DJs de BH contam sobre a realidade de uma rotina que não é só festa

Bernardo Pereira
01/07/2019 às 13:09.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:20
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Quem vê um DJ comandando festas e chamando o público para entrar na energia das músicas não imagina que o glamour é a parte mínima e para alguns poucos que embarcam na empreitada. Apesar das dificuldades para garantir projeção e faturar alto, entre o trabalho de fundo num show e a produção de um som para uma loja de roupas, por exemplo, nenhuma oportunidade de dar um salto na carreira é desperdiçada. 

Algumas delas são o torneio mundial DMC e o Red Bull Thre3Style – este é organizado desde 2010 em cerca de 20 países e está com inscrições abertas até 31 de julho para quem quiser pôr à prova o talento atrás de uma mesa de mixagem, como o belo-horizontino DJ André Mayrink, um dos seis finalistas da edição passada e que vai tentar o título novamente este ano. 

Mayrink se divide entre os cursos que oferece para quem quer iniciar a carreira ou aperfeiçoar a performance e discotecagem em festas durante a semana. “O importante é a originalidade, e eu gosto de usar referências que mostram de onde eu vim. No caso, uso sons de músicos de Minas Gerais, como a banda Lagum”, conta, enquanto revela algumas técnicas de passagem do funk para o reggaeton, estilos que mescla com hip-hop e música eletrônica no repertório. 

Com um fim de semana que dura domingo e segunda, ele reserva as tardes para pesquisas, processo de suma importância na profissionalização. De terça a sábado, os dias são para dormir e recuperar energias, vez que as noites costumam ser de muito trabalho. “Uma das minhas inspirações foi o Nedu Lopes, que vi há dez anos em uma etapa final do campeonato da Red Bull, em BH. Depois toquei algumas vezes para juntar dinheiro para comprar o som, e desde então é o que tenho feito”, lembra André Mayrink. 

A falta de retorno financeiro atrapalha os iniciantes. “É financeiramente uma vida de incertezas. Muitos amigos que começaram comigo largaram em função de ter que se responsabilizar pela família. Muitos cansaram. Muita gente vê um DJ dando certo e acha que é sucesso garantido, é como olhar para o Neymar e achar que virando jogador de futebol vai ter o mesmo retorno”, diz o DJ Anderson Noise, que tem uma carreira consolidada na cena do house há mais de três décadas.

“Estou acostumado a tocar em lugar diferente em cada dia da semana. Não há uma rotina e é preciso cuidar da saúde diante dessa inversão do dia com a noite” DJ André Mayrink

Trabalho coletivo
Muitos DJs reúnem-se em coletivos e ajudam uns aos outros, com cursos ou dicas para auxiliar novos talentos. É o caso de Escarbe, nome artístico da DJ Luma, que se divide entre os coletivos MASTERp l a n o, Sintética e Ayo, após começar em uma casa noturna para a qual trabalhava na web. “A gente não ensina ninguém a ser DJ, ensinamos a tocar, e foi perguntando que aprendi. Então tento ajudar”. 

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