Watch Dogs: Legion e o 'Grande Irmão' que paira sobre Londres

Marcelo Jabulas
@mjabulas
07/11/2020 às 00:32.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:58
 (Ubisoft)

(Ubisoft)

Quando o primeiro episódio de “Watch Dogs” estreou em 2014, a história tinha como amálgama a capacidade do jogador de raquear telefones e dispositivos eletrônicos. Naquela época se vivia a consolidação dos smartphones e os primeiro passos do IOT, sigla em inglês para Internet das Coisas, o que fazia a trama muito pertinente e assustadora. Hoje, o IOT é uma realidade, televisores se conectam à geladeira e lâmpadas, assim como aparelhos de ar-condicionado podem ser acionados a distância por um comando de voz ao telefone. 

Tudo isso é apenas para ilustrar que os produtores da série precisaram ir além. “Watch Dogs: Legion” chegou há uma semana e coloca o jogador numa Londres futurista e caótica. O game se passa anos à frente do atual. A capital inglesa vive em uma contínua tensão. 

Ela é controlada por uma empresa de segurança que tenta conter uma onda de crimes, após uma série de atentados promovidos por um grupo terrorista. Mas a culpa caiu na conta da DedSec, grupo ativista de hackers, em que o jogador é integrante.

A partir daí, ele precisa restabelecer sua organização, conter o grupo terrorista Zero Day, além de derrubar a empresa de vigilância Albion, que viola os direitos civis dos londrinos sob argumento da necessidade de manter a ordem. 

O game se passa por volta da década de 2030, num cenário em que drones de vigilância, carros autônomos e scanners de checagem de identidade são triviais. Pode parecer um tanto obscuro, mas o game pode ser considerado como uma espécie de oráculo para o mundo real cada vez mais conectado e com discursos autoritários. 

James Bond

A primeira missão do game coloca o jogador na pele de Dalton Wolfe, um agente garboso de terno bem cortado e muitos equipamentos, que inicia o game atravessando o Tâmisa numa lancha. Só faltou ter uma Walther PP sob o paletó e uma garrafa Bollinger no balde de gelo.

Dalton dá as primeiras instruções de jogabilidade. Sua fase é um tutorial, mas é responsável por explicar a história. O agente não consegue sair vivo da missão inicial. Seu papel era apenas introduzir o jogador na trama e desenhar a necessidade de reconstrução do DedSec com cidadãos comuns e não superespiões. 

Recrutamento

Nesse game não há um grande herói e sim um grupo de pessoas comuns que tentam livrar Londres da opressão da Albion e dos ataques do Zero Day. E uma das tarefas do jogador é recrutar novos agentes para a DedSec. Para isso, basta utilizar seu telefone para espiar os transeuntes. Profissão, posicionamento político, dados de saúde, patrimônio são informações que podem ser obtidas antes da abordagem. Muitas vezes será necessário recrutar cidadãos com habilidades específicas para determinadas tarefas.

Mas não basta apertar um botãozinho. Para atrair um estranho para o seu lado é preciso dar algo em troca. Cada recrutado delega ao jogador uma tarefa. São missões de baixa complexidade, como recuperar item, liquidar um agiota, apagar um registro. 

Bola de neve

O fato de poder recrutar incontáveis agentes acaba criando uma bola de neve de tarefas. Muitas delas são legais de cumprir. Outras são cansativas e repetitivas. Mas fique atento. O game conta com um modo em que o agente quando abatido é eliminado definitivamente da campanha. Assim, se todos seus agentes morrerem , o game termina. 

Guia turístico

Mais uma vez, a Ubisoft caprichou na construção do cenário. Assim como já tinha feito na Nova York de “The Division” e na Washington de “The Division 2”, o mapa de Londres é milimetricamente preciso. Big Ben, Abadia de Westminster, Palácio de Buckingham e London Eye (a roda gigante às margens do Tâmisa) estão lá, impecáveis e perfeitos. 

É possível ficar horas apenas perambulando pela cidade e colecionando cartões postais. Afinal, o game conta com modo foto, o que permite tirar uma selfie na Ponte de Londres e demais atrações. Mas é claro que não temos uma Londres completa e se o amigo tentar visitar Abbey Road não conseguirá chegar lá, pois está fora dos limites do mapa do game. Um pecado.

Palavra final

“Watch Dog: Legions” é um bom game. Quem não jogou os episódios anteriores não se sentirá perdido na história. Mas a graça está na mensagem sombria de um futuro próximo. Já estamos vivemos um momento em que perdemos o controle de nossos dados pessoais. No game, personagens reclamam de terem sido expostos ou constrangidos. Apesar de ser um jogo que amplifica esse cenário de Big Brother orwelliano, não deixa de ser uma reflexão sobre para onde estamos caminhando. “Watch Dog: Legions” tem versões para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series com edições a partir de R$ 250.

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