Fora do padrão: palcos da moda em BH vão além da sala de desfiles

Flávia Ivo
04/05/2019 às 06:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:30
 (Daniel Neris/Divulgação)

(Daniel Neris/Divulgação)

Mais do que mostrar o que vai “bombar” na próxima estação, um desfile de moda é uma plataforma de comunicação. Claro, apresentará tendências, mas também deve exibir conceitos, que podem incluir o próprio local de realização. Atualmente, com o processo cada vez mais presente de democratização da moda, deixar o ambiente frio e impessoal das salas de desfiles e ganhar outros cenários vem sendo boa pedida para chamar a atenção do público.Magê Monteiro/Divulgação

Skazi promoveu desfile no Mineirão

A ação, mesmo ainda tímida, é adotada por diversas grifes que buscam intimidade com o cliente ou visibilidade de suas criações ou iniciativas, como é o caso da Semana de Moda Desvelocità, que acontece até este domingo (5) no Mercado da Boca, em Nova Lima, na região metropolitana.

Idealizado pelas professoras universitárias Jane Leroy e Cláudia Ligório, o evento, que está na segunda edição, tem como premissa apresentar novos talentos e produtores de moda que têm sobressaído localmente. Serão 20 marcas desfilando pelos corredores do centro gastronômico, mostrando vestuário e acessórios.

Na primeira oportunidade, realizada em outubro passado no Mercado Cervejeiro, também em Nova Lima, o projeto foi chamado de Beer Fashion Week, por difundir a sustentabilidade sob duas perspectivas: a do slow fashion (movimento de consumo consciente de moda) e a das cervejas artesanais.

“Foi uma união bem interessante, já que nos movemos pela qualidade e não pela quantidade. Os projetos são semelhantes”, destaca Cláudia Ligório, que também atua como consultora empresarial.

Para todos

Fazer com que um desfile aconteça de forma inusitada e ainda coloque os holofotes sobre algo que precisa ser discutido, como a inclusão de corpos diversos no universo fashion, foi missão dada e cumprida pela jornalista e professora Valéria Said.

Muito ativa em debates que discutem a moda além da roupa, foi uma das co-organizadoras do BH + Estilo Plus, com a curadoria de debates e direção-criativa de editorial vintage. O evento, organizado por Sandra Costa, apresentou marcas plus size, além de rodas de conversa sobre gordofobia e autoestima.

“A partir do momento em que saímos do padrão de desfile fechado, mostramos acessibilidade democrática. Muitas vezes, as pessoas não têm acesso a algo assim, acham muito distante. Então, mostramos que a moda está aí para todo mundo”, afirma Valéria.

O BH + Estilo Plus aconteceu, no semestre passado, dentro do Museu da Moda de Belo Horizonte (Mumo) e o desfile, que começou nas instalações do prédio centenário, tomou a rua da Bahia, no Centro de BH, chegando à Casa do Jornalista, espaço sindical na avenida Álvares Cabral.

“A ideia de abrir as portas do museu para ações como essa é que modelos e moda interajam com o cenário do imóvel tombado pelo Patrimônio Histórico e a exposição em cartaz. Não que o desfile tradicional não seja interessante, mas o fato do inusitado torna o espetáculo inesquecível”, observa Maria Carolina Ladeira, assessora de projetos e exposições do Mumo.Ricardo Laf/Divulgação

Mumo recebeu desfile do projeto "Lá da Favelinha", com casa cheia

Para Cláudia Ligório, esses eventos são uma forma de aproximar a moda das pessoas. “Quando fazemos desfile em um mercado gastronômico, por exemplo, saímos da ‘caixinha’. É um desafio de produção. As pessoas estarão em um ambiente de lazer e participando de desfile de moda. Chama a atenção”, coloca.Cláudia Ligório/Divulgação

Semana de Moda Desvelocità segue até este domingo

Conversa com outras temáticas enriquece debate e eventos

Cada vez mais, os desfiles são uma oportunidade de associar moda a outros temas. Durante o BH + Estilo Plus, a jornalista Valéria Said conta que o Museu da Moda foi também palco de debates.

“Aquele é um espaço público de contemplação, para o qual levamos discussões sobre política e diversidade, com palestras e bate-papo. Mostramos que, afinal de contas, o corpo diferente não impede que tenhamos roupas com informação de moda”, lembra.

A semana de moda no Mercado da Boca também criou um momento de debate, na última quinta-feira (2), quando, no evento de abertura, reuniu convidados e profissionais da área para uma roda de conversa sobre sustentabilidade, desafios e oportunidades do setor. Além disso, o evento tem a exposição e venda de produtos das coleções das marcas.Reprodução/Instagram 

No Code Bar, na Savassi, a ideia foi unir moda e música

Parcerias

A conversa da moda com temáticas diversas inclui, ainda, o futebol e a música. Foi em outubro de 2018 que a mineira Skazi escolheu o Mineirão para abrigar o desfile do Outono-Inverno 2019. Como a inspiração para a coleção era Lily Parr, jogadora de futebol inglesa, houve o casamento da grife com o Gigante da Pampulha.

Uma passarela foi montada no estádio e centenas de pessoas assistiram à apresentação. “Procurávamos uma oportunidade para desenvolvermos algo com o Mineirão. Queremos que este dia fique na memória das pessoas”, declarou Vander Martins, diretor-geral da Skazi, na ocasião.

Já com a música, a união se deu no Code Bar, casa de eventos voltada ao público LGBT que fica na Savassi, Centro-Sul de BH. Recentemente, foi realizado desfile de moda dentro do espaço.

“Colocamos uma passarela dentro da boate e unimos a uma playlist com house e música eletrônica, foi um belo conjunto”, afirma Rodrigo Deoli, diretor da Deoli Models e um dos organizadores do evento.

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