Mais que insumos naturais, fabricantes de cosméticos buscam proteger a natureza

Flávia Ivo
03/02/2019 às 07:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:21
 (Cinderela de Mentira/Divulgação)

(Cinderela de Mentira/Divulgação)

Criar uma marca de cosméticos que colocasse a sustentabilidade na balança, enfrentando um processo produtivo repleto de cuidados, foi ao que se propôs a mineira Vanessa Vilela quando lançou, há 12 anos, a Kapeh. A empresária de Três Pontas, no Sul do Estado, que também é farmacêutica e bioquímica, buscou, naquela época, um diferencial que está em voga nos últimos anos, o da beleza sustentável. 

“Nasci e vivo nesta região, que é cafeeira. Pesquisei e vi, no grão verde do café, benefícios para a pele, como os flavonóides. Assim, montei a Kapeh, cujos produtos todos partem dessa matéria-prima”, detalha Vanessa.

Assim como ela, outros tantos empreendedores apostam na redução dos impactos e no respeito ao planeta. Caso da também mineira Bio Extratus, nascida há 27 anos em Dom Silvério, na Zona da Mata, que utiliza insumos naturais na formulação de cosméticos para os cabelos. 

Além da composição, a empresa está preocupada em zelar pelo meio ambiente. “Realizamos a recuperação hídrica e de mudas nativas de todo o entorno de Alvinópolis, na região metropolitana, onde está instalada nossa fábrica. Tratamos 100% do esgoto antes de devolvê-lo à natureza. Funcionamos com energia solar, usando o excedente durante à noite. O trabalho é todo focado nisso”, revela Eduardo Avendanho, consultor comercial da Bio Extratus.

Para a criadora de conteúdo de BH Ana Luiza Palhares, do blog Cinderela de Mentira, os valores da fabricante importam na hora de escolher um produto. “O resultado sempre foi muito satisfatório e me sinto bem consumindo uma marca que tem ativos naturais e que protege o ambiente”.

Compromisso

Atender à crescente demanda por produtos de beleza sustentáveis também é um dos desafios da Natura que, há 18 anos, criou a linha Ekos. A proposta é gerar benefícios para todos os envolvidos, incluindo a Floresta Amazônica e a comunidade que fornece os insumos.

Outro compromisso da empresa é com a reciclagem. “Fomos a pioneira no mercado brasileiro a lançar refis das embalagens de alguns dos produtos, o que contribui para retirar do meio ambiente 1,6 mil toneladas de plástico anualmente”, informou a Natura em nota.

Além disso

A lei brasileira não determina o que é o cosmético natural. Mas, certificações determinam lista de ingredientes proibidos e que, para ser natural, o produto precisa conter no mínimo 95% de ingredientes naturais e 5% de ingredientes orgânicos. 

Para um cosmético ser considerado vegano, não deve possuir ingredientes de origem animal e nem ser testado em animais. O veganismo é uma filosofia de vida que pretende abolir o uso e exploração de animais para qualquer atividade humana.

“O importante é que o consumidor saiba que ainda não temos legislação sólida no Brasil acerca de produtos orgânicos e naturais. Isso significa que devemos procurar sempre aqueles certificados por órgãos competentes, pois seguem rígidos padrões de qualidade”, afirma Bruno Vargas, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.Natura/Divulgação

Natura

Vegetalização no portfólio

A Natura, marca reconhecida pelo uso de ativos naturais e práticas sustentáveis, afirma utilizar somente ingredientes seguros segundo os critérios mais atuais da ciência. De acordo com a empresa, são banidos ingredientes quando surgem evidências de riscos ambientais ou à saúde humana. 
Além do compromisso da vegetalização no portfólio, desde 2006 a Natura não realiza testes em animais no processo de desenvolvimento dos produtos e ingredientes. 

“Como um dos resultados desse compromisso, hoje grande parte do portfólio possui produtos que podem ser consumidos por vegetarianos ou veganos”, afirma a fabricante em nota. Acima, produtos da linha Ekos Buriti, como o óleo corporal com proteção solar fator 30. Bio Extratus/Divulgação

Bio Extratus

Solução que deu certo

A filosofia da Bio Extratus é unir produtos naturais com a tecnologia. “Um bom shampoo precisa de água de boa qualidade e toda a água da fábrica recebe um tratamento que retira os compostos orgânicos. É livre de impurezas”, afirma o consultor comercial da empresa, Eduardo Avendanho. 

