Aperta, estica, puxa e cura: Yoga Massagem Ayurvédica é convite à entrega total

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
01/11/2018 às 14:24.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:33
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

A ideia era fugir de um costume antigo (o de buscar os porquês de tudo) e evitar esgotar o assunto antes de estar, de fato, diante dele. Assim, fui de peito aberto encarar a “missão” de experimentar a técnica, sobre a qual só tinha ouvido falar e visto em fotos. Ao chegar, já me senti convidada a mergulhar na experiência da Yoga Massagem Ayurvédica (YMA). 

Tudo contribuía. A chuva que caía lá fora e o ambiente acolhedor da salinha do “espaço zen”, no bairro Serra, Zona Sul de Belo Horizonte. Ótimos convites para vivenciar e colher os resultados dessa mistura de yoga, massagem e medicina ayurvédica – criada há apenas 40 anos, mas que carrega essa bagagem milenar. 

Desenvolvida pela mestra indiana Kusum Modak, a YMA reúne adeptos no mundo inteiro, sendo, na Índia, muito usada como método de combate a doenças inflamatórias e articulares.

O cômodo onde entrei em contato com a prática tem luz baixa, difusores, velas, cristais e uma musiquinha tranquila, daquelas que nos levam para outro plano. Uma hora e meia depois dessa massagem diferente e ativa – afinal o cliente é, junto com o terapeuta, quem dita o ritmo – sobraram bem-estar, leveza e mais conexão com o corpo.

Professor de yoga e terapeuta corporal, um dos poucos da capital que atuam com a técnica indiana, Orion Shiva Das (nome espiritual que significa servo de Shiva, deus hindu da transformação) explica que na YMA a respiração é linha condutora do trabalho. Caminho para a leveza corporal, já que destrava nódulos e rigidez musculares, a YMA também leva à meditação intensa. O tempo todo fui estimulada a manter a respiração ativa em um compasso perfeito com os movimentos do profissional e total consciência no momento presente.Fotos Lucas Prates

PASSO 1
Ritual começa com cliente de bruços recebendo toques nas costas, pescoço, braços, mãos e dedos. Além de óleo vegetal, escolhido conforme o dosha (típico físico, segundo a medicina ayurvédica) do cliente, o terapeuta usa o pó Vekhand, extraído de uma raiz e que vem direto da Índia - ele esfolia e aquece a pele

A massagem começa de bruços, num despertar do corpo. A pele é bem oleada (usa-se óleo vegetal e um pozinho indiano, cujo cheiro lembra cúrcuma) antes do início das manobras, ora intensas, ora suaves, nas costas, ombros, braços, mãos e até em cada dedinho. A sensação foi de entrega total –pelo menos para mim.

O ideal é usar roupa íntima confortável ou biquini, mas ficar sem a parte de cima, para não atrapalhar o deslize suave das mãos do terapeuta nas costas e ombros. Para mulheres que não se sentem à vontade, a notícia é tranquilizante: quando estamos de barriga para cima, os seios ficam sempre cobertos por uma toalha. Ou seja, nada com que se preocupar. 

O cuidado está muito presente, assim como a importância do toque. É através dele que transmitimos amor, seja pelas mãos ou, no caso da Yoga Massagem Ayurvédica, também pelos pés”, observa Shiva Das.

Surpresa

A manipulação das escápulas foi o que mais me surpreendeu. Achei que os ossos fossem sair do lugar ou se partir ao meio, mas o terapeuta sabe reconhecer os limites de cada corpo e é até lá que vai. A impressão que fica é a de que possíveis desconfortos e até dores são necessários para voltar o corpo (e a gente) para o eixo. Essa é, aliás, a grande sacada da técnica. 

Orion explica que um dos objetivos da YMA é desbloquear os centros energéticos, por onde caminha nossa energia vital. Assim, nos livramos de pesos emocionais, mágoas, travas e até de crenças, mesmo sem consciência disso. 

