Testamos o solitário e fascinante 'Unto the End'

Marcelo Jabulas
@mjabulas
11/12/2020 às 22:29.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:17
 (2 Tons Studios/Divulgação)

(2 Tons Studios/Divulgação)

Na semana em que “Cyberpunk 2077” toma conta de todas as timelines possíveis e “The Last of Us - Part II” amealha nada menos que sete prêmios no Game Awards 2021, eis que “Unto the End” surge como uma grata surpresa para quem busca um game desafiador, mas sem o peso do hype das redes sociais e a badalação de uma superprodução.

“Unto the End” é uma produção da 2 Tons Studios, produtora formada pelo casal Stephen Danton e Sara Kitamura. Os dois criaram o game sozinhos e entregaram para BIG Sugar fazer a distribuição, com versões para PC (R$ 47,49), PS4 (R$ 133,90) e Xbox One (92,45).

O game coloca o jogador na pele de um pai de família medieval. Um homem comum que se dedica a levar sustento para casa em uma terra gelada. E numa dessas andanças é que sua jornada começa. Ele só quer voltar para casa. Pelo visual, parece que a trama ocorre na porção ártica da Europa. Seu personagem é um homem ruivo de barba comprida, que conta com um espada afiada e a sabedoria de quem vive na floresta.

Estética

Sem diálogos, o game se passa em cenários pouco amistosos, cavernas e florestas habitados criaturas ferozes. A trama começa quando o protagonista cai num buraco e fica preso em uma caverna. O game tem estilo de jogabilidade cinemático, que segue a linha de títulos como “Limbo” e “Inside”. A trama é continua e cheia de obstáculos que precisam ser vencidos.

Visualmente, o game impressiona pela estética. Não se trata de uma produção fotorrealista, mas um jogo muito bonito e com uma trilha sonora impecável. Trata-se de um estilo de design sem linhas de contorno. Ou seja, as cores delimitam as formas e compõem os elementos. “Limbo” e “Inside” também têm essa pegada, apesar de o primeiro ser monocromático.

Outro mundo

Quando se cai na caverna é impossível não se lembrar de “Out of this World”, que também era chamado de “Another World”. Clássico do início dos anos 1990, publicado pela Delphine Software, pela movimentação, pelo estilo gráfico e pelo cenário pouco amigável.

No entanto, “Unto the End” é bem mais refinado. Nele o jogador tem mais opções de interação e comandos. É possível melhorar sua indumentária. Para isso é preciso recolher ossos, couro e madeira pelo caminho. Também é possível fabricar tônicos de cura, assim como adagas (que são usadas para arremesso). 

Sair da caverna é apenas um dos desafios do jogador. O lugar é um labirinto imenso, com diferentes entradas. Como via de regra, vale sempre ir pelo caminho menos óbvio, o que te permite explorar melhor o ambiente e coletar insumos. Pelo caminho, o jogador descobre que não foi o único a ficar preso por ali. Há alguns corpos e até um moribundo clamando por clemência. 

Fogueira

O game conta com fogueiras que servem como um ponto de descanso e também para se confeccionar itens. Nele é possível esmagar folhas para produzir tônico, assim como construir as melhorias de sua armadura.

Combates

Com a exploração do local, começam a surgir as criaturas, como se fossem de uma colônia. Ferozes, essas criaturas podem matar o jogador com um único golpe. Para derrotá-las é necessário dominar os comandos de defesa e ataque. Rolamentos, empurrões e saltos ajudam nas lutas.

No entanto, é difícil vencer as batalhas. Um inimigo aparentemente inferior pode ser um empecilho que pode custar muitas tentativas. E o mais legal, os padrões de movimentos e reações dos inimigos são bem diversificados. Nas tentativas de combate, eles podem reagir de forma diferente e surpreender o jogador.

Já os combates com criaturas maiores exigem paciência e estratégia. Muitos deles não são vencidos na força bruta. É preciso driblá-los e atacar enquanto estão desorientados. Mas falar é fácil. Muitas vezes se for possível fugir, não se sinta um covarde.

Armadilhas

O game é repleto de armadilhas que podem tirar muito sangue ou até matar. O jogador precisa ter cuidado onde pisa e nunca deixar de ter uma tocha à mão. No entanto, há perigos naturais. Em alguns pontos da caverna, a estrutura é instável. Quando se salta, pequenos abalos podem desprender rochas. E elas podem cair na sua cabeça.

Palavra final

“Unto the End” é uma grata surpresa. Um belo game que coloca um homem comum numa jornada épica. Ele não sai em busca de tesouros e glórias. Ele sai para buscar alimento e se enfronha numa grande aventura. Seu prêmio é voltar para casa.

Trata-se de um game legal, muito bem construído e que merece ser jogado, não apenas pela qualidade, mas pela dedicação de seus dois designers, que se inspiraram em suas explorações silenciosas em países onde não dominavam o idioma. Mais que recomendado.

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