) que vivemos uma crise jurídica sem precedentes em nossa história, e que a sua gravidade é tamanha que coloca em risco existencial a nossa democracia e o estado de direito.
Aos olhos do presidente bilionário, a imaginação fértil do ministro Moraes ao afirmar isso é tão absurda quanto caricatural. Não sem motivo que Moares foi, exemplarmente, punido com a aplicação da duríssima lei Magnitisky, que existe para penalizar autoridades que são claras violadoras dos direitos humanos. Um juiz ser condenado por uma lei dessa natureza e magnitude certamente é, no caso, uma merecidíssima humilhação pública internacional.
Sigamos aos devaneios: “coação no curso do processo”, “obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa”, “abolição violenta do estado democrático de direito” e “atentado à soberania” são imputados a Eduardo Bolsonaro. Aos que gostam do texto da Lei, representam o artigo 344 do código penal brasileiro - com pena de 1 a 4 anos de prisão, a lei 12.850, de 2013 - com pena de 3 a 8 anos de reclusão, o artigo 359-L do Código Penal - com pena de 4 a 8 anos e, por fim, o artigo 359-I (pena de 3 a 8 anos). Ou seja, essa patifaria poderia chegar a 28 anos de prisão, algo que só poderia ter sido concebido no porão de uma ditadura ou em um hospício.
Agora, é preciso nos indignarmos quando supõem que não haverá quem leia ou traduza à nossa gente, determinados absurdos surpreendentes até para quem já espera o pior desta escória inédita na composição institucional brasileira. E eu li. Logo, observem comigo: coação no curso do processo? O crime, quando respaldado pela lei, o que aqui não se configura, trata do uso de violência ou grave ameaça contra autoridade ou envolvidos no processo judicial, policial ou administrativo a fim de favorecer interesse próprio ou alheio. É citado, para justificar, o aspecto de que Eduardo promoveria sanções contra autoridades ligadas à ação penal no STF que julga Jair Bolsonaro. Ora, o Deputado Federal licenciado tem a caneta na mão, em área fora de seu país, ainda por cima para a tomada de decisões referentes à esfera executiva do presidente norte-americano? É lógico que não.
Portanto, ainda que houvesse uma coação processual, coisa que não existe, certamente ela partiria de Donald Trump (claro, é menos ousado, mas muito mais realista para Moraes tentar prejudicar o Eduardo).
Nessa altura do campeonato, quem ainda não consegue perceber que Alexandre de Moraes está completamente descontrolado e que precisa ser impeachmado corrobora, efetivamente, para a ruína nacional. O descontrole do careca não apenas foi exposto com um dedo do meio para toda a torcida do Corinthians logo após ser sancionado pelos Estados Unidos, como principalmente ao prender Bolsonaro logo depois de ser exposto por um ex-assessor por ter interferido de forma fraudulenta nas provas da perseguição judicial travestida de processo que ele move contra o próprio ex-presidente conservador de 70 anos de idade.
Moraes dobra a aposta como no poker ao jogar um all-in colocando, simplesmente, o futuro do Brasil na mesa! É a conduta mais inconsequente e irresponsável nesse momento. Cabe parafrasear o Deputado Federal e escritor Luiz Philippe de Orleans e Bragança: “Vivemos tempos em que a mentira veste toga, a censura se disfarça de regulação e a manipulação virou política de Estado”. Ou o Brasil interrompe Moraes agora, julgando um dos infindáveis pedidos de Impeachment contra ele (adoraria que fosse aquele que eu mesmo protocolei e anunciado nesta mesma coluna, em primeira mão) ou não restará nada do Brasil para ser salvo. A hora é agora!