Cármen Lúcia dá 48 horas para Tribunais informarem holerites de todos os juízes

Estadão Conteúdo
05/12/2017 às 16:25.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:03
 (Fellipe Sampaio)

(Fellipe Sampaio)

A ministra Cármen Lúcia - presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF) - cobrou dos presidentes dos Tribunais de Justiça o cumprimento da determinação para o envio ao CNJ dos dados referentes à remuneração dos magistrados de todo o país. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (4), pela Agência CNJ de Notícias.

"Eu entreguei a todos uma planilha no dia (20) de outubro. Até hoje, não recebi as informações de novembro e dezembro", queixou-se a ministra, durante reunião com os presidentes dos Tribunais estaduais na sede do Supremo, nesta segunda-feira, (4). "Espero que em 48 horas se cumpra essa determinação do CNJ para que eu não tenha que acioná-los oficialmente."

Segundo a ministra, a demora na entrega das informações pode passar para a sociedade a impressão de que os tribunais estão agindo de "má-vontade".

"Quero terminar o ano mostrando para a sociedade que não temos nada para esconder", afirmou.

A ministra disse que testou pessoalmente algumas páginas eletrônicas dos tribunais para verificar o nível de transparência das informações e que ficou "horrorizada" quando teve que passar por 18 cliques em um dos sites. "Tem tribunal dificultando e isso não pode acontecer", advertiu.

O CNJ colocou à disposição dos Tribunais de Justiça uma planilha para uniformizar as informações. Nela os tribunais devem especificar os valores relativos a subsídio e eventuais verbas especiais de qualquer natureza, para divulgação ampla à cidadania.

"Eu preciso desses dados para mostrar que nem todo 'extrateto' é uma ilegalidade. Não compactuamos com ilegalidades. Sem isso, fica difícil defender", completou.

A ministra explicou que existem extratetos que são permitidos, como o pagamento de uma diária, de uma verba em atraso ou de uma ajuda de custo, e que essa informação deve ser de conhecimento público.

"E não adianta não mandar porque ou se cumpre a lei e não se corre nenhum risco, ou isso vai estourar de forma cada vez pior", completou.

Desde a semana passada, o CNJ passou a disponibilizar, na área de Transparência do portal do conselho, os dados relativos aos salários e benefícios dos magistrados de dezessete tribunais, envolvendo as seguintes esferas do Judiciário: Estadual, Federal, Eleitoral, Trabalhista e Militar.

Na Justiça Estadual, dos 27 TJs apenas sete encaminharam, até as 18 horas desta segunda-feira, 4, os dados ao CNJ - Amazonas, Espírito Santo, Minas Gerais, Roraima, Pará, Paraná e Pernambuco.

Na Justiça Federal, apenas o Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (São Paulo e Mato Grosso do Sul) mandou informações.

Na Justiça Eleitoral, foram encaminhadas ao CNJ as informações de cinco Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) - Alagoas, Piauí, Amapá, Santa Catarina e São Paulo.

Em relação à Justiça do Trabalho, apenas os Tribunais Regionais do Trabalho da 11.ª Região (Amazonas e Roraima) e da 13.ª (Paraíba) encaminharam os dados solicitados.

O Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo foi o primeiro, do segmento militar, a enviar suas informações.

À medida que os demais tribunais enviarem seus dados, de acordo com o modelo unificado e padronizado pelo CNJ, as informações serão também publicadas.

As informações solicitadas pelo CNJ estão de acordo com a Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011 - Lei de Acesso à Informação - e da Resolução n. 215, de 16 de dezembro de 2015.
Leia mais:
Cármen Lúcia quer monitoramento de todos os presos até abril
Cármen Lúcia autoriza reforços no gabinete de Fachin, relator da 'Lava Jato'
Cármen diz sobre Enem que não se combate intolerância social com mordaça

 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por