
A Polícia Federal começou a investigar o caso envolvendo a transação milionária que resultou na troca de tiros entre policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo na cidade de Juiz de Fora, na Zona de mata, na última sexta-feira (19), quando um agente mineiro morreu baleado. Um empresário, que era dono da empresa de segurança que fazia a escolta de um empresário paulista, também foi baleado e morreu dias depois. Um terceiro ferido permanece internado.
De acordo com as investigações da Polícia Civil de Minas, um empresário paulista seguiu de helicóptero para Juiz de Fora, onde trocaria dólares por reais com um empresário mineiro. Para fazer a transação, ambos contrataram seguranças "vips". O paulista estava escoltado por nove seguranças, sendo oito policiais de São Paulo. Já o mineiro estava recebendo a proteção de policiais civis de Minas.
Durante a transação, porém, alguém constatou que parte do dinheiro era falsa, momento em que teria iniciado o tiroteio. Com os envolvidos foram encontrados R$ 15 milhões, sendo que R$ 14 milhões eram em notas falsas.
O empresário paulista deixou a cena do crime em uma aeronave particular com destino a São Paulo. Dias depois ele se apresentou à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo e negou que estivesse fazendo uma transação ilegal. A Polícia Civil de Minas Gerais aguarda resultado da perícia para saber de quais armas partiram as balas trocadas no tiroteio.
Desde o dia do crime, o caso estava sendo investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais. A Corregedoria da polícia paulista também abriu inquérito para apurar a conduta dos agentes daquele Estado que faziam "bico" como segurança, prática que é proibida pela corporação.
Nesta semana, o Ministério Público de Minas informou que criou uma comissão especial para investigar o caso. Agora, a PF também apura o crime envolvendo cifras milionárias com dinheiro falsificado. A PF já apura se o caso tem ligação com uma quadrilha que aplica golpes com cédulas falsas em pessoas de todo o país e tem base na Zona da Mata mineira.
Segundo o delegado Ronaldo Campos, titular da PF na cidade mineira, um inquérito foi aberto em novembro e está em sigilo. Nesta semana, o ouvidor das polícias de São Paulo, Benedito Mariano, pediu atuação federal nas apurações do tiroteio. A solicitação acabou anexada a esse procedimento.
Falsificações
A investigação federal teve início após um ourives trocar 200 gramas de ouro e US$ 25 mil com um suposto comerciante de Belo Horizonte, por R$ 250 mil. Posteriormente, o ourives descobriu o golpe quando foi depositar o dinheiro falso em uma agência do Banco do Brasil na cidade. Na sequência, os federais já rastrearam vítimas de São Paulo, do Recife e de outras cidades mineiras. Juiz de Fora seria justamente o local onde os negócios eram fechados.
A grande dificuldade da investigação, até agora, é que o dinheiro das vítimas, em geral dólares, teria origem ilícita e não declarada à Receita Federal. Assim, quando se tornam vítimas, os donos do dinheiro não procuram a polícia. A origem dos recursos ilícitos também é objeto de outras investigações da Polícia Civil mineira. (Com Estadão Conteúdo)
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*Com Renata Evangelista