'A moda é o instrumento perfeito para a contestação', afirma Ronaldo Fraga no Minas Trend

Flávia Ivo
09/04/2019 às 17:08.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:09
 (Sebastião Jacinto Júnior/Divulgação)

(Sebastião Jacinto Júnior/Divulgação)

"Em tempos áridos, só seremos salvos pela poesia", reflete o mineiro Ronaldo Fraga, que está à frente da direção criativa do Minas Trend há um ano. A afirmação faz parte da construção do tema da 24ª edição do evento, “Em Dias de Sol”. O salão de negócios de moda acontece no Expominas até sexta-feira (12).

“A moda é um instrumento perfeito para contestação. Está em constante mudança e é a melhor representação de um tempo. Fato é que precisamos democratizar a moda, mudar a forma de criar e comercializar", observa o estilista.

O objetivo de Fraga com a temática era romper com o bombardeio de notícias ruins que assolam o Brasil nos últimos tempos e apresentar luz e esperança em dias melhores, como os dias passados em uma praia. "O mineiro tem paixão por praia e tudo isso é um estado de espírito. Nas ilustrações de divulgação do evento, pensamos em uma Pampulha transformada em praia. Como seria?", provoca Ronaldo.

Apatia

Durante coletiva de imprensa no Expominas, o estilista "alfinetou" o público presente no desfile de abertura dessa segunda-feira (8) que, segundo ele, mostrou apatia.

"Vivemos uma apatia generalizada, um medo de consumir. Ontem, apresentamos um show de dois ícones da música, Zélia Duncan e Jaques Morelenbaum, cantando a obra de um dos compositores mais expressivos de Minas, que é Milton Nascimento. E ninguém aplaudiu de pé, era o mínimo. Temos um problema em acreditar que é normal isso, assim como ter um complexo de Oscar Niemeyer aqui pertinho abandonado, uma natureza exuberante devastada… São tempos mal educados estes que vivemos", disparou.

Alterações

Desde que assumiu a direção-criativa do evento, pouco depois que a atual presidência da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) tomou as rédeas da entidade, Ronaldo Fraga vem propondo mudanças e conseguindo implantá-las.

Na última edição, em outubro de 2018, já havia muita percepção dessas alterações e, agora, nesta, ainda mais em função da abertura de desfiles e palestras ao público. “É um evento importante para a cultura mineira. O que parecia uma loucura 10 anos atrás, hoje conseguimos realizar. Precisamos abrir portas, estabelecer diálogos com quem nunca dialogamos”.

Questionado se as mudanças implementadas agora serão duradouras frente a eventuais trocas de comando, o estilista afirma: “com certeza”. “O público e os expositores cobrarão de quem estiver aqui, pois não irão aceitar menos. Assim deveria ser o Brasil. Direito adquirido é coisa séria”, finalizou. 

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