Misturando acrobacias a movimentos de força e flexibilidade, pole dance segue em alta

Patrícia Santos Dumont
21/04/2019 às 06:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:19
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Foi-se o tempo em que a modalidade era vista somente como dança sensual cercada por tabus e preconceitos. Atividade que mistura movimentos acrobáticos a exercícios de força e flexibilidade, o pole dance ajuda a fortalecer e esculpir o corpo, melhora o humor e serve até como ferramenta para aumentar a autoestima. 

Praticante há pouco mais de um ano, quando buscou uma atividade física que fosse diferente da tradicional musculação, a engenheira civil Aline de Amorim Rodrigues, de 39 anos, descobriu um universo de possibilidades. Conta que os ganhos foram percebidos em todos os aspectos da vida. 

“Não são só físicos, mas na alma. Descobri um mundo de sororidade onde as mulheres se unem, se ajudam e se incentivam. Tem sido uma terapia, pois, ao mesmo tempo em que consigo fazer algo que jamais pensei dar conta, sinto uma alegria muito grande. São conquistas diárias”, comenta.

Aline diz ainda que passou a respeitar e a interpretar melhor os sinais e limites colocados pelo corpo, percebendo a evolução, dia após dia, das manobras executadas na barra. “É tudo muito inesperado, sem roteiro. O desafio é conseguir fazer amanhã um movimento que hoje eu não havia dado conta”, diz.

Popularizado nas casas noturnas, o pole dance já foi marginalizado em função dos movimentos sensuais e das roupas ousadas das dançarinas, mas vem, aos poucos, ganhando abordagem diferente de atividade física e até exercício de autoestima

A advogada Tathiana de Souza Pedrosa Duarte, também de 39 anos, foi em busca da modalidade para reconstruir a relação com o corpo e a autoconfiança após dar à luz o primeiro filho, Davi, hoje com 4 anos. Dentre os resultados alcançados com a prática, encarada por ela como esporte, estão força nos braços, pernas e no abdômen e melhora significativa da diástase (afastamento dos músculos abdominais) pós-parto. 

“Foi bem difícil, pois nunca tive muita coordenação motora. Mas é um exercício completo, que envolve dança, ginástica e que trabalha muito a coordenação sem que a gente perceba. Ganhei confiança e percebi que podia ir além. Perdi o medo de cair da barra, por exemplo, o que elevou bastante minha autoconfiança, muito importante naquele momento”, detalha.Lucas Prates

Aulas de Lu Senra, proprietária do Studio A, em Belo Horizonte, são definidas conforme o perfil de cada aluno. Ideia é acompanhar a performance de cada um, reforça a pole dancer: “Não existe limitação de peso, idade nem de sexo. A evolução do aluno às vezes é pequena, lenta, mas só para quem está de fora”

700 calorias é o gasto médio proporcionado por uma hora da prática, que movimenta e fortalece todas as partes do corpo

Caso a caso

Proprietária do Centro de Treinamento Body & Soul Pole Dance, no Gutierrez, Oeste de Belo Horizonte, e instrutora da modalidade, Bruna Lacerda reforça que a prática deve ser individualizada para garantir benefícios sem risco de lesões. Ela explica que as aulas não se resumem às manobras na barra. 

“Sessenta minutos de prática são distribuídos em aquecimento e fortalecimento fora da barra, exercícios técnicos, as acrobacias propriamente ditas, aplicação em dança coreografada ou estilo livre. A finalização é um resfriamento”, detalha Bruna. 

A atividade pode ser ensinada em sub-modalidades, que privilegiem acrobacias ou exercícios de força e flexibilidade. À exceção de contrain-dicações médicas, qualquer pessoa, de qualquer idade, ativa ou sedentária, pode praticar pole dance. Lucas Prates

Prática ainda é mais procurada por mulheres, mas homens como o engenheiro Marcelo Ribeiro veem na modalidade uma oportunidade de relaxar o corpo e aliviar a mente: “Ajuda a gastar energia e equilibrar o emocional. Sinto um grande impacto no humor”

Homens ainda são minoria, mas ajudam a quebrar tabus

Embora ainda sejam minoria nos estúdios, os homens vêm, aos poucos, ajudando a mudar o panorama da prática. Engenheiro de controle e automação, Marcelo Marques Ribeiro, de 31 anos, buscou a atividade há pouco mais de quatro. O objetivo inicial era encontrar um exercício que fosse a cara dele. Surpreendeu-se com os ganhos secundários.

“Sou uma pessoa bem ansiosa, então o pole me ajuda a gastar energia e equilibrar o emocional, dando um gás, uma animada, e melhorando até o humor. Além disso, deixou meus músculos mais definidos, me deu mais força, resistência e flexibilidade”. 

Para ele, a atividade ajuda também no processo de autoaceitação. “Como homem gay, vejo uma relação bem parecida com o preconceito que sofremos. É preciso romper com expectativas e modelos arcaicos. Temos que aprender a fazer o que queremos das nossas vidas sem nos importar com o outro”, diz.Reprodução/Instagram

Criticada por ser musculosa demais, “dura” e sem jeito para a prática, a modelo fitness Gracyanne Barbosa compartilha com os seguidores os frutos da atividade

“Sexualmente libertador, catártico, verdadeira forma de expressão e beneficia qualquer mulher”Gracyanne Barbosa - modelo fitness

Empoderamento

Pole dancer há mais de seis anos a proprietária do Studio A, Lu Senra, reforça que as escolas são espaços de reunião e empoderamento. Segundo ela, qualquer pessoa, de qualquer tipo físico e idade, é bem-vinda e capaz de praticar. 

“Está caindo por terra esse tabu de que é preciso ser nova e magra. O que é preciso é vontade! Os homens, principalmente, buscam porque não são julgados. É um ambiente que acolhe, onde não existe competição”, afirma. 

Em sala de aula, ela explica que a prática é dividida em condicionamento, exercícios na barra e de flexibilidade. “Há milhares de benefícios, que podem ser percebidos muito rapidamente e de maneira muito fácil. Aumenta a paciência, a superação e a perseverança”, garante. 

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