Tudo no devido lugar: bagunceiros podem pedir socorro; personal organizers estão bombando!

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
15/11/2017 às 09:00.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:42
 (Fotos Pedro Gontijo e Maurício Vieira)

(Fotos Pedro Gontijo e Maurício Vieira)

Casa desorganizada, vida bagunçada. Todo mundo, em algum momento da existência, ouve essa associação. Cedo ou tarde, acaba percebendo que a desordem nos armários de casa ou na bolsa de mão é responsável (sim!) por parte da carga de estresse no dia a dia –mais até, pela perda de tempo e de dinheiro. A boa notícia é que há ajuda profissional para colocar as coisas em ordem e socorrer os bagunceiros “de carteirinha”. 

, como preferem ser chamados. De março, quando foi criado, até agora, o grupo conseguiu reunir cerca de 50 profissionais da área. No próximo sábado, um evento deve trazer mais 50 para a capital. 

Uma das fundadoras da Associação Regional de Profissionais de Organização e Produtividade de Minas Gerais (Arpop-MG), Renata Fonseca é bambambã na capital. Dona da empresa que leva o próprio nome, a moça de 33 anos é prova de que o negócio vem bombando mesmo e, aos poucos, perdendo o status de “coisa de rico”. Há dois anos e meio, ela abandonou a rotina de estudar para concursos públicos para se dedicar exclusivamente ao ofício de organizar lares e vidas. Não se arrepende. 

“A vida da gente está cada dia mais corrida e o tempo passando cada vez mais rápido. Nessa correria, as pessoas começam a delegar parte das tarefas para alguém. Se antes precisavam de um funcionário para comprar algo, por exemplo, agora delegam a organização da casa”, justifica. Maurício VieiraRenata desistiu do concurso público ao descobrir o gosto pelo novo ofício; atualmente é uma das profissionais mais requisitadas em BH

Investimento

E qual o custo da ajuda profissional? Cerca de R$ 70 por hora. “Quem procura quer realmente trazer a organização para o dia a dia. Não joga dinheiro fora”, ressalta a organizadora, sempre com agenda cheia.

A administradora Cristina Dumont também trocou de profissão. Há quatro anos dedica-se à organização de ambientes – há um, está à frente da Mudares Organiza. Muito procurada por quem está de mudança ou acabou de concluir o processo, ela ensina o principal truque da casa perfeita: setorizar. “Percebo que as pessoas não têm noção do que é organizar. A primeira coisa é separar o que é igual no mesmo espaço, assim as coisas não ficam espalhadas pela casa. Depois, manter fica mais fácil”, diz.

Na Mudares, o serviço inclui organização e instrução do cliente ou profissional que manterá a casa ordem, além de uma reava-liação 30 depois do serviço e um contato um ano depois. “O objetivo não é simplesmente arrumar, mas deixar tudo pronto para que a própria pessoa possa dar continuidade”. Pedro GontijoAdministradora Cristina trocou de profissão há quatro anos e, desde então, vem ajudando pessoas a organizarem a casa e a vida

Ficou animado para botar a casa ordem? Confira algumas dicas das profissionais de BH:

- . Ao invés de fazer as coisas caberem nos armários, organize-as de modo que encontrá-las depois fique, inclusive, mais fácil também. A dica é setorizar: objetos iguais ou voltados para o mesmo uso devem estar armazenados no mesmo espaço ou pelo menos próximos. 

- . Evite ter no armário peças de roupas que fiquem mais longas ou mais curtas. Cabides padronizados em tamanho, material e modelo facilitam a ordem das coisas e até visualização das peças. Importante: priorize pendurar o que pode ser pendurado!

-  As peças de roupa devem ser dobradas de modo que fiquem todas aparentes e visíveis na hora da escolha. Nada de fazer pilhas enormes, que podem tombar facilmente. 

- . Para otimizar o armário de calçados, use o seguinte truque: coloque apenas um pé do par à frente e o outro atrás, assim é possível ver mais peças de uma só vez e aproveitar melhor o espaço.Fotos Pedo Gontijo / N/A

Somente um pé dos calçados à frente, peças íntimas em colmeias e camisetas empilhadas, ensina Cristina

- . Lenços e cintos podem ser armazenados em caixas organizadoras, que facilitam a setorização e a manutenção da ordem.

- . Alimentos e produtos de limpeza e higiene podem ser melhor organizados quando colocados em compartimentos. Experimente usar caixas organizadores para setorizar cada um deles e delimitar o espaço destinado a cada tipo de uso.

