Festival de Música Histórica de Diamantina tem vasta programação, gratuita e on-line, neste sábado

Luisana Gontijo
lgontijo@hojeemdia.com.br
01/05/2021 às 13:21.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:49
 (Kiko Antunes/Divulgação)

(Kiko Antunes/Divulgação)

Compreender a música do ponto de vista histórico e que cada um de nós traz em si um acervo musical. São dessa magnitude os objetivos da terceira edição do Festival de Música Histórica de Diamantina, que tem transmissões on-line e gratuitas ao longo deste sábado.

A programação completa do evento, iniciado no dia 23, está disponível aqui. Esta edição inclui minicursos, apresentações musicais, exposição, rodas de conversa, escutas de acervos, além de relatos de experiências relacionadas à memória e a acervos diversos. 

O tema da edição, “O acervo somos nós”, explica a coordenadora e curadora do festival, cantora e produtora cultural Marcela Bertelli, tem o propósito de estender o acervo para além das partituras, do que está nos museus, nos livros.
A intenção, segundo ela, é fazer “compreender a dimensão social da música, a memória coletiva, o corpo como acervo. Quem sustenta a música somos nós, não é suficiente preservar partituras. O festival oferece oportunidades de experimentar esse tema, de que o público é parte construtiva desse acervo”, ressalta.Kiko Antunes/Divulgação / N/AAcervo preservado em museus e bibliotecas reforça a constatação da riqueza musical de Minas e dos mineiros

Congado
Morar no Brasil, pondera Marcela Bertelli, é um privilégio para quem aprende música. “Uma criança de congado, por exemplo, aprende e não sabe como. É a construção de uma linguagem que não tem a figura do professor”, observa.
E é preciso cuidar do registro, salienta. “Por isso existem os acervos, bens sonoros tombados pelo patrimônio, conjuntos de partituras, livros e instrumentos. Diamantina, Mariana e Tiradentes têm o exemplo dos órgãos históricos, que são acervos de uma memória sonora dessas cidades”, reflete.

Sinos
Outro tema que está no Festival de Música Histórica é a linguagem dos sinos. “É de uma complexidade, de uma diversidade, de uma beleza. E passa pelos sineiros. O sino, por si só, não oferece som sem o sineiro”, avalia ainda Marcela Bertelli, fazendo alusão ao tema do evento.

Canto Maxacali
Um encontro muito importante, reforça a coordenadora, se destaca na programação deste sábado. O dos índios Maxacali, Isael, Delcida (pajé e guardiã dos cantos do povo Maxacali) e Sueli com uma etnomusi-cóloga Rosângela Tugny. “A dinâmica da memória musical Maxakali é algo surpreendente, é outra maneira de pensar e compreender a música”, considera Marcela Bertelli.
 

Uakti
O concerto com os músicos Felipe José, Yuri Velasco, Paulo Sartorie João Paulo Drumond, intitulado “O acervo de instrumentos de autor: Marco Antonio Guimarães”, que seria neste sábado, será apresentado em 25 de junho, segundo a coordenadora do festival, e poderá ser apreciado no mesmo canal do YouTube.
Há cerca de 5 anos, todos os instrumentos construídos pelo criador do grupo Uakti, de Minas Gerais, o músico Marco Antonio Guimarães, considerado um dos mais geniais inventores de instrumentos musicais, estão abrigados na sala batizada com seu nome, no estúdio New Doors VintageKeys, em BH. 

Saiba mais
A realização desta terceira edição do Festival de Música Histórica de Diamantina contou com R$ 80 mil de recursos estaduais da Lei Aldir Blanc e, com certeza, afirma uma das coordenadoras do evento, Marcela Bartelli, com trabalho voluntário. “Os professores de universidades federais, por exemplo, aceitaram participar sem receber. A ideia de que ninguém solta a mão de ninguém tem que ser prática, não pode ser só discurso”, pondera.

“Os professores de universidades federais, por exemplo, aceitaram participar sem receber. A ideia de que ninguém solta a mão de ninguém tem que ser prática, não pode ser só discurso”, pondera a coordenadora e curadora Marcela Bertelli

A cantora lembra ainda que o festival tem uma dimensão de distribuição de renda, que, além de abrigar muitos artistas – sem fontes de recursos financeiros nesta pandemia –, inclui profissionais que trabalham nos bastidores, como os da produção e outras áreas.

“Outra coisa é que tivemos que mudar a programação, trocar pneu com o carro andando. Já sabíamos que isso poderia acontecer. Estamos vivendo um momento de imprevistos. Um momento político muito difícil, emocionalmente muito difícil”, considerou ainda.
Marcela Bartelli lembra que todos os festivais estão enfrentando esta realidade e considera que “é muito bom que a gente viva assim, acolhendo esse imprevisto, com respeito pelas pessoas, pelo tempo delas, pela segurança delas”. 
 

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