Cura integrada: medicina chinesa une acupuntura, massagem, dieta, exercícios e fitoterapia

Patrícia Santos Dumont
14/04/2019 às 06:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:13
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

Popularizada no Brasil pela acupuntura, a medicina chinesa, uma das mais antigas do mundo, vai muito além da inserção de microagulhas em pontos específicos do corpo. Sistema de cura baseado no equilíbrio energético de todos os sistemas que compõem o organismo, sustenta-se sobre cinco pilares. 

A empresária Carla Amaral, de 57 anos, mal sabia disso quando buscou ajuda profissional para combater um quadro crônico de estresse. Conta que havia esgotado todas as possibilidades de tratamento convencional, sem perceber melhora duradoura. 

“Também havia feito acupuntura e a tuiná (tipo de massagem), mas foi com a dietoterapia e com a fitoterapia que vi as coisas mudarem realmente. Estou me tratando há cinco, seis meses, mas a diferença é enorme. Sinto-me mais forte e disposta”, comemora, reforçando a individualização dos tratamentos. 

Cinco mil anos é a idade aproximada da medicina chinesa, uma das mais antigas de que se tem conhecimento, ao lado do ayurveda

“A acupuntura e as massagens ajudam, mas é com a dieta e com a fitoterapia que me torno capaz de conduzir o tratamento sozinha. Na minha opinião, são as duas ferramentas da medicina chinesa que mais dão independência ao paciente”, avalia. Riva Moreira

A primeira consulta, mais completa, tem duração média de 1h30; nela, todo o histórico do paciente é considerado, além de serem observados aspectos da língua, espécie de impressão digital do sistema de cura oriental, e o pulso

Sistêmica

Professor de pós-graduação no Incisa/Imam, instituição em Belo Horizonte focada em medicina chinesa e terapias integrativas e complementares, Fábio Provinciali reforça o amplo alcance da prática milenar. Segundo ele, que tem 18 anos de estudo e 13 de prática, a principal diferença entre a ferramenta oriental e a medicina ocidental é a forma como trata o indivíduo.

“É uma medicina naturista, na qual o organismo é visto como um todo, não em partes. Na ocidental, se há um problema no fígado, trata-se o fígado. Na chinesa, busca-se a raiz da patologia, que, muitas vezes, pode desequilibrar outros sistemas”, detalha. 

13 mil é o total aproximado de substâncias catalogadas pelos chineses que servem de matéria-prima para fitoterápicos

Pouco conhecida em território brasileiro, a fitoterapia chinesa, por exemplo, um dos pilares do sistema de cura oriental, não guarda relação com a técnica conhecida por aqui. 

“São usadas fórmulas personificadas, atingindo, assim, o máximo de especificidade e efetividade”, ressalta Fábio Provinciali, formado na instituição de BH e na Universidade de Medicina Chinesa de Pequim, na China. 

O profissional ressalta ainda que grande parte da matéria-prima utilizada nas fórmulas é proveniente da China, todas classificadas e categorizadas segundo os princípios da medicina tradicional chinesa. Divulgação

Fitoterapia chinesa - medicina herbática mais desenvolvida do mundo – com 12.888 substâncias classificadas, que servem como ingrediente para a elaboração das receitas. Normalmente, as fórmulas são feitas a partir de anamnese individual, mas há soluções clássicas, prontas, vendidas em farmácias especializadas

Alimentação 

A dietoterapia chinesa é um capítulo à parte. Diferentemente da nutrição ocidental, fundamentada no metabolismo basal e na bioimpedância de cada paciente, a ferramenta baseia-se num diagnóstico individualizado e na prescrição de alimentos conforme natureza energética, sabores, funções, formas de preparo, dentre outros.

“Na dietoterapia chinesa faz-se as recomendações terapêuticas básicas e específicas, todas individualizadas, segundo os princípios energéticos da medicina chinesa. São observados horário e forma de se alimentar, idade, direção energética dos alimentos, funções e indicações energéticas, precauções e contraindicações”, detalha Fábio Provincialli.

50 síndromes energéticas são doenças das quais temos conhecimento no ocidente na equivalência para a medicina chinesa

Escola em Belo Horizonte oferece atendimentos gratuitos e cursos profissionalizantes

Uma das quatro unidades brasileiras de uma escola fundada na Espanha, mas especializada em medicina chinesa, a Escola Neijing Casa Esmeralda, no bairro Floresta, Leste de Belo Horizonte, oferece atendimentos a preços populares ou gratuitos e cursos profissionalizantes a quem tem interesse em se aprofundar no método milenar de cura. Divulgação

Exercícios terapêuticos - conjunto de práticas preventivas e curativas, espécie de ginástica voltada para o equilíbrio do Qi Gong ou Chi – a energia vital de cada corpo, conforme a medicina chinesa. Neles estão incluídos tai chi chuan e lian gong, duas das mais conhecidas atividades

Coordenadora do espaço e professora de medicina chinesa, a carioca Cristiani Ferraz diz que o objetivo da instituição é desmistificar as ferramentas do sistema de cura oriental, popularizando-as mais como preventivas do que como curativas.

“A medicina chinesa não combate nenhuma insanidade, mas faz com que o corpo reencontre o equilíbrio baseado na relação que guarda com o entorno que habita. Queremos dar oportunidade para que todos conheçam as técnicas e as enxerguem como preventivas, não buscando somente quando o corpo já estiver enfermo”, reforça. Riva Moreira

Massoterapia - técnica manual aplicada sobre os canais de energia do corpo. Mais que intervenções musculares, as massagens atuam em questões emocionais e mentais. Dentre as variações, uma das mais conhecidas é a tuiná, que inclui manobras intensas e estimulantes. A modalidade se subdivide em profilática (a mais conhecida delas, cuja finalidade é preventiva), ortopédica (específica para as articulações) e pediátrica (voltada para bebês e crianças)

Atendimentos

No local, existe um ambulatório onde são ofertados tratamentos com preços acessíveis, como sessões de acupuntura por R$ 40. Outras ferramentas, como meditação e as ginásticas terapêuticas do QiGong são gratuitas. É preciso entrar em contato com a escola para saber os horários e agendar os atendimentos, quando necessário. Pixabay/Divulgação

Dietoterapia chinesa - para a medicina chinesa, cada alimento fornece um tipo de energia específica capaz de neutralizar, esquentar ou esfriar o organismo, por exemplo. Cada pessoa deve se alimentar de forma individualizada, com quantidade, combinações e horários específicos. Utilizada a partir de recomendações terapêuticas, alimentação é capaz de equilibrar o corpo

Interessados em estudar para se formar como profissionais de medicina chinesa também têm oportunidades no espaço. Os cursos de formação em acupuntura e massagem têm duração de três anos e custam R$ 250 mensais. Atualmente, a Escola Neijing Casa Esmeralda tem cerca de 120 alunos. 

Fundada em 1962 na Espanha, a Escola Neijing tem mais de 50 sedes espalhadas pelo mundo, quatro delas no Brasil, em Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e em Belo Horizonte – onde celebrou dez anos, no mês de março.

Leia mais:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por