Boas ideias para compartilhar: novos hábitos de consumo ajudam a salvar o planeta

Patrícia Santos Dumont
30/05/2019 às 09:36.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:53
 (Divulgação)

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Num país onde o índice de desperdício é um dos maiores do mundo, não apenas pensar, mas adotar atitudes sustentáveis pode parecer inviável. Pode, mas não é. Enquanto muita gente ainda fecha os olhos para as necessidades do planeta, há quem promova, dentro de casa, mudanças que fazem muita diferença. 

As bailarinas Carolina Rasslam, de 26 anos, e Janaína Castro, de 41, vêm, aos poucos, modificando hábitos. Em vez de algodão para remover maquiagem, passaram a usar discos de crochê; aboliram as sacolas plásticas e aderiram às retornáveis; substituíram o condenado canudinho descartável por opções reutilizáveis. Isso, só para ficar em alguns exemplos. 

Como forma de influenciarem outras pessoas, também criaram site e conta no Instagram onde compartilham experiências com impacto positivo nas próprias rotinas e nas de quem convive com elas. “Não queremos convencer ninguém de nada, mas mostrar que há opções e que cabe a cada um entender a disponibilidade para elas. É um processo lento, mas necessário”, refletem. 

No grupo de dança em que atuam, por exemplo, os copinhos descartáveis foram aposentados. “Faziam parte do nosso dia a dia e a quantidade era grande. Começamos a usar nossos próprios copos e isso chamou a atenção dos colegas. No fim das contas, os de plástico foram banidos e substituídos pelos de alumínio”, comemora Janaína.Maurício Vieira

Colegas de profissão, Janaína e Carolina mudaram pequenos hábitos do dia a dia: trocaram a bucha comum pela vegetal, usam coletor menstrual no lugar do absorvente descartável e aboliram o copo plástico

Caminho certo

Embora ainda sejam minoria num cenário de pouca preocupação com o assunto, pessoas com atitudes como as de Carol e Jana estão no caminho certo, garante a coordenadora de Conteúdos e Metodologias do Instituto Akatu, Larissa Kuroki. Sediada em São Paulo, a ONG de alcance nacional trabalha mobilizando e conscientizando sobre o consumo consciente. 

“Ainda existe a ideia de ‘Ah, mas sozinho não faz diferença’, que é totalmente equivocada. No nosso dia a dia, há várias formas de impactarmos positivamente. Consumo está ligado a sustentabilidade e se mantivermos nosso padrão nesse ritmo, consumindo 70% mais do que a terra é capaz de regenerar em um ano, não teremos o suficiente para todos”, enfatiza. 

Exatamente por pensar assim, a advogada Gabriela Sallit, de 39 anos, passou a repensar o consumo da família. Mãe de João, 7 anos, Francisco, 5, Antônio, 3, e Maria, 7 meses, procura aproveitar o máximo possível as roupas das crianças, evitando compras desnecessárias. 

“Boa parte das peças foi usada por João, Fran e, depois, por meu sobrinho. É retrógrado pensar que roupa de brechó tem energia ruim. Energia ruim tem roupa produzida com trabalho escravo. A gente precisa fazer um mundo melhor e reaproveitamento diz respeito a isso”. 

Ficou curioso, animado para adotar hábitos com menor impacto ambiental também? Faça o "teste do consumo consciente" do Instituto Akatu e avalie o seu grau de consciência sobre o assunto. Vale a pena! Basta clicar aqui! 

Carne bovina

Ao saber que uma das atividades que mais detonam recursos naturais – a produção de um quilo de carne bovina consome mais de 15 mil litros de água até chegar à mesa – é a pecuária, a universitária Iasmim Camargos Nery Ferreira, de 24 anos, riscou a proteína animal da vida. 

“Aderindo à campanha Segunda Sem Carne (que incentiva a substituição da carne por proteína vegetal às segundas-feiras) já é possível diminuir o consumo de 3.800 litros de água indiretamente. Imagine não comer carne por anos?”. 

Vegano há 1 ano e meio, o engenheiro Lucas Fonseca Rodrigues de Oliveira, de 28 anos, percorre caminho parecido. “Não preciso consumir produtos de origem animal para ser saudável ou praticar esportes. É uma mudança sobretudo de consciência social”, comenta. Ele também não usa sacolas nem copos plásticos e aboliu o canudinho. 

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Cristal Muniz ficou conhecida pela campanha “Um ano sem lixo”. Há cinco anos, decidiu parar de produzir resíduos. De lá para cá, escreveu um livro e mantém canais na web onde partilha experiências

'Faça o que eu faço' estimula mudança em outras pessoas

Militante do Movimento Lixo Zero, a designer catarinense Cristal Muniz, de 27 anos, vem, há quase cinco, provando que é mais do que possível mudar o mundo por meio dos próprios hábitos. Autora do livro “Uma Vida Sem Lixo” – primeiro do Brasil a tratar do tema –, faz alguns dos próprios cosméticos, elabora o material de limpeza usado em casa e aproveita resíduos orgânicos para adubar plantas.

Por meio de um site, criado quando o viver sustentável era só um projeto, e de duas contas no Instagram (@cristalmuniz e @umavidasemlixo), compartilha o passo a passo do caminho percorrido até uma vida “mais simples e feliz”, como define. Para se ter uma ideia, na casa dela não entram mais produtos industrializados usados na rotina de limpeza. 

Com sabão de coco, bicarbonato de sódio e vinagre, a moça elabora a própria receita, eficaz na faxina da cozinha e do banheiro, na limpeza de diversas superfícies e até na máquina para lavar roupas. “A maioria usa detergentes sintéticos, derivados do petróleo e que acabam não sendo biodegradáveis. Gasto R$ 12 por mês, minha casa continua limpa, cheirosa, não agrido o meio ambiente, produzo menos embalagens e irrito menos minha pele e nariz”, coloca.

E se a dúvida for sobre como agir fora de casa, ela responde. “Levo algumas coisas na bolsa, como copinho retrátil, talheres, hashi, guardanapo de pano e, assim, evito embalagens na rua”, descreve no site umavidasemlixo.com, respondendo uma das principais dúvidas de quem se interessa pelo tema. 

Na página e no Instagram, principalmente, Cristal dá dicas quase diárias sobre como driblar a cultura do desperdício reduzindo ao máximo a produção de lixo não reciclável.

Gestão de resíduos

Criado pelo Instituto Lixo Zero, o movimento de mesmo nome estimula a adoção de medidas sustentáveis de gestão de resíduos. Em dois anos, os estabelecimentos associados reciclaram mais de 10 toneladas de matéria-prima.

Conforme o Instituto Akatu, cada brasileiro produz mais de 1 quilo de lixo por dia. Se todo material fosse espalhado pela largura de uma estrada que percorre o litoral brasileiro, em um dia teríamos um “tapete” com 3,5 centímetros de altura. Em um ano, o acesso às praias seria bloqueado por uma muralha de 13 metros de altura.

Quer alguns exemplos de atitudes nossas que, aos pouquinhos, farão enorme diferença na saúde do planeta? Confira:Editoria de Arte

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