Cadeia produtiva da moda depende de diversidade de formações e ofícios

Flávia Ivo (*)
Enviada Especial
03/12/2017 às 06:00.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:01
 (Zé Takahashi/Fotosite)

(Zé Takahashi/Fotosite)

RIO DE JANEIRO - O ensino de ofícios da moda nas instituições técnicas e superiores brasileiras, que não só o estilismo, é essencial para movimentar e aprimorar a cadeia produtiva do setor. É a conclusão a que chegam especialistas do segmento que participaram da 4ª edição do Senai Brasil Fashion, projeto de fomento a novos talentos da moda, que teve o desfile final realizado na última segunda-feira (27), no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

“Na etapa de construção de uma coleção, um modelista é essencial. E as escolas de moda em geral não têm uma formação específica de modelagem, focam na formação do estilista”, aponta Wilson Ranieri, consultor de modelagem do Senai Brasil Fashion. Zé Takahashi/Fotosite / N/A

Criação das mineiras Hellen e Simone

O especialista acompanhou de perto as 12 duplas de estilista e modelista, estudantes de cursos de moda do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de 10 estados brasileiros, que participaram do processo de criação das próprias minicoleções.

Os alunos selecionados nessa edição do programa receberam, além do incentivo financeiro que custeou as peças, o auxílio de quatro estilistas renomados. 
Lino Villaventura, Lenny Niemeyer, Alexandre Herchcovitch e o mineiro Ronaldo Fraga foram os coaches que acompanharam, cada um deles três duplas, o trabalho dos estudantes por três meses, desde a concepção até o desfile das coleções.

Para defender uma roupa, antes de qualquer luz, de qualquer locação, é uma modelo. E esse foi o nosso diamante, nosso casting foi incrível. Além do nosso cenário, que foi o Museu do AmanhãCarlos Pazetto, diretor do desfile do Senai Brasil Fashion

“Antes de qualquer coisa, o nosso papel como coaches é deixar todos no mesmo nível, independente da parte do Brasil da qual eles vieram. Eu sou daqueles que acha que se há um pensamento, um propósito, uma alma por trás de um produto, você pode pegar um pano de chão que faz maravilhas”, destaca Ronaldo Fraga, que mesmo com o pé quebrado e de muletas foi ao Rio prestigiar suas equipes de trabalho.

Gabriel Cappelletti / Agencia Fotosite / N/A

Coaches Lino Villaventura, Lenny Niemeyer, Ronaldo Fraga e Alexandre Herchcovitch

Mudança essencial

Nas edições anteriores do projeto, o designer de moda tinha que terceirizar a confecção ou ele mesmo construir a peça sob a orientação dos professores. 
Desta vez, foram formadas duplas e o resultado, conforme os coaches e os consultores do processo, foi muito superior. 

“Antes, o estilista tinha aquela ideia muito louca e não tinha com quem debater aquilo e até materializá-la”, ressaltou o consultor de comportamento do programa, Jackson Araújo.

Para Daniel Ueda, stylist consultor do Senai Brasil Fashion, a entrada dos modelistas nas duplas reforça a necessidade de valorização desses profissionais no mercado da moda.

Noventa por cento das duplas pediram no casting modelos negras, com cara de brasileira, modelos trans; isso é um reflexo da mudança de comportamento, me emociona bastanteJackson Araújo, consultor de comportamento do projeto

“É uma das peças-chaves para colocar a roupa de pé. Não se dá a importância devida a eles. Hoje, parece que ninguém quer ser modelista”, expressa.

Para Ronaldo Fraga, moda é um trabalho de equipe. “O estilista só chuta a bola primeiro. Agora, com as duplas, vemos uma cumplicidade, um envolvimento. O estilista não é o todo-poderoso, não há trabalho que se sustente se não houver uma equipe por trás”, sentencia.

Mineiras

Hellen Formaggini, de 25 anos, e Simone Soares, 52, representaram Minas Gerais no Senai Brasil Fashion e tiveram como mentor o experiente Lino Villaventura. 

“A Hellen, estilista, sabia o que queria e a Simone é um talento na modelagem. Foi muito fácil trabalhar com elas. Hellen respeitou as minhas opiniões. Eu incentivo os designers e modelistas a irem mais além, sentindo-se seguros”, expõe o estilista paraense sobre a experiência de trabalhar com a dupla.

Hellen revelou, momentos antes do desfile, estar satisfeita com o resultado. “Pude ver isso de forma muito clara durante a prova das peças. Chegamos aonde queríamos com a coleção”, disse.

(*) Viajou a convite do Senai Brasil Fashion e da Samba MKT Ao Vivo, produtora do evento

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