Jeitão de playground: atividades e brinquedos livram mascote do estresse e 'salvam' a casa

Patrícia Santos Dumont
Hoje em Dia - Belo Horizonte
Publicado em 25/11/2017 às 15:12.Atualizado em 02/11/2021 às 23:53.
 (Divulgação)
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Tratar os bichos de estimação como verdadeiros donos da casa não basta para que eles se sintam realmente à vontade no local onde vivem. Não importa de que espécie ou raça sejam, animais criados fora do habitat natural precisam ter um ambiente dinâmico, complexo e interativo, que proporcione desafios físicos e mentais similares aos que encontrariam se estivessem soltos.

Enriquecimento ambiental é o nome das técnicas e atividades voltadas para melhorar a qualidade de vida, principalmente dos pets. O objetivo é fazer com que eles sejam desafiados, estimulados e que encontrem novidades o tempo todo para que não se sintam entediados e, mais do que isso, fiquem livres de doenças.

"O enriquecimento ambiental melhora a qualidade de vida dos bichos, já que dá a eles a oportunidade de fazer escolhas e de expressar o comportamento natural de cada espécie em ambientes artificiais”, justifica o veterinário Dalton Ishikawa, da Pet Games. A empresa é pioneira no Brasil no desenvolvimento de produtos voltados para melhorar a qualidade de vida dos animais. 

Segundo o especialista, um simples passeio na rua com o cachorro, por exemplo, pode ser considerado positivo do ponto de vista do enriquecimento físico. Importante lembrar, porém, que é necessário que o pet tenha desafios e interações constantes e rotineiras e não somente esporádicas. 

“Por meio de brinquedos, trabalhamos mais o enriquecimento alimentar, cognitivo e sensorial. Pela interação com os donos, o físico e social. Infelizmente, a maioria só ‘pratica’ a forma interativa. Não é que esteja errado, mas é incompleto e insuficiente para a rotina da maioria dos pets urbanos”, ressalta o veterinário. 

Sintomas

Ficar de olho nos sinais que o pet dá pode funcionar como um termômetro do nível de atividades: se está adequado ou se é insuficiente para o seu bichinho. Excesso de latidos ou de miados, automutilação – quando o animal se lambe tanto ao ponto de provocar pequenos ferimentos nas patas, por exemplo – ansiedade por separação (quando o dono sai de casa, o animal fica inconsolável ou agitado ao extremo), ingestão das próprias fezes, destruição compulsiva do local onde vive ou de objetos e hiperatividade são só alguns dos sinais de que algo não vai bem. 

“Além disso, há também o estresse crônico, o distresse, que leva ao desenvolvimento de distúrbios comportamentais e, consequentemente, a problemas físicos e até mentais”, acrescenta o veterinário.

E quem pensa que fazer tudo isso é tarefa difícil ou demanda tempo demais está enganado. Donos de gatos, por exemplo, podem adaptar o local onde vivem verticalizando o ambiente e aumentando, assim, a área de trânsito livre e de desafios para o bichano. Outra opção é espalhar tocas e arranhadores, simulando o que eles encontrariam na natureza. 

Para os cães, uma sugestão simples e que os deixa felizes é passear na rua no mínimo uma vez ao dia. Importante lembrar, porém, que as atividades devem ser renovadas e não se tornar parte da rotina do animal.

Além disso:

Não são somente os pets que devem ser estimulados e colocados em contato com situações que encontrariam na natureza. Animais mantidos em cativeiro também precisam ter o ambiente “natural” reproduzido pelos humanos para que se sintam confortáveis em casa.

No zoológico de Belo Horizonte, os cerca de três mil animais de 250 espécies diferentes têm à disposição técnicas de enriquecimento ambiental e de condicionamento operante com reforço positivo. As atividades são voltadas para aves, répteis, mamíferos e até peixes e integram um programa implantado há quase 20 anos. 

O recinto das araras, por exemplo, recebe pingentes com frutas coloridas ou trouxinhas de folha de bananeira com sementes e grãos apetitosos. Outra forma de desafiar os animais é criando uma trilha de cheiros, feita com temperos. As especiarias estimulam o olfato dos felinos até que encontrem um embrulho com carne ou caixas de papelão que guardam um pedaço de frango. 

Enriquecimento ambiental para animais de estimação zoológico

Arara ganha banana servida no próprio recinto; jabuti recebe melancia geladinha e macaco tem “trilha de cheiro” colocada na gaiola para aguçar o instinto selvagem

Aos elefantes, primatas e carnívoros também podem ser oferecidos picolés de suco de fruta ou à base de carne. Importante lembrar que essas situações não podem ser confundidas com a alimentação rotineira. Devem ser algo a mais.

“Buscamos sempre o melhor nível de bem-estar para cada animal. No caso do enriquecimento, o objetivo é tornar o ambiente mais rico, mais atraente e para isso é preciso muito conhecimento de cada espécie e também do indivíduo”, explica a bióloga Érika Fernandes, da equipe de Bem-Estar Animal da Fundação Zoo-Botânica.

Ponto a ponto:

Conheça os 5 tipos de enriquecimento ambiental:

1. Alimentar
Quando é oferecida ao animal a oportunidade de procura e caça de alimentos de diferentes maneiras, evitando a previsibilidade na hora da alimentação

2. Sensorial
Nessa modalidade, o humano oferece recursos e cria situações para atiçar os cinco sentidos do animal: audição, olfato, visão, tato e paladar

3. Físico
Por meio de objetos, simula-se o habitat mais natural e adequado para cada espécie, tais como esconderijos (da maneira como fariam na natureza, soltos), obstáculos, lugares para subir e descer, para se esconder, pendurar e até para dormir

4. Cognitivo
Estimula-se as capacidades intelectuais do animal, como concentração, coordenação motora, memória e até o raciocínio por meio de “quebra-cabeças” onde são escondidas refeições ou petiscos

5. Social
Nada mais é do que interagir com os animais da mesma forma como aconteceria se eles estivessem soltos na natureza[AD_TXT] e diante de espécies iguais ou até diferentes

Fonte: Pet Games

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