Moda dialoga com cinema em Festival Internacional de Documentários em BH

Flávia Ivo
fivo@hojeemdia.com.br
25/11/2018 às 07:00.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:59
 (MET/Divulgação)

(MET/Divulgação)

O nome dado ao Festival Internacional de Documentários de Moda, Feed Dog, pode parecer estranho para quem não transita nos bastidores do universo fashion. Entretanto, tem, no sentido, uma das bases da moda, que é a roupa.

Feed dog é o termo em inglês para denominar uma das peças que compõem a máquina de costura. É por meio dele que o tecido é puxado para o próximo ponto. Logo, é essencial para “alimentar” a confecção de uma vestimenta.

No entanto, o festival, que acontece em Belo Horizonte de 27 de novembro a 2 de dezembro, vai além da roupa, de desfiles, modelos e vitrines. Aborda a moda como fenômeno cultural amplo, incorporando questões de identidade e consumo.

“Mais que a roupa ou o estilo de vestir, a moda está ligada ao comportamento urbano. É uma atividade que dialoga com outros meios como cinema, fotografia, indústria e sustentabilidade. É como uma cebola, há várias camadas”, define Leonardo Kehdi, diretor-geral do evento.

Terra boa

O festival, criado há três anos em Barcelona, está na segunda edição no Brasil e a capital mineira foi escolhida por ser terreno fértil para o setor. A primeira foi realizada, no ano passado, em São Paulo.

Inclusive, o Museu da Moda de Belo Horizonte (Mumo), o primeiro do Brasil destinado à atividade, abrigará, junto ao Sesc Palladium, as exibições de filmes, oficinas e exposições do Feed Dog.

“Fizemos uma votação e os espaços foram decisivos para levarmos o evento para BH. É sempre legal abrir novos horizontes, conhecer novas pessoas”, destaca Marcelo Aliche, diretor-artístico da mostra.

Destaques

O comportamento urbano e as discussões mais quentes da atualidade, como construção de identidade, etnia e impactos ambientais permeiam os filmes selecionados para o festival.

O longa-metragem que abre a mostra, “The First Monday in May”, “é imperdível”, afirmam os diretores. No enredo, o baile de gala do Metropolitan Museum of Art (MET), em Nova York, conhecido pela suntuosidade e ousadia das roupas, ou melhor, fantasias usadas pelas celebridades.

“O museu tem uma coleção permanente muito importante de roupas e o baile é beneficente. Gosto muito da maneira como o filme foi desenvolvido”, coloca Marcelo Aliche.

Outro filme é “Fios de Alta Tensão”, uma das cinco produções nacionais que estão na programação. O documentário investiga a importância do cabelo na construção da identidade de indivíduos, comunidades e grupos étnicos. 

“Fala de negritude, gênero, e está inserido em uma discussão superatual. Além disso, teremos o diretor que estará na sessão comentada”, conta Leonardo Kehdi.

Toda a programação do Feed Dog é gratuita e as inscrições para as oficinas já estão abertas e têm vagas limitadas. As exibições dos filmes estão concentradas no fim da tarde e à noite, tanto no Mumo quanto no Sesc Palladium, ambos localizados na região Central de Belo Horizonte.Flávio Tavares

Coordenador do Lá da Favelinha, Kdu dos Anjos participará de bate-papo sobre produção cultural

Atividades complementares às exibições de filmes ganham referências locais

Com 12 películas na programação, sessões comentadas e outras atividades – veja abaixo todas as atrações –, o festival traz participações locais, também.

Um deles é o professor universitário e CEO do Movimento Moda Contemporânea Mineira Aldo Clécius, referência para o setor em BH. É ele quem vai comandar a oficina gratuita “Produção de Fashion Films no Smartphone”. Durante três dias, os participantes irão roteirizar, produzir, filmar e editar, pelo celular, curtas-metragens de um minuto.

As atividades complementares às sessões de cinema partem do interesse da curadoria em aproximar o público dos profissionais

“É para pensar na comunicação de moda para o YouTube e o Instagram. Todas as marcas, pequenas ou grandes, têm condição de produzir material audiovisual com qualidade e baixo orçamento. Fazer vídeos com conceito bem definido e que conversem com o público”, explica Clécius.

Diferencial

Para o diretor-artístico do festival, Marcelo Aliche, o protagonismo local é muito importante. “Além de facilitar coisas como logística, os personagens locais têm referências que nos ajudam a posicionar o festival no contexto da cidade”, ressalta.

Outra figura de Belo Horizonte que estará presente no Feed Dog é Kdu dos Anjos, coordenador do Centro Cultural Lá da Favelinha, projeto cultural e artístico realizado no Aglomerado da Serra, região Centro-Sul da capital.

Ele fará um bate-papo no qual abordará desafios, possibilidades e efeitos da produção cultural e artística em comunidades e aglomerados. 

Veja e salve a programação abaixo ou clique aqui. Editoria de Arte

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