Filtro nas postagens: recrutadores fazem seleção de candidatos pelas redes sociais

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
22/11/2018 às 15:44.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:56
 (Editoria de Arte)

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É bom ter cuidado com likes e postagens! Triagem de currículos, dinâmica de grupo e entrevista individual deixaram de ser o resumo do caminho até uma vaga de emprego. Vitrines que reverberam informações globalmente, usadas por milhares de pessoas diariamente, as redes sociais têm sido ferramentas para “peneirar” quem deve ou não chegar à mesa do empregador. 

Diretor de recrutamento e seleção da Leaders HR Consultants – especializada em transição de carreira, outplacement, desenvolvimento de profissionais, recrutamento e seleção – , Sérgio Ferreira diz que o caminho começa pelo LinkedIn, mas passa por Facebook, Twitter e até pelo Instagram –exclusivo para publicação de imagens. “O LinkedIn é usado na busca do profissional. As demais, como ferramenta de investigação do candidato”, explica. 

Segundo ele, são avaliados desde a forma como o profissional se posiciona sobre assuntos polêmicos até a maneira como gerencia, pela web, vida pessoal e profissional. “Dependendo da posição que ocupará na empresa, caso seja demandado durante a madrugada, por exemplo, pode não ser legal que publique fotos demais com amigos em festas. Torna-se pouco adequado”, alerta.

Facilitador

Gerente da Michael Page, empresa de recrutamento e seleção de executivos, e especialista em RH, Sérgio Margosian reforça que consultar as redes sociais dos candidatos ajuda a encurtar e facilitar os processos seletivos. “Da mesma forma que o candidato busca (nelas) informar-se sobre a empresa onde almeja trabalhar, a empresa também escolhe o candidato que vai contratar. Facilita o trabalho de hunting”, afirma.

Nesse contexto, cuidar da própria imagem torna-se fundamental para se diferenciar dos concorrentes e manter a coerência entre o que se é no mundo virtual e no real. “Não estamos falando em não se posicionar sobre nada, mesmo porque precisamos de profissionais com personalidade e opinião, mas que tenham capacidade de se expressar de forma equilibrada e com bom senso”, reforça Margosian. 

46% dos recrutadores consultados em pesquisa sobre fatores que mais levam à rejeição na hora de contratar indicaram “publicação de fotos inadequadas”

Networking

Presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos – seção Minas Gerais (ABRH-MG), Eliane Ramos diz que o alerta vale para qualquer pessoa, independentemente de estar ou não à procura de uma oportunidade. Na opinião dela, uma rede social bem gerenciada serve não só como filtro positivo num processo seletivo como também abre portas para futuras oportunidades. 

“Cuidar da carreira é um trabalho contínuo e que não tem a ver somente com a hora de buscar um emprego. Muitas vezes, aqueles contatos é que irão ajudar você num momento importante da vida profissional. Por isso, é tão importante agir com elegância e coerência o tempo todo. As pessoas precisam estar prontas para mudar o tempo inteiro”, reforça. 

Sair do automático aumenta consciência e responsabilidade

Sair do piloto automático é a dica número um para quem deseja utilizar a web como aliada e não como inimiga. Um exercício interessante sugerido pela coach e neurolinguista Luciana Junqueira é refletir, antes de postar um texto, comentário ou foto, sobre o impacto daquele conteúdo não só na própria vida como na de quem irá recebê-lo. “É preciso que seja positivo”, alerta.

O teste, reforça a profissional, vale para qualquer pessoa, independentemente de estar ou não à procura de uma oportunidade ou na mira de um recrutador. “É claro que temos liberdade para nos expressar, mas devemos lembrar que a responsabilidade sobre tudo o que fazemos é nossa. Uma pergunta interessante é ‘Se eu não me conhecesse e fosse passear pelo meu histórico, o que concluiria a meu respeito?’”, ensina. 

“Se eu tivesse que explicar ou comentar uma postagem, foto ou texto com um futuro empregador ou chefe em rede nacional, para milhares de pessoas, ainda assim eu postaria aquele conteúdo tranquilamente?” - Luciana Junqueira, coach e neurolinguista

Segundo Luciana, também vale a pena exercitar a autocrítica para avaliar se aquilo que está sendo publicado reforça a forma como desejamos ser vistos pelos outros ou colabora com uma imagem que queremos evitar.

“Todo mundo tem uma vozinha dentro de si que critica e julga. Que tal usá-la como aliada para ajudar a refletir sobre o nosso comportamento? Sair do piloto automático nos torna capazes de nos observar e fazer as coisas com mais consciência”, enfatiza.Editoria de Arte

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