Cura ou doença? Alimentação incompatível com biotipo individual afeta equilíbrio físico e emocional

Patrícia Santos Dumont
30/08/2019 às 10:34.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:17
 (Pixabay/Divulgação)

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Combustível para o corpo, a alimentação é mais do que só forma de nutri-lo. Remédio ou veneno, mocinha ou vilã, pode tanto potencializar nossas características, aumentando bem-estar e ajustando a silhueta, por exemplo, quanto nos afetar física, mental e emocionalmente, provocando doenças e desequilibrando, inclusive, traços da nossa personalidade.

Tudo vai depender da combinação entre o que é colocado no prato e o que já tem ou falta no organismo da gente. Aos olhos da medicina ayurvédica, uma das mais antigas do mundo, desenvolvida na Índia, a regra é clara: oposto diminui oposto e semelhante aumenta semelhante.

“Ainda que o alimento tenha qualidades interessantes, se a pessoa já tem as mesmas características e adiciona, terá um excesso, será negativo. Por outro lado, se falta, agregará e tudo entrará no eixo”, resume a nutricionista Juliana Paz, de Belo Horizonte, especialista em medicina ayurvédica.

Digestão

Ela explica que o ponto de partida para alimentarmos corretamente está no entendimento do processo digestivo. Encarregado de promover as transformações químicas e a absorção do que levamos à boca, interfere também na forma como nossa mente opera, na concentração e até na interpretação das coisas. 

“A regra é comer conforme o agni, o fogo digestivo, segundo o Ayurveda. Quando ele consegue transformar o que comemos, sentimos fome, então repomos o alimento. Agni é o rei, mandatório da boa saúde. Esse é o norte”, enfatiza a nutricionista.

Pessoas “esquentadas”, que se irritam facilmente, devem evitar alimentos condimentados e apimentados, que desequilibram as características de pita

Individualizada

Embora haja algumas regras, a dietoterapia não segue um padrão comum a todos. Para a medicina indiana, nascemos com certas características físicas e psicológicas que definem a forma como nos comportamos e reagimos ao mundo e à ingestão dos alimentos. 

Essa construção é resultado da interação entre cinco elementos essenciais: água, fogo, terra, ar e éter. São esses os componentes que se agrupam e determinam a predominância de um ou dois doshas (perfis metabólicos) que um indivíduo pode ter: pitta (fogo + água), kapha (terra + água) ou vata (ar + éter). 

Para cada um deles, há uma alimentação considerada ideal. Elaborados por um profissional, o diagnóstico e as “receitas” são baseados num extenso questionário que considera histórico genético e familiar do paciente, passando por hábitos diários e funcionamento intestinal.

“Entender como agem os doshas é essencial para alcançarmos a saúde plena. A partir dessa compreensão aprendemos que nossas escolhas e hábitos devem levar em conta o equilíbrio desses elementos em nós”, detalha o especialista em medicina ayurvédica Marcus Fonseca, diretor do Instituto EntreSer, em BH, citando um provérbio indiano milenar. “Sem uma boa alimentação nenhum remédio faz efeito. Com uma boa alimentação nenhum remédio é necessário”.

Psicólogo e terapeuta ayurvédico na capital, Eugênio Flávio Vaz de Oliveira reforça que, embora seja prática antiga, a dietoterapia baseada na medicina indiana segue premissas intuitivas, bem conhecidas. “O senso comum já utiliza esse raciocínio ao recomendar, por exemplo, um chá para combater uma gripe –doença fria que acomete o corpo. O mesmo vale para alho e gengibre, quentes por natureza”, diz.

Quem tem kaphominante deve priorizar alimentos leves, que evitam a letargia; instável, vata encontra equilíbrio em sabores doces, como o da abóbora, que dá estabilidade

Editoria de Arte

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