'Resident Evil' completa 25 anos como embaixador do Survival Horror

Marcelo Jabulas
@mjabulas
27/03/2021 às 09:41.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:31
 (Capcom/Divulgação)

(Capcom/Divulgação)

A Capcom se prepara para lançar “Resident Evil 8”, mais novo capítulo da franquia que definiu o gênero Survival Horror. A nova aventura se conecta aos eventos do sétimo game e, mais uma vez, volta a usar visão em primeira pessoa, para amplificar ainda mais a sensação de pânico da trama. 

Mas, enquanto o novo “RE” não chega, vamos voltar a 22 de março de 1996, quando a Capcom publicou o título original da série. “Resident Evil” estreou no PSOne e colocava o jogador numa mansão sinistra, inspirada no Stanley Hotel, cenário do clássico “O Iluminado”.

Originalmente o game se chama “Biohazard”, mas, para a publicação nos Estados Unidos, os produtores resolveram mudar o nome e não correr novamente o risco de ter um problema jurídico. Em 1991, quando publicaram “Street Fighter”, foi preciso renomear os personagens na edição ocidental. O pugilista Balrog se chamava, originalmente, M. Bison. 

Os advogados da Capcom achavam melhor mudar a ordem dos nomes, para evitar um quase certeiro processo por Mike Tyson, pelo possível uso inapropriado de sua imagem. Basta ver que o personagem trazia traços do ex-campeão dos pesos pesados.

Com “Resident”, a mudança se deu em função da banda de metal Biohazard. A Capcom não queria correr o risco de enfrentar uma batalha judicial por violação de direitos autorais.

O jogo

É bem provável que todo mundo que jogou videogame nas últimas duas décadas conheça a história de “Resident Evil”. No entanto, vamos dar um breve resumo para aquele amigo que porventura chegou ao planeta por estes dias e ficou curioso. 

O game se passa dentro de um casarão, a Mansão Spencer, localizada nos arredores da fictícia cidade de Raccoon City. O jogador pode conduzir a campanha na pele de Jill Valentine ou Chris Redfield. 

A equipe investiga um acontecimento estranho nas proximidades, mas é “empurrada” para dentro da casa por uma matilha de cães raivosos. E é aí que a história começa. 

Jogabilidade

No game, o objetivo do jogador é avançar pelos cômodos da mansão. Basicamente, é preciso combinar itens de diferentes quartos para dar acesso a outros e chegar ao fim da história. Parece até inocente, mas cada dependência tem suas surpresas e desafios.

Zumbis, quebra-cabeças, armadilhas, trancas e toda a sorte de criaturas estão lá para atormentar a vida do jogador. E, para piorar, os recursos são escassos. 

Dependendo da dificuldade, os inimigos são mais fortes e o protagonista começa a campanha sem munição. Ou seja, terá que lutar apenas com a faca entre os dentes.

Elementos de saúde também são escassos. O game conta com as famosas plantinhas verdes e vermelhas. As verdes têm fator de cura. Se o jogador combinar duas ou três, o efeito é potencializado. As vermelhas servem apenas para engrossar o caldo e sozinhas não servem para nada.

Salvamento

Salvar o progresso em “Resident Evil” demandava dois fatores. O primeiro era físico: o famoso Memory Card do PSOne. Ele era fundamental para salvar qualquer game, uma vez que não havia como reescrever na trilha do CD-ROM. O segundo fator eram as famigeradas bobinas de máquinas de escrever, os chamados Ink Ribbons. 

Eles são tão escassos quanto munição e ervas medicinais. Assim, o jogador deve dosar a quantidade de salvamentos, para não ficar na mão após vencer um obstáculo difícil.

Zumbis

O jogo foi um dos grandes responsáveis pela zumbi mania que se instalou no mundo. No game, o jogador se depara com esses canibais ébrios, caminhando em sua direção de forma letárgica.

O jogador pode decidir pelo embate corporal ou apenas se esquivar deles. O problema é que munição não é algo farto no jogo. E matar um zumbi pode consumir boa parte das balas. Derrubá-lo com a faca pode ser uma saída, mas, quanto mais próximo, maior o risco de ser atacado.

Mesmo assim, o melhor é limpar cada um dos cômodos, pois, na trama, o jogador precisa acessar as dependências da mansão constantemente. E nada mais chato que entrar numa sala com pouca saúde e ter que driblar o babão.

Gráficos

Em “RE”, o jogador tem visão em terceira pessoa. Mas o game utiliza um artifício gráfico para lidar com as limitações técnicas da época. Em 1996, o PSOne era um console moderno, mas o uso do CD-ROM limitava a capacidade máxima do game a 650MB. 

Assim, para poder encaixar tudo no mesmo pacote, a Capcom utilizou um recurso de câmera fixa, como em “Alone in the Dark” (1992). Esteticamente o recurso era fantástico, pois permitia exibir ângulos dramáticos em cada sala. O problema estava na movimentação. 

Quando o game foi lançado, o Dualshock ainda não contava com controles analógicos, assim, toda movimentação se dava nas setinhas. O lance é que o jogador precisa se habituar a se mover de acordo com o posicionamento de câmera e não tendo as costas do personagem como referência. Dá um pouco de trabalho, mas, com o tempo, se pega o jeito. 

Portas

Outro recurso que se tornou marca do game, mas tinha função técnica, eram as portas. A cada cômodo, o jogador tem que assistir a uma animação da porta se abrindo. Trata-se de um elemento extraído de “Sweet Home”, game lançado para NES em 1989, pela Capcom. 

Inclusive, “Resident” foi pensado primeiramente para ser uma releitura do game, mas acabou ganhando identidade própria. Mas, voltando à porta, o recurso era necessário para carregar os dados daquela sala em si. No entanto, ajudava a amplificar a tensão do jogo. 

Onde jogar

Hoje é possível jogar a edição original no PS3, onde ainda é vendido como item da coleção PSOne Classics. No entanto, a edição remasterizada (com base na versão para Nintendo Gamecube) está disponível para PC, PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One e Nintendo Switch.

Palavra final

“Resident Evil” é um game fundamental na história do videogame. Ele popularizou o gênero Survival Horror, que tem sido amplamente explorado desde então. Sua estética de câmera fixa, a movimentação confusa, os carregamentos dos cômodos, tudo isso amplifica a tensão do jogador.

Quem puder jogar o original deve fazê-lo, nem que seja apenas por uma experiência didática. Mas ainda é uma aventura apavorante, mesmo depois de 25 anos.

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