Pandemia expõe carência de apoio emocional e vários cuidados, além de comida e bens materiais

Luisana Gontijo
lgontijo@hojeemdia.com.br
28/03/2021 às 19:19.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:32
 (lucas prates)

(lucas prates)

O Brasil nunca teve tanta gente precisando de ajuda. Felizmente, há milhões de outros brasileiros estendendo as mãos. Pessoas dispostas a dividir até o pouco que têm. E a solidariedade, em ações voluntárias coletivas ou individuais, distribue mais do que alimentos, roupas e outros bens materiais. Há quem ofereça atenção, apoio emocional, amor e orientação psicológica.

“As pessoas necessitadas precisam de amor e atenção. Ao criar um relacionamento com elas, a gente vai percebendo no que pode ajudar. Falo muito mais do prazer em poder ajudar, conhecer, entender o contexto e caminhar junto com elas. Ao ter contato com algum tipo de vulnerabilidade, a gente descobre as nossas”, pondera o coordenador do projeto "Transforma Brasil" em BH, Felipe Americano.

Plataforma que fomenta o voluntariado – fazendo conexão entre organizações, empresas, grupos e pessoas físicas que querem ajudar –, o Transforma Brasil reúne, revela Americano, 3 mil instituições cadastradas no país. Na capital, são cerca de 200.

“Algo bem legal no site é o Voluntariômetro. Quando existe a conexão do voluntário com o site, a organização faz o check-in dessa pessoa, se ela de fato compareceu e fez o serviço. Tem um reloginho na plataforma. Em BH, estamos com 7.700 horas de trabalho voluntário”, isso, desde 5 de maio de 2020, quando a plataforma foi criada na cidade, aponta.

Idosos
Criada há 35 anos, em Minas, a Cooperação para o Desenvolvimento e Morada Humana (CDM) – instituição do terceiro setor que atua com responsabilidade social, voluntariado corporativo e eficiência energética – tem focado, nestes tempos de pandemia, no cuidado com os idosos.

No Troca de Olhares, que começou presencial e se adequou no ano passado, explica a gerente de Projetos da CDM, Vivian Ramos, os voluntários fazem palestras, ministram oficinas nas mais diferentes áreas (como fotografia, educação física, inclusão digital) e focam no acolhimento.

Depressão
O projeto atende cerca de 300 idosos da região do Barreiro, em BH, e, segundo Vivian, está sendo ampliado para mais três regionais: Venda Nova, Nordeste e Norte. “Esta é uma fase da vida em que há muita depressão, principalmente em comunidades vulneráveis. Com a pandemia, aumentou mais”, lamenta.

Vivian Ramos diz que a atenção inclui da oferta do básico, como alimentação, ao acolhimento emocional. “A gente sentiu muito que o que eles estavam com sede era desse acolhimento. Até um coral on-line conseguimos montar”, comemora.

 Lucas Prates / N/A

Ariana Gonçalves atua para ajudar pessoas necessitadas desde criança

"Muita gente precisa só de uma mão estendida para dar conta”

Ser solidária, oferecer ajuda a quem aparece na sua vida com alguma necessidade, é algo natural para a artesã Ariana Santos Gonçalves, de 36 anos, dona de um brechó no bairro Nova Suíça, região Oeste de Belo Horizonte. Mãe de três filhos, dos quais cuida sozinha, ela é daquelas pessoas que não pensam duas vezes para dividir o que têm.

“Arrecado alimentos, roupas, para ajudar famílias que passam necessidade. Comecei quando pequena e faço isso ao longo da minha vida. Peço na internet, aos vizinhos, bato nas portas”, admite Ariana, que ampara desde famílias de estrangeiros que chegam a BH a moradores em situação de rua próximos à sua casa.

A artesã relata que, atualmente, tem se voluntariado em parceria com a amiga Alessandra Caetano. “É uma pessoa incrível. Ela traz algumas necessidades e tento colaborar. Agora, nosso foco é ajudar uma família de venezuelanos – pai, mãe e dois filhos – que está passando muita dificuldade, ao tentar se estabelecer aqui em Minas”, revela.

“Eu não tenho muito, mas compartilho. Vi isso funcionar na prática, não é utopia, é praticar o amor. Muito se fala do amor, mas praticar tem que ser a todo momento”, aconselha Ariana Gonçalves.

“Às vezes, uma contribuição pequenininha faz tanta diferença. O ser humano precisa ter dignidade para caminhar com as próprias pernas. A pessoa pode não ter nada, mas, se ela tem dignidade, vai encontrar coragem para dar um passo, para se levantar da cama. Muita gente precisa só de uma mão estendida para dar conta”, ensina.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por