Ele conta que os fundadores tinham salões de beleza e precisavam de um produto que pudesse ser usado no salão, sem ter condições para comprar marcas conceituadas. Conseguiram fórmulas desses cosméticos e incluíram a tradição mineira nos compostos. 

A Bio Extratus distribui para todo o Brasil e exporta para Europa e América Latina. Linha vegana, à esquerda, desenvolvida à base de manteiga de coco foi adicionada recentemente ao portfólio da empresa.Kapeh/Divulgação

Kapeh

Do grão de café

Após três anos de pesquisa, a mineira Kapeh Cosméticos iniciou as atividades em 2007 com a comercialização de produtos feitos a partir do grão verde do café. “Trabalhamos toda a cadeia produtiva visando minimizar impactos. Utilizamos materiais de origem reciclada ou passíveis de reciclagem”, destaca a fundadora da marca Vanessa Vilela. “Não é uma fórmula vegana e sim rica em ativos naturais”, deixa claro. 

A fabricante tem programa de devolução de embalagens. A cada seis, o cliente ganha um novo produto. Além disso, não há testes em animais, os itens são livres de parabenos. “É um conjunto de ações que contribuem para a sustentabilidade”, diz Vanessa. Hoje, a Kapeh mantém quatro lojas físicas, uma virtual e está presente em mais de 200 lojas multimarcas.Boticário/Divulgação

O Boticário

Tecnologia a favor

O Grupo Boticário não realiza testes em animais há quase 20 anos e foi, nacionalmente, pioneiro em métodos alternativos. “Acreditamos que existem tecnologias suficientes disponíveis à indústria de cosméticos que substituem, com toda a segurança, esse tipo de análise. Essa postura nos levou a ser a primeira empresa brasileira a desenvolver a pele 3D e também organs-on-chip para simular as condições de uso em órgãos humanos”, revela Diego Costa, gerente de Maquiagem do Boticário. 

De acordo com ele, a empresa está em um movimento crescente de substituição de matérias-primas de origem animal para vegetal, mineral, biotecnológica ou sintética. O Boticário já conta com produtos veganos em seu portfólio. Simple Organic/Divulgação

Simple Organic

Genuinamente vegana

Marca vegana de cosméticos, a Simple Organic nasceu há dois anos, após um processo de autoconhecimento da fundadora, Patrícia Lima. Foi depois de uma gestação que ela começou a pensar nos impactos causados ao meio ambiente pelo homem. 

“A Simple Organic tem enraizado em seu DNA valores que legitima sua razão de ser, entre eles, a igualdade de gêneros, a não realização de testes em animais, a não utilização de ingredientes de origem animal, a valorização da beleza real, o respeito às normas éticas e ecológicas, bem como às matérias-primas utilizadas na formulação da linha”, explica Patrícia. 

Os cosméticos da Simple Organic não contam com produtos geneticamente modificados, ingredientes sintéticos tais como parabenos, petrolatos, parafina, silicone, sulfatos, formaldeídos, aromas e conservantes. Weleda/Divulgação

Weleda

Uso da Antroposofia

A multinacional Weleda adota, desde a fundação, em 1921, os três princípios da sustentabilidade (ambiental, social e econômica). A empresa usa a antroposofia (doutrina filosófica e mística fundada pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner) no desenvolvimento de produtos. 

“A companhia nasceu sob a premissa de desenvolver produtos com ingredientes 100% naturais, com componentes orgânicos, que não prejudicam o meio ambiente, entende que é de sua responsabilidade – como a de todos os seres humanos – fazer o melhor que puder para apoiar um estilo de vida saudável e sustentável, sem comprometer as necessidades das gerações futuras”, declara Beatriz Branco, gerente de marketing. A Weleda é reconhecida em todo o mundo por ser a primeira empresa no mundo a desenvolver cosméticos naturais.

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