Perigo na balança: obesidade provoca doenças e diminui expectativa de vida de cães e gatos

Patrícia Santos Dumont
13/08/2019 às 12:02.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:58
 (Divulgação)

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Problema crescente no Brasil – onde avançou 68% num intervalo de 12 anos –, a obesidade vem se tornando vilã também dos pets. Resultado principalmente do manejo inadequado, consequência do excesso de humanização de cães e gatos, desencadeia uma série de doenças, incluindo tumores, e ainda reduz a expectativa de vida dos mascotes de quatro patas.

Pesquisa recente realizada na Inglaterra mostrou redução de até dois anos no tempo de vida de cães obesos em relação aos que estavam com os ponteiros da balança em “ordem”. Como se não bastasse, além de viverem menos, têm a qualidade de vida prejudicada. 

“Problemas endócrinos, como a diabetes (comum em gatos), respiratórios, ortopédicos, dermatológicos e neoplasias. A obesidade também dificulta a avaliação clínica e aumenta riscos anestésicos e cirúrgicos”, alerta a veterinária Lívia Geraldi Ferreira – doutora em fisiologia e metabolismo animal com ênfase em nutrição de cães e gatos –, enumerando algumas das consequências do sobrepeso. 

A profissional observa que raças como labrador, beagle e cocker spaniel parecem ser mais predispostos à doença. O que não significa, porém, que tutores das demais possam descuidar, sobretudo com a alimentação dos bichos de estimação. Renata Landi Paulino sabe bem disso. Mãe de Valentina, de 3 anos, precisou rever a dieta da golden retriever. “A gente dava de tudo, principalmente pão. Era um inteiro. E ela, claro, não recusava nada”, conta a empresária. 

Depois de consultar uma profissional especializada, mudou a ração, escolhendo um tipo específico para cães obesos, e passou a porcionar e pesar as refeições – duas por dia. A mudança de conduta da tutora com a pet refletiu na balança: dez quilos a menos em cerca de sete meses.

“Escolha da ração deve considerar idade, nível de atividade, situação reprodutiva e corporal do animal” - Marina Madeira, especialista em endocrinologia e metabologia de pequenos animais

Diagnóstico

Veterinária especializada em endocrinologia e metabolismo de pequenos animais, Marina Madeira explica que o diagnóstico da obesidade é praticamente todo feito a partir da avaliação corporal. Segundo ela, embora o porte influencie, quanto mais velho o cão ou o gato, menor o gasto calórico dele e, portanto, maior a chance de ganhar peso. 

“A castração também pode reduzir os hormônios relacionados ao catabolismo de tecido adiposo, aumentando o depósito de gordura e diminuindo o metabolismo”, acrescenta a profissional, responsável pelo setor de endocrinologia do CentroVet, em Belo Horizonte.

Embora predisponha ao ganho de peso, a cirurgia é indicada para evitar tanto a superpopulação de cães e gatos quanto o surgimento de doenças de útero e próstata, como infecções e câncer. O ideal, segundo a veterinária, é submeter o animal castrado a uma dieta menos calórica e aumentar o nível e a frequência de atividade física. Maurício Vieira

NA MEDIDA - Valentina perdeu dez quilos graças à dedicação da tutora, Renata Landi Paulino, que calcula as refeições na balança e riscou o pão de sal do "cardápio" da golden

Escolha do alimento deve ser baseada nas condições do animal; ler o rótulo é importante

Emagrecer os pets é tarefa relativamente fácil, asseguram especialistas. Uma dica interessante é optar pelas rações super premium, elaboradas com ingredientes nobres, melhor absorvidos pelo organismo do animal. Ficar de olho na indicação do produto – para filhotes, raças pequenas ou animais obesos, por exemplo – também faz diferença. 

“Normalmente são mais caras (super premium), mas a quantidade que se oferece ao animal também é menor. Devido à boa digestibilidade dos alimentos, há pouca perda nas fezes. Então não sai tão caro”, ressalta a veterinária Marina Pellegrino, especialista em endocrinologia de pequenos animais. 

A profissional reforça que é importante evitar a oferta de petiscos e alimentos inadequados à fisiologia de cachorros e gatos, contando, sempre que possível, com a orientação de um especialista para montar o cardápio ideal. A recomendação vale principalmente para tutores que optaram por dieta com comida natural. 

Dieta ajustada

Foi justamente o que procurou fazer a relações públicas aposentada Marisa de Fátima e Silva, tutora de Dick, vira-lata de 9 anos. “Ele foi resgatado na rua e depois de uns 5 anos começou a engordar muito. Tornou-se apático, sem energia”, lembra. Orientada por uma especialista em nutrição animal, ajustou tanto os alimentos quanto as quantidades ofertadas ao pet, acostumado a comida “de verdade”. 

“Ele passou por vários veterinários e fez dietas equivocadas, até com homeopatia tratou. Mas nada deu resultado. Em apenas quatro meses com a dieta nova, já perdeu quatro quilos. Ainda faltam dois ou três”, comemora Marisa, que pesa os alimentos e serve tudo com hora marcada. 

Equilíbrio

Tutora da gatinha Catarina, de 3 anos e meio, a vendedora Carolina Muggiati dos Santos também precisou entrar na linha para reverter o peso da mascote, um quilo e meio acima do ideal. A estratégia foi dificultar o acesso à comida, “escondida” em brinquedos. “À medida que vai comendo, faz exercício”, conta Carolina. A moça também incrementou as refeições da gata com patês úmidos, menos calóricos que a ração convencional.

Especialista em fisiologia e metabolismo animal, a veterinária Lívia Ferreira explica que alimentos formulados especificamente para a redução de peso devem ser priorizados no tratamento da obesidade. Geralmente, apresentam menor proporção de gordura e maiores proporções de proteína e fibra, além de ingredientes funcionais.Riva Moreira

REVIRAVOLTA - Dick começou a engordar há 4 anos. Além de remédio, recebe as refeições na hora certa e já perdeu quatro quilos, conta a dona dele, Marisa

Editoria de Arte

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