Patrimônio que vem das águas e deve ser bem cuidado

Hoje em Dia
13/12/2013 às 06:16.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:46

O Hoje em Dia publicou, na quinta-feira (12), interessante caderno especial de 16 páginas sobre Belo Horizonte, uma cidade cuidadosamente planejada que foi oficialmente inaugurada há 116 anos e que, desde então, não para de ser reinventada por seus moradores. Para marcar a data, também a prefeitura programou 13 eventos, dos quais se destaca o realizado no Museu de Arte da Pampulha.

A prefeitura, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) assinaram, durante esse evento, uma Carta de Intenções. Se concretizadas, essas intenções podem ajudar a Pampulha a conquistar, em 2015, o título de Patrimônio Mundial, concedido pela Organização Para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas (Unesco).

É um título importante. Reconhecida como Patrimônio Mundial, a Pampulha ganha projeção e isso se reflete no aumento do número de turistas e na economia da cidade. E a prefeitura e outros órgãos públicos terão mais justificativa para investir na preservação da Casa do Baile, do Museu de Arte, do Iate Clube e da igrejinha de S. Francisco de Assis, nascidos na década de 1940 do gênio arquitetônico de Oscar Niemeyer, completados pelos talentos artísticos de Portinari, entre outros.

Mas esse conjunto arquitetônico e artístico, por mais importante que seja, não é suficiente para garantir à Pampulha um título que será disputado por sítios localizados em muitos outros países. Muitos serão os candidatos, poucos os escolhidos. O gênio de Niemeyer já foi reconhecido pela Unesco, em 1987, quando declarou patrimônio mundial o Plano Piloto de Brasília.

Além deste, conquistaram esse título 18 regiões notáveis do Brasil, entre elas três em Minas: a cidade histórica de Ouro Preto, em 1980; o conjunto do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (1985), e o centro histórico de Diamantina, em 1999.

O conjunto da Pampulha é parte indissociável da lagoa. Portanto, a despoluição de suas águas terá influência na escolha, por mais que se diga o contrário. A Carta de Intenções assinada na quinta frustrará milhões de moradores, se as autoridades não ficarem atentas a essa questão.

Num dos artigos do caderno especial de quinta, o autor rememora “o cheiro de Belo Horizonte”, bastante sensível na década de 1970. E revela que o “perfume sutil e inesquecível” tinha como origem as magnólias, que, no passado, foram plantadas em grande número pela prefeitura, nos espaços públicos.

Seria esperar muito que aquele perfume se tornasse característico também da Pampulha, agora que ele já não representa o cheiro da cidade. Mas não é um sonho impossível que o atual mau odor que exala das águas poluídas da lagoa desapareça para sempre. Escolhida ou não Patrimônio Mundial.
 

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