Com domínio de artistas do rap, Grammy deve coroar grandes sucessos do ano

Jéssica Malta
08/02/2019 às 16:04.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:27
 (Reprodução/Instagram)

(Reprodução/Instagram)

Depois de se tornar o primeiro artista fora da música clássica e do jazz a ganhar o prêmio Pulitzer, o rapper norte-americano Kendrick Lamar volta a ter seu trabalho em destaque. Concorrendo em oito categorias do Grammy 2019, ele é o líder em indicações da premiação, que acontece na noite deste domingo, em Los Angeles.

O domínio de Lamar não é por caso. Além de ser aclamado pela crítica e pelo público, o artista faz parte de um gênero que tem ganhado cada vez mais força nas premiações musicais: o rap. Tanto que entre os artistas mais indicados deste ano, estão também outros representantes do estilo, como o rapper canadense Drake, que concorre em sete categorias, e o fenômeno Cardi B, que concorre em cinco.

Para Terence Machado, apresentador do programa “Alto Falante”, da Rede Minas, a forte presença de artistas do gênero não é uma surpresa, já que o Grammy é um grande reflexo do mercado norte-americano. “Os artistas do rap e também do r&b têm vendido muito. Então, eles acabam sendo contemplados nessas premiações”, observa.

O caráter mercadológico do Grammy, porém, não fica restrito às indicações. A própria cerimônia – que já promoveu encontros de grandes nomes, como Britney Spears e Michael Jackson, em 2001; e de Paul McCartney, Jay-Z e Chester Bennington, em 2006 – também coloca em evidência os grandes hits e gêneros do ano. Prova disso é a abertura, que este ano coloca em evidência a produção latina, em uma performance comandada pela cantora cubana Camila Cabello, que convida nomes como Ricky Martin e J Balvin ao palco.

Para o pesquisador de música e cultura popular Ricardo Frei, a presença desse artistas logo na abertura, um dos momentos mais importantes da cerimônia, é uma sinalização importante para o próprio mercado norte-americano. “É o reconhecimento do valor que a produção desses artistas tem nos Estados Unidos”, avalia.

Terence reforça o coro, pontuando ainda que, apesar do certo protecionismo – evidenciado, por exemplo, pela própria versão latina do Grammy – não há mais como negar o sucesso de artistas e canções latino-americanas. “Eles pensavam que o renome desses artistas seria regional, apenas em Miami e adjacências, mas a música latina acabou tomando conta dos Estados Unidos”.

Audiovisual

Embora o Grammy seja uma premiação voltada exclusivamente para a música, algumas das indicações assinalam a importância, cada vez maior, da imagem para o sucesso das canções. Um dos exemplos disso é “This is America”, do rapper Childish Gambino, que concorre em quatro categorias, entre elas “Música do Ano” e “Gravação do Ano”. “É uma música que virou um fenômeno. Vimos as pessoas assistindo e tomando o clipe como uma referência para várias discussões, inclusive do audiovisual e da cultura norte-americana”, pontua o pesquisador. Para Terence, o fenômeno de “This Is America” captura a essência da era do Youtube. “No passado, vimos isso com a MTV”, recorda.

Ainda levando em conta o apelo da imagem, o cinema também impulsiona indicações ao Grammy. Depois do sucesso de “Nasce Uma Estrela”, Lady Gaga e Bradley Cooper concorrem em quatro categorias com “Shallow” – canção que concorre também ao Oscar. Além da dupla, vários artistas, entre eles Kendrick Lamar, concorrem ao “Álbum do Ano” com a trilha sonora do filme “Pantera Negra”.

Além disso

Ao contrário do que aconteceu na última edição, quando Bruno Mars levou para casa seis troféus, Ricardo Frei acredita que o Grammy deste ano não será caracterizado pelo domínio de apenas um artista. “A tônica será de divisão de prêmios entre os artistas negros. Entre os destaques, temos dois do cenário do rap e essa força do gênero e desses artistas nos faz acreditar em um Grammy mais divido”, pontua. Terence também aposta em artistas do rap, como Kendrick Lamar, Drake e Childish Gambino. Mas, apesar das apostas, ele ressalta que acompanhar os vencedores tem se tornado cada vez menos importante para o público, principalmente o brasileiro. “No passado, o Grammy tinha uma importância maior, mas hoje isso acaba sendo muito mais para os americanos, por ser um prêmio muito voltado para a indústria dos Estados Unidos. Hoje, a questão do entretenimento é o ponto mais alto, com as apresentações, os memes”, acredita.

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