“Temos aproximadamente 72 mil canais de energia que, por diversos fatores – emocionais, crenças, traumas, pela forma como nos relacionamos com o mundo, pela alimentação ou até pelo que pensamos e falamos – acabam afetados e desequilibrados. Uma vez bloqueados, são como um rio represado. Sentimos dores e desconfortos, quando, na verdade, a questão já estava ali nos fragilizando”, detalha o terapeuta. Fotos Lucas Prates

PASSO 2
Uma das etapas do processo de uma hora e mai inclui pisadas nas costas, braços e manobras feitas também nas escápulas - que são totalmente destravadas. O terapeuta usa um banquinho para "equilibrar" o peso do corpo e se apoia sobre bumbum e outra parte do corpo que estiver sendo manipulada por ele

Pernas e pés

A manipulação dos membros inferiores é capítulo à parte. Além de massageados coxas, panturrilhas e pés, eles são alongados, para dentro, para fora, tensionados para o alto e para o lado e ficam completamente relax no final. Algo diferente de tudo o que eu já havia experimentado. 

E onde entra yoga nisso tudo? Em várias posturas ao longo do processo. A propósito, quem nunca praticou ou se considera “travado”, pode ficar despreocupado. A YMA é excelente oportunidade para se alongar e descobrir os próprios limites. Se alguma coisa incomodar, é só falar. 

Tudo transcorre numa espécie de simbiose entre paciente e terapeuta. Este serve de guia e apoio para alongar braços, costas e pescoço. A dica, aqui, é confiar no profissional, sem medo. 

Apesar de a YMA reunir mais de cem manobras e seguir uma sequência padrão, que começa pelas costas até chegar ao relaxamento, o terapeuta também age de forma intuitiva, conforme o histórico, as queixas e as respostas corporais de cada cliente

Fotos Lucas Prates

PASSO 3
Membros inferiores também são manuseados. Pernas, panturrilhas e pés são alongados para cima e para baixo, para dentro e para fora e ficam completamente relaxados no final das manobras. É preciso ter confiança no trabalho do profissional, que sabe reconhecer exatamente qual é o limite do cliente

Nos momentos finais dessa “viagem” vem o convite para mergulhar ainda mais fundo. Olhos fechados, corpo aquecido sob um cobertor, é hora de assimilar toda a experiência e integrar-se consigo mesmo, incorporando realmente tudo o que foi vivido. 

Diferentemente das massagens convencionais, que proporcionam, a maioria delas, somente relaxamento profundo, mas muitas vezes pouco duradouro, a Yoga Massagem Ayurvédica mostrou-se grata oportunidade de estar presente no próprio corpo, perceber os movimentos dos quais ele é capaz e compreender o que cada um deles significa. Vale a pena para quem busca autoconhecimento, clareza mental e valoriza o autocuidado.

Ma Bodhiguita, referência brasileira na ferramenta, Orion Shiva Das diz que um dos grandes diferenciais do método, construído a partir da parceria e da confiança entre terapeuta e cliente, é desobstruir canais energéticos, e consequentemente, destravar o corpo

Fotos Lucas PratesPASSO 4
Etapa final do processo inclui massagens no pescoço, no rosto e na cabeça e o momento de encerramento, quando o cliente tem a oportunidade de assimilar toda a experiência, em repouso. Nessa hora, terapeuta fica em silêncio e pode entoar um mantra ou tocar um sino tibetano, por exemplo

"A mestra Kussum Modak fala uma coisa que, para mim, é a mais tocante. Nosso corpo é como uma flor. Ao recebermos o toque, vamos nos abrindo, pétala por pétala - Orion Shiva Das, professor de yoga e terapeuta corporal

Orion Shiva Das - (31) 99974-0499
Endereço: Rua Chefe Pereira, 29 - Serra - Belo Horizonte/MG
e-mail: orionbio@hotmail.com

  

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