Público de videolocadoras inclui jovens e crianças, que gostam de escolher filmes na prateleira

Izamara Arcanjo
Especial para o Hoje em Dia
13/09/2021 às 16:01.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:52
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Além do tradicional público de cinéfilos, estudantes de cinema e pessoas que não se adaptam à tecnologia do streaming, o público da Art Vídeo e da Star Vídeo é variado e inclui muitos jovens e crianças. Ravi, de 8 anos, é filho de Júlio Souza e, desde bem pequeno, acompanha o pai nas idas à locadora. “Ele adora escolher os títulos que vai assistir, como os desenhos animados antigos, produções que não são encontradas na internet. Um dos que ele mais gosta é ‘Kiriko’, filme francês baseado em um conto africano sobre uma criança que já nasce pronta e traz um aprendizado maravilhoso. Ele já viu dez vezes”, diz o pai do menino.

Os irmãos Júlio Marques Nascimento, de 17 anos, e Luísa Marques Nascimento, de 6, também são frequentadores assíduos da Star Vídeo. Para Júlio, escolher um DVD é uma questão cultural. Ele cresceu vendo o avô alugar filmes. “É bom sair de casa, ver, encontrar as pessoas. As locadoras também mantêm em seus acervos muitos filmes que não são mais comercializados”, aponta Júlio. O adolescente, que antes gostava de filmes como Star War, Batman e Liga da Justiça, agora tem procurado por títulos com “A Tabacaria”, “Forest Gump” e “O Poderoso Chefão”. “Se não acho na Netflix, com certeza, vou encontrá-los na locadora.”

A irmã de Júlio, a pequena Luísa, aproveita para ir à locadora alugar os DVDs de desenhos antigos de que tanto gosta e não passam mais nas plataformas, nem são encontrados com facilidade. “Gosto de assistir ‘Os Três Porquinhos’ e ‘Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau’, fala a menina.Maurício Vieira/Hoje em Dia / N/A

Os irmãos Júlio e Luísa são frequentadores assíduos de videolocadoras

“É um público que vem de longe para alugar um filme”, revela Marlene. “Costumo receber pessoas de outras cidades. Neste caso, é comum levarem mais filmes e, aí, ampliamos o prazo para devolução”, relata a empresária.
Organização do acervo por diretores e manutenção de títulos de clássicos e filmes de arte também são estratégias usadas pela empresária Marlene Lisboa, dona da Art Vídeo, para chamar a atenção de um público bastante específico. O acervo de 10 mil filmes ainda encanta pesquisadores e apaixonados por cinema.

Anos 2000

Marlene lembra com nostalgia do início dos anos 2000, quando recebia muitos cinéfilos na locadora. “Chegava a ter fila para o atendimento, toda sexta-feira. Hoje, não é mais assim, mas quem gosta de um bom clássico ou de filmes autorais sabe que vai encontrar aqui obras de Ingmar Bergman, Buñuel, Godard, Fellini, Visconti e filmes iranianos e asiáticos raros”, diz.

Randolfo, da Star Vídeo, também precisou de uma nova maneira de deixar o negócio mais sustentável e, por isso, passou a vender os DVDs. “Recebo encomendas de colecionadores e pessoas que gostam dos filmes e querem ter seu próprio acervo, assim, vamos conseguindo nos manter”, afirma.

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