- . Esqueça as bolinhas de meia, que podem relaxar o elástico do acessório e estragá-las num tempo mais curto. Armazene-as dobradas ou, se preferir, em colmeias, onde também podem ser guardadas peças íntimas e sutiãs de bojo.

-  Se estiver construindo ou com a casa em obras, planeje os armários conforme as peças que têm. Espaço para vestido longo, por exemplo, é fundamental! Pense nisso!Fotos Maurício Vieira (alto) e arquivo pessoal

Setorização por iguais, roupas de cama dobradas do mesmo tamanho e cabides padronizados são dicas de Renata Fonseca

Técnica que usa cores do semáforo ameniza o desconforto do descarte

Tornar o desapego minimamente exaustivo do ponto de vista emocional, facilitando a organização e reconfiguração de ambientes é o ponto de partida do trabalho de Talita Melo. Fundadora da Kiiro – Organiza e Simplifica, em São Paulo, a personal organizer criou um código de arrumação baseado nas fases do semáforo. 

A ideia, explica a profissional, parceira da MetroFit (empresa de locação de espaços privativos e temporários para armazenamento de itens pessoais e corporativos), é que ao descartar uma peça encostada no fundo do armário a pessoa, ao invés de lamentar-se pela perda, tenha a sensação de ganho ou até algum retorno financeiro com o desapego.

“Alguns profissionais, como a Micaela Góes (apresentadora do programa Santa Ajuda, do GNT) já utilizam a técnica do verde-amarelo-vermelho para indicar o que fica, os itens que vão para doação e o que vai para o lixo, nesta ordem. Minha ideia foi usar a mesma configuração, baseada num signo universal, de conhecimento de todos, para criar um método diferente, que cause certo conforto emocional”, explica. 

Verde significa venda; amarelo, ação, ou seja, o que precisa ser lavado, passado ou costurado para ser aproveitado novamente; vermelho traduz o que parou na vida e deverá, então, ser doado.

Perfis "acumuladores"

Além da falta de tempo ou até de habilidade para colocar casa ou escritório em ordem, a organizadora explica que há perfis de pessoas com tendência a acumular objetos e que, portanto, costumam ser mais bagunceiras, digamos. 

O perfil emocional é aquele que associa o objeto a um sentimento e a lembranças e memórias; o de escassez, geralmente está relacionado a pessoas mais velhas ou a quem já tenha vivenciado situações de dificuldade financeira ao longo da vida e que acredita precisar desse ou daquele objetivo em algum momento. Já o perfil criativo está ligado a pessoas que enxergam um potencial artístico em tudo o que veem e têm, mas não o coloca em prática. 

Para evitar cair em tantas armadilhas, um dos principais macetes ensinados pela personal organizer é evitar manter coisas armazenadas em caixas, por falta de espaço ou no pós-mudança, mesmo quando a intenção for passageira. “Colocar a vida em caixa não é fácil. Tirar, menos ainda”, enfatiza.

Além disso:

Fenômeno editorial em 2015, o livro A Mágica da Arrumação, da japonesa Marie Kondo, não só vendeu mais de 2 milhões de cópias no mundo inteiro, tornando-se um best-seller, como arrebanhou uma legião de interessados em deixar a casa (e a vida!) nos trinques com dicas rápidas e fáceis de implementar.

O método da escritora de 30 anos – uma das cem pessoas mais influentes do mundo, segundo a revista Time –, é claro e vai além, por exemplo, do simples fato de desfazer as bolinhas de meia. KonMari, como foi nomeado, baseia-se no princípio de criar uma conexão emocional com os pertences pessoais, mantendo no armário somente aquilo que traz alegria e “descartando” o resto.

“As meias na gaveta estão de férias. Levam uma surra no trabalho do dia a dia, aguentando a pressão e a fricção para proteger seus preciosos pés. O tempo que ficam no armário é a única chance que têm de descansar”, diz Kondo no best-seller lançado, no Brasil, dois anos atrás, justificando o método de dobrá-las delicadamente e guardá-las “em pé” e não somente embolá-las e jogá-las no fundo armário. 

Basicamente, a arrumação sugerida por Kondo leva em conta muito mais a questão afetiva e a relação que se tem com tudo o que guardamos em casa do que simplesmente o fato de caberem ou não em determinado lugar. Como diz o Feng Shui, é dar espaço para as energias circularem, abrindo caminho para a renovação.

 Veja algumas dicas da expert japonesa, Marie Kondo:Editoria de Arte

Confira galerias com antes e depois dos trabalhos de Renata Fonseca e Cristina Dumont e dicas fáceis para implementar em casa:

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