Teste: Jogamos "Project CARS 3" que acaba de chegar com jogabilidade mais amigável

Marcelo Jabulas
@mjabulas
28/08/2020 às 19:48.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:24
 (Bandai Namco)

(Bandai Namco)

O que move qualquer indústria é o interesse de consumo por aquilo que ela fabrica. Do Ferro-gusa ao iPhone, só se produz o que há demanda. Na indústria dos games, a lógica não é diferente. E na mesa da diretoria da Slightly Mad Studios (que hoje pertence à conterrânea Codemasters) foi escrito em letras garrafais que o “Project CARS” precisava mudar de foco para vender mais.

E “Project CARS 3” mudou. O game acaba de chegar com nova proposta. Deixou de ser um simulador para se tornar um SimCade (intermediário entre simulador e arcade), nos moldes de “Gran Turismo” e “Forza Motorsport”. 

 É verdade que a franquia vem passando por metamorfose desde o título de estreia. Quando foi publicado em 2015, o primeiro “Project” chamava atenção pelo seu nível de dificuldade elevado, física e gráficos refinados. Elementos que fizeram dele o jogo de gente grande para PS4 e Xbox One.

Era um game difícil demais para ser jogado. Quem quisesse prosperar precisaria se dedicar à exaustão. Não era impossível, mas quem não tinha muito entusiasmo e queria apenas brincar de corridinha não se arriscava. Mesmo assim vendeu cerca de 2 milhões de cópias em seu primeiro ano de mercado, que não é um número modesto. Pelo contrário, um número relevante para um simulador. Seu rival “Assetto Corsa” vendeu 1,4 milhão, o que também não é pouco.

Amigável

Já em 2017, quando publicou “Project CARS 2”, a produtora britânica viu que era preciso conversar com dois mundos ao mesmo tempo: os jogadores de simuladores e aqueles que queriam um game desafiador, mas não torturante. A solução foi aplicar um sistema de assistências que equilibrava o nível de realismo e dificuldade do jogo.

Para o jogador freguês da franquia, a grande novidade era o clima e passagem de tempo dinâmicos. Isso exigia estratégia de boxes, pois era preciso estar atento a trocas de pneus repentinas, que elevavam o realismo da corrida e a dificuldade do game.

E apesar de ser um belo jogo, com uma lista formidável de automóveis e notas elevadas, “PC2” acabou não sendo o gol de placa que se imaginava. O jogador de “PC1” ficou ressabiado em apostar num game que poderia perder seu grande diferencial, que era a simulação. Outro detalhe, ele chegou praticamente junto de “Gran Turismo Sport” e “Forza Motorsport 7”, os grandes exclusivos de Sony e Microsoft.

Project CARS 3

Agora, “Project CARS 3” estreia com uma proposta ainda mais voltada para o SimCade, seguindo um caminho que também foi adotado nas produções da Codemasters. “Grid” mudou de foco e “Dirt 5”, que estreia em outubro, também adota jogabilidade mais casual. Logo de cara, trás elementos que buscam conexão com o jogador. É possível personalizar seu piloto, com sexo, raça e tipos de uniformes. 

Auto-escola

No tutorial, o jogador tem quatro níveis de dificuldade para escolher. Ou seja, ele simplifica os incontáveis ajustes de seu antecessor para perfis pré-definidos. Assim, o mais leigo dos jogadores sabe exatamente em que opção ele se enquadra.

Na primeira prova do jogo, há instruções simples de condução em pista, como pontos de tangência, momento de frenagem, sustentação da velocidade e aceleração. Mas de forma bem didática, que basicamente faz o mesmo que os cones de “GT Sport”.

Primeira impressão

Chama atenção que no lugar de um circuito real, trata-se de um traçado urbano, com poucas curvas, à bordo de um Chevrolet Corvette C8, que não espanta o jogador logo na primeira impressão. Quem jogou “PC2” deve se lembrar que as “boas-vindas” era uma prova no traçado urbano de Long Beach, com muretas por toda a extensão e um McLaren 650 satânico. Completar uma volta já era uma vitória 

O game oferece ao jogador a possibilidade de adquirir e modificar seus carros. É possível trocar componentes e modificar a estética do carro, numa sacada que “Gran Turismo” faz desde os anos 1990 e que foi a fórmula para que “Need For Speed” fosse a franquia de corridas mais popular do planeta.

Na lista inicial é possível levar para casa um Toyota 86, assim como um Mitsubishi Lancer Evolution VI T.M.E. (Tommi Mäkinen Edition) ou Honda Civic Type-R (da nona geração). Depois disso, é começar a “pentear” seu possante. Mas fique tranquilo, são pelo menos 200 carros, de diferentes categorias e mais de 120 traçados, incluindo Interlagos.

Jogabilidade

Comparado ao primeiro game, “Project CARS 3” é um passeio no parque. Em nosso teste, optamos pelo modo mais purista, com qualquer tipo de assistência desabilitada. E, mesmo assim, domar o carro não exigiu grande esforço. Se nos dois primeiros games toda curva deveria ser calculada com o máximo de precisão, agora tudo ficou mais fácil. 

Ele te permite forçar o carro ao extremo. Se entrar quente demais, deixe a traseira se soltar e conserte no contra-esterço. Se bater, sem problemas, os danos são apenas cosméticos. 

Palavra Final

“Project CARS 3” é um game completamente diferente do que a franquia já tinha produzido. Para quem é fã de simulação, o jogo pode ser uma grande decepção. No entanto, é um game amigável para quem gosta de jogos de corrida, mas nunca terá como prioridade montar um kit com banco, pedaleira, volante, um monte de monitores e passar o sábado ajustando o carro. É um game para quem gosta de videogame, carros legais, mas sem compromisso com realismo. É ligar e jogar. 

Com versões para PC, PS4 e Xbox One, com preços entre R$ 250 e R$ 395.

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