Das ruas à passarela: alta-costura 'conversa' com street style na Semana de Paris

Flávia Ivo
07/07/2019 às 06:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:25
 (Instagram/Reprodução)

(Instagram/Reprodução)

Se há um segmento da moda que pode ser denominado inspiracional é a alta-costura. E não é para menos! Roupas feitas à mão, exclusivas e com materiais de padrão indiscutível encantam àqueles que amam e até a quem não liga para o universo fashion. Todo esse glamour desfilou nas passarelas, nesta semana, em evento haute couture na capital francesa.

Foi em Paris, inclusive, que o termo “alta-costura” apareceu, lá no século 19. Serviu para designar o conjunto de maisons (casas de moda) que apresentavam certo nível de qualidade naquela época, e é assim até hoje. O vocábulo é patenteado e, teoricamente, grifes não aprovadas pelo sindicato francês não podem ser intituladas haute couture.Instagram/Reprodução

GEORGES HOBEIKA - O libanês brincou com texturas na coleção; plumas e bordados ganharam espaço em quase todas as peças nas quais predominou a paleta candy

No entanto, a barreira legal não impede que as maravilhas da catwalk sejam transpostas em modelos nas lojas acessíveis ao grande público e ornem o vaivém das ruas. E, ao mesmo tempo, a busca pela renovação de clientes faz com que as maisons bebam na fonte do street style. Inspiração em mão dupla.Instagram/Reprodução

ALEXANDRE VAUTHIER - Referências oitentistas nas criações como os óculos e os ombros bem marcados

De acordo com a professora Carla Mendonça, do curso de Moda da Fumec, é algo que pelo menos por enquanto irá se manter. “Especialmente porque o próprio público da alta-costura mudou. Ela vem mirando em pessoas mais jovens, com outras referências que não são só aquelas de sonho. Essa apropriação será duradoura”, observa.

Já para o trend hunter Aldo Clécius, docente de Moda na UNA, os principais players deste mercado têm focado em uma moda mais adulta para esse público. “A moda está hiperindividualizada. Ou seja, menos padrão, mais cada um no seu estilo. E há um desejo de uma moda glamourosa e elaborada”, coloca.Fotos Instagram/Reprodução

BELEZAS - Maquiadores e cabeleireiros dos desfiles da semana parisiense beberam na fonte dos anos 80 e 90 para desenvolver o visual das modelos. “Em relação à make, acho que o que vai pegar mesmo é o olhão. Ainda que o esfumado não seja tão oitentista assim, é o olhar de uma mulher poderosa”, aposta a professora da Fumec Carla Mendonça. Já os cabelos apareceram com fios mais grudados à cabeça, penteados com gel, partidos ao meio e presos em rabo de cavalo

Tendência

Trinta e quatro maisons, somando francesas e convidadas, desfilaram o Outono-Inverno 19/20 – que no Hemisfério Norte corresponde ao período entre setembro e março – na Semana de Alta-Costura de Paris. Dior, Armani, Chanel e Valentino foram algumas das que figuraram no luxuoso line-up.

Para a temporada fria, as grifes investiram em um retorno da valorização do preto, o que acaba despertando a atenção para as texturas dos tecidos e os detalhes das modelagens. Além dele, as candy colours também foram presença constante.Fotos Instagram/Reprodução

DUPLA INFALÍVEL - “A alta-costura sinalizou o retorno do preto ou da dupla preto e branco”, afirma o trend hunter Aldo Clécius. Dior, Ralph & Russo e Zuhair Murad que o digam. As maisons investiram, cada uma a seu estilo, na relevância e sofisticação das duas cores

“Quem quiser ficar na tendência pode apostar nos tons aquarelados, em uma cartela de amarelo, rosa, azul e roxo. Além de lavanda e preto, sempre. Sobre as formas, teremos muitas modelagens orgânicas que possuem volumes”, analisa a estilista e consultora de moda Grazi Coelho.

O volume das peças foi igualmente observado por Carla Mendonça. “A primeira tendência que aponto é a manga supervolumosa, que já está nas ruas. A outra é a alfaiataria, com uma mistura dos gêneros. Olhando mais de perto para as maravilhas do guarda-roupa masculino”, destaca.

Confira, nas legendas das fotos que ilustram esta reportagem, outras trends vistas na semana parisiense.Instagram/Reprodução

VOLUMES - Além das peças em alfaiataria desenvolvidas com muito volume, os vestidos também destacaram a tendência. À esquerda, o longo estruturado e brilhante de Elie Saab, que contou com a “quebra” do cinto de veludo. À direita, um estonteante Givenchy desfilado pela adolescente de 17 anos Kaia Gerber, filha da supermodel Cindy CrawfordFotos Instagram/Reprodução

CONTRASTES - Na primeira imagem, da esquerda para a direita, criação de Valentino, que explorou conjuntos glamourosos e coloridos com um quê urbano. Na foto do meio, peça da coleção de Jean Paul Gaultier, que fez ode ao néon e à ilusão de ótica, ao som do eurodance dos anos 90. À direita, contraponto de vestido de festa com sobretudo da russa Ulyana Sergeenko

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