Para especialistas, governo terá que agilizar reformas para evitar desgaste

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
01/09/2016 às 07:36.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:39
 (corrida contra o tempo)

(corrida contra o tempo)

Mudar os rumos da economia dentro de um curto período de tempo será o maior desafio para o presidente Michel Temer, com a consolidação do processo de impeachment de Dilma Rousseff. Para especialistas, o humor do mercado vai ser diretamente influenciado pela velocidade com que vão avançar as principais reformas dentro do Congresso.

 tarefa é considerada difícil porque envolve mudança em estruturas extremamente rígidas. Primeiro, o presidente precisará determinar um limite para os gastos do governo em 2017, tendo como baliza a inflação deste ano. A mudança possivelmente encontrará barreiras porque vai propor a desvinculação de receitas específicas a gastos com saúde e educação. 

Outra medida de caráter impopular, mas esperada pelo mercado, é a aprovação da reforma da Previdência. Como os gastos com aposentadorias estão entre as maiores despesas do governo, a ideia é mexer nessa conta para conseguir uma adequação das finanças públicas.

No entanto, a tentativa de fixar uma idade mínima comum para homens e mulheres se aposentarem, assim como desvincular o salário mínimo do piso pago aos aposentados são medidas que vão enfrentar enorme resistência popular. 

“Mesmo com a mudança de presidente, a base política continua sendo a mesma. Portanto, essas reformas ou serão recusadas ou vão amargar no congresso por um longo prazo, o suficiente para deteriorar ainda mais as expectativas (do mercado)”, avalia o presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Pedro Paulo Pettersen.

Moeda

Com a efetivação de Temer como presidente da República, a tendência é de valorização do real frente ao dólar. Segundo Pettersen, isso deve ser motivado pela maior entrada de capitais no país.

“De um lado, (o real valorizado) ajuda no combate à inflação, mas é péssimo para a economia porque torna as importações mais baratas e enfraquece ainda mais a indústria nacional”, explica o economista.

Representantes de setores da indústria defendem que a redução da taxa de juros e a simplificação da carga tributária estejam entre as prioridades do governo que se inicia com o desfecho do impeachment. A gerente executiva da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq/MG), Regiane Nascimento, avalia que é necessário reanimar o empresariado para que a o país volte a crescer. 

“Estamos com um índice de mais de 30% de capacidade ociosa. Ou seja, mesmo que haja uma grande reviravolta, não haverá uma retomada significativa na indústria de máquinas. Não adianta a aplicação de medidas pontuais”, avalia. 

Empresários mineiros cobram ações para retomar crescimento

O presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Olavo Machado, espera que o governo Temer tome agora iniciativas para desburocratizar todo o processo produtivo para que a indústria retome o crescimento.

“Temos muitas normas, portarias, leis. É necessário criar um ambiente de negócios que gere vendas e mercado para atacar o desemprego que está alarmante”, disse Machado, acrescentando que o governo deve desenvolver ações para tornar menos burocrática as estruturas trabalhista, tributária e previdenciária.

O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, comemorou o impeachment e cobrou medidas de Temer no comando do país, como o ajuste fiscal e reforma da previdência. A entidade voltou a rechaçar qualquer aumento de impostos e cobrou do Banco Central a redução da taxa de juros e um controle do câmbio para não prejudicar as exportações.

“O equilíbrio fiscal deve ser feito sem aumento de impostos. Os brasileiros não admitem aumento de impostos”, disse.
Já o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, Bruno Falci, afirmou que é necessário restaurar urgentemente o equilíbrio econômico e político do país. “É preciso que o novo governo recupere a confiança dos investidores, dos empresários e da população”, disse.

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