Gosto pela cerveja aumenta curiosidade por origem das receitas e modo de fabricação

Patrícia Santos Dumont
28/04/2019 às 06:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:25
 (Caroline Andrade/Pixabay)

(Caroline Andrade/Pixabay)

O boom de cervejarias artesanais, que pipocam dia após dia especialmente em Minas, somado à sofisticação de receitas tradicionais, tem despertado no consumidor um interesse extra pela bebida mais apreciada no país. Mais do que explorar o sabor dos rótulos e escolher o predileto, apaixonados pela loira gelada querem desvendar o que está dentro da garrafa. 

Sommelier de cervejas e embaixador da Krug Bier – primeira cervejaria artesanal de Belo Horizonte, com mais de 20 anos de história –, Heitor Silva diz que o conhecimento melhora a experiência do cliente. “As informações estão disponíveis de uma forma muito democrática e isso contribui para que o consumidor aprenda o bê-a-bá da bebida e tenha uma experiência muito mais legal com as cervejas”, afirma. 

Para ele, conhecer os ingredientes principais das receitas ajuda não só a apurar o paladar como a definir melhor o que agrada ou não cada um. “O lúpulo, por exemplo, é que confere aroma e amargor à bebida. Assim, se a pessoa tende a não gostar de bebidas amargas, é melhor que não tenha, de cara, uma experiência com cerveja extremamente lupulada”, exemplifica. 

Simples, mas sofisticada

Mas engana-se quem pensa que em um universo tão amplo e diversificado como o da cerveja, as receitas sejam um bicho de sete cabeças. Segundo Heitor Silva, a receita base de qualquer rótulo se resume a uma mistura de quatro ingredientes: água, malte de cevada ou cereais, lúpulo e levedura. O que as diferencia entre si, além da quantidade dos elementos utilizados, é a presença ou não de frutas, especiarias, ervas, raízes e “tudo o que a criatividade permitir”, brinca o sommelier.

Recentemente, a Skol, por exemplo, colocou no mercado a Skol Hops – versão puro malte com lúpulos aromáticos e refrescantes da marca tradicional cujas receitas, até então, eram menos complexas. Mestre-cervejeira da empresa, Laura Aguiar traduz o ingrediente, desconhecido de grande parte dos bebedores do ouro líquido, como tempero ou essência da bebida.Midiaria/Divulgação / N/A

Primeira cervejaria artesanal de BH, a Krug Bier também oferece aos apreciadores a chance de pisar na fábrica, em Nova Lima; tour guiado deve ser agendado e é limitado a 20 pessoas

Na opinião dela, o lúpulo sempre foi usado de forma secundária na indústria brasileira, mas a busca do mercado cervejeiro por inovação e por sabores cada vez mais únicos e particulares tem contribuído para a mudança de cenário. 

Em Minas, mais precisamente em Rio Espera, região Central do Estado, foi realizada, dois meses atrás, a primeira colheita comercial de um lúpulo fabricado em território nacional. Produzida na Fazenda Fartura, a espécie, nascida na Serra da Mantiqueira, em São Paulo, é patenteada pela Heineken – cervejaria holandesa fundada em Amsterdã, em 1863. 

Conheça mais no final desta reportagem sobre os quatro ingredientes básicos de uma cerveja

O Jardim Canadá, em Nova Lima, reúne pelo menos 15 pátios cervejeiros; estado é o maior produtor artesanal brasileiro

Cervejarias de BH e região oferecem visitas guiadas às fábricas com direito à degustação 

Em Belo Horizonte e região metropolitana, apaixonados pela loira gelada têm um atrativo a mais para apreciar a bebida alcoólica mais popular entre os brasileiros. Visitas guiadas às fábricas dão a oportunidade de conhecer modos de fazer e curiosidades sobre o ouro líquido. 

Pioneira nos passeios guiados em BH, a Backer, com 20 anos de história, abre as portas da fábrica, no bairro Olhos D’Água, aos sábados. Lá, os visitantes podem conhecer a história da empresa, ver de perto cada etapa da produção e, claro, experimentar receitas. Diretora de Marketing da cervejaria, Paula Lebbos diz que o tour ajuda a valorizar o produto e a encantar o público. Luiza Ananias/Divulgação

Visita Guiada, oferecida desde o ano passado pela Hofbräuhaus BH, permite ao consumidor viver a experiência das cervejarias alemãs no coração de Belo Horizonte; tour acontece a cada 15 diasa

“É encantador entender o processo de fabricação, ver os ingredientes e sentir o gosto na boca. Quem participa de uma visita vive a própria experiência. Para nós, proporcionar tudo isso a quem gosta de cerveja de qualidade é muito importante”, comenta. 

No ano passado, Minas bateu o recorde de produção de cerveja com média de 2,1 milhões de litros por mês ou 25 milhões no ano todo

Incentivo

Mestre cervejeiro da Hofbräuhaus Belo Horizonte, na Zona Sul de BH, Carlos Henrique de Faria Vasconcelos acredita que o interesse pelas visitas também esteja relacionado à produção artesanal de cervejas – hobby crescente entre os brasileiros. Desde o ano passado, a cervejaria de origem alemã oferece, quinzenalmente, o roteiro “Lei da Pureza”. Durante cerca de 1 hora e meia, os visitantes têm a oportunidade de conhecer um pouco da história da marca e do processo produtivo tipicamente alemão. 

“As visitas aproximam o público da indústria, permitindo que todos conheçam o processo e entendam como é difícil fabricar um produto de qualidade. Também despertam novos interesses e criam no consumidor uma relação mais próxima com a cerveja que irá beber”, diz. 

Conheça os ingredientes básicos de uma cerveja:Editoria de Arte

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