Mais orgânicos na mesa: produtores de Minas aumentam cultivo de comida sem veneno

Patrícia Santos Dumont
21/10/2019 às 15:03.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:19
 (Divulgação)

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Diante da liberação recorde do uso de agrotóxicos no Brasil, quem busca alimentação saudável volta mais os olhos para o consumo de alimentos orgânicos. Atentos ao aumento da demanda, produtores rurais de nove municípios da região Sudoeste de Minas têm apostado no cultivo sustentável de verduras, legumes, frutas, café e até de leite sem aditivos químicos. A saúde, o meio ambiente e o bolso agradecem. O aumento da produção deve baratear o preço da mercadoria que, em alguns casos, chega a custar duas vezes mais que a convencional. 

Engenheira agrônoma, a coordenadora técnica da Emater em Passos Alice Soares desenvolve um projeto na região. Em duas cidades, Claraval e Cássia, a certificação de produto orgânico já foi concluída e entregue. “Foi algo que surgiu naturalmente, do interesse dos produtores, que queriam modificar o processo usando técnicas sustentáveis. Nosso papel é prestar assistência e orientar”, explica.

Para facilitar a certificação dos produtos cultivados na região e encurtar o caminho dos produtores rurais, começou a ser implantado, este ano, o Sistema Participativo de Conformidade Orgânica (SPG Cooperval)

Produtor rural em Pratápolis – onde já são produzidos hortaliças, café e uva orgânicos –, o pecuarista Ciede Lara Amorim instalou uma operação sustentável na propriedade da família. Em até um ano e meio os 300 litros de leite que produz diariamente receberão selo de orgânico. 

“Sempre pensei que o que não quero para minhas filhas, não quero para ninguém. Ao parar de aplicar veneno nos animais, vou agregar valor ao produto, trabalhar por nossa saúde, a saúde dos animais e ser remunerado”, pondera. A produção de Amorim vai para um laticínio de São Sebastião do Paraíso. 

A transição do sistema tradicional para o orgânico leva cerca de um ano e meio. Dentre as mudanças necessárias está a conversão das pastagens e substituição dos cereais usados para alimentar o gado. “Após a conversão, leva-se mais seis meses para as demais modificações de cultura voltadas para o manejo dos animais”, explica a coordenadora da Emater-MG, Alice Soares. 

Queijo 

Nilseia dos Santos Rosa Vilela também está na expectativa de colher os frutos das mudanças que vem fazendo na pequena propriedade em São João Batista do Glória. Antibióticos e agrotóxicos foram substituídos por homeopatia e inseticidas naturais na produção de queijo canastra. A comercialização deve ser ampliada para outros estados.

Além disso:

Mercado brasileiro de orgânicos faturou R$ 4 bilhões em 2018 – 20% mais em relação ao ano anterior, segundo o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), que reúne cerca de 60 empresas do setor. Já o mercado internacional, que tem como líderes Estados Unidos, Alemanha, França e China, movimentou volume recorde em 2017, equivalente a R$ 397 bilhões. 

Dados da Federação Internacional de Movimentos da Agricultura Orgânica estimam que haja, distribuídos em 181 países, aproximadamente 3 milhões de produtores orgânicos. Décimo segundo na lista dos que destinam maior área às plantações no mundo, o Brasil ocupa a liderança do mercado latino-americano, mas perde em extensão de terra para Argentina e Uruguai, em primeiro e segundo lugares, respectivamente. 

Segundo o Organis, dentre os produtos mais consumidos pelos brasileiros estão alface e tomate (33% cada), arroz (8%), sucos, banana e rúcula (7% cada), maçã e brócolis (6% cada). Pesquisas indicam que 60% são comprados em supermercados, 26% em feiras, 4% em lojas de produtos naturais e 3% de produtores rurais. Editoria de ArteClique para ampliar a imagem

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