Liderança andrógina: equilibrar aspectos masculinos e femininos pode ser a chave para a boa gestão

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
12/08/2018 às 06:00.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:52
 (Pixabay/Divulgação)

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Ter domínio sobre uma equipe e desempenhar o papel de líder de maneira satisfatória para a empresa, mas também positiva aos olhos dos funcionários, é um desafio para qualquer gestor. Equilibrar características femininas e masculinas na forma de gerenciar é um caminho. 

Liderança andrógina é o nome dado à “fórmula” que compatibiliza comportamentos comuns a cada um dos gêneros – mas não necessariamente femininos e masculinos, especificamente – e que, muitas vezes, são exercidos de forma inconsciente e equivocada nas corporações.

Autora do livro “Liderança Nua e Crua – Decifrando o Lado Masculino e Feminino de Liderar”, especialista em remodelagem comportamental de executivos e consultora na área de gestão de pessoas, Lívia Mandelli diz que é preciso transitar com excelência pelos dois lados e manter o foco ponderado entre pessoas (face tida como feminina) e resultados (masculina).

“A liderança andrógina possibilita ao líder engajar pessoas a partir do próprio comportamento, entendendo o que cada um precisa em cada situação e alternando atitudes masculinas e femininas”Lívia MandelliEspecialista em remodelagem comportamental de executivos e consultora na área de gestão de pessoas

“Vejo líderes absolutamente masculinos, que não constroem um legado humano e não marcam a vida das pessoas positivamente. Igualmente, vejo líderes femininos, que não perduram nas posições, pois não conseguem mobilizar a organização. Importante ressaltar que essas forças não se relacionam ao gênero nem à orientação sexual, mas às escolhas, conscientes ou não, de como se comportar naquele papel”, detalha a profissional. 

Segundo ela, a chave de uma gestão de sucesso está em agir de forma consciente e situacional, ou seja, observando a hora certa de desempenhar atitudes mais “femininas” ou “masculinas”, quando necessário. “É uma liderança exercida por meio da capacidade individual de perceber atitudes e moldá-las conforme o momento”, completa Lívia. 

Fora do padrão

Consultora organizacional, especialista em desenvolvimento de pessoas, Tânia Zambelli menciona também a importância de derrubar rótulos e crenças e de abandonar receitas prontas vinculadas ao sucesso de liderança. Para ela, o ponto de partida da gestão andrógina é o autoconhecimento.

“Todo mundo pode se auto-desenvolver, desde que se conheça. Exercer uma liderança com empatia é colocar-se no lugar do outro e sair da caixa do que é tido como ideal. São exercícios diários”, coloca. “Ninguém deve vestir um papel que não é seu nem viver de rótulos. A ideia é exatamente o contrário”, completa. 

Para auxiliar na busca do equilíbrio gerencial e no desenvolvimento dessas características ela destaca ferramentas e técnicas capazes de ensinar, individualmente, cada profissional na própria descoberta de competências, talentos e pontos fortes. 

“O líder de sucesso precisa desenvolver a escuta ativa, saber fazer perguntas, levar o liderado a contribuir, participar, administrar conflitos e desenvolver um time de resultados”, diz. 

Flexibilidade permite transitar por perfis diferentes

Diretor da Federação Brasileira de Coaching Integral e Sistêmico (Febracis), em Belo Horizonte, o master coach com formação em análise comportamental Haroldo Heredia classifica os estilos de liderança em três: permissivo, autocrático e compreensivo. Para ele, todas as características, sejam elas consideradas femininas ou masculinas são importantes, desde que desempenhadas com equilíbrio e na hora certa.

“Para uma liderança de sucesso, é preciso usar as características que compõem o perfil de cada um. Só assim é possível agir com leveza e harmonia, dosando pontos fortes e fracos”Tânia ZambelliConsultora organizacional, especialista em desenvolvimento de pessoas

“Liderança, na minha avaliação, é inteligência emocional. Talvez numa mesma equipe o líder tenha que transitar por arranjos diferentes, com pessoas que demandam reações diferentes. A palavra, na minha opinião, é flexibilidade e tem a ver com a forma como cada gestor se relaciona consigo mesmo, com as pessoas e com as demandas”, explica, mencionando ainda a importância do autoconhecimento. 

Perfis comportamentais

O especialista explica também que os três estilos de gestão são construídos com base em quatro diferentes perfis de comportamento: dominante, influente, estável e conforme. “O dominante tende a ser mais autoritário e controlador, o influente tem um estilo mais motivador, que engaja a equipe; o estável se planeja e gosta de agir em consenso e o conforme é o mais detalhista e meticuloso”, explica o master coach. 

A dica dele para quem busca desempenhar a função de líder com competência e ser não só um bom gestor do ponto de vista da empresa, mas aos olhos dos liderados, é compreender as próprias habilidades e conhecer as particularidades de cada membro da equipe. 

“Algumas situações irão exigir um líder dominante. Outras, um gestor motivador. Por isso, não existe receita, existe equipe e estilo”, pondera. Editoria de Arte

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