LEGISLATIVO

Centrão será decisivo em discussões no Congresso a partir de 2023, diz cientista político

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
03/10/2022 às 12:20.
Atualizado em 03/10/2022 às 12:27
Deputados e senadores derrubaram veto do presidente da República (Roque de Sá/Agência Senado)

Deputados e senadores derrubaram veto do presidente da República (Roque de Sá/Agência Senado)

As eleições deste domingo (2) terminaram com um número significativo de aliados do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) se elegendo e reelegendo para uma cadeira no Congresso Nacional. Com um perfil mais conservador compondo a casa, analistas políticos avaliam que o centrão será decisivo para as articulações políticas de Bolsonaro e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), independente de quem for eleito. 

O PL, sigla de Bolsonaro, será a maior bancada da Câmara pela primeira vez na história da legenda, com 99 deputados eleitos. A mesma situação se repete no Senado, com oito novos políticos eleitos pela sigla, somando 14 cadeiras na casa. Os liberais se somarão ao Republicanos, que registrou a eleição de 42 deputados neste ano.

Diante do atual cenário, o cientista político Rodrigo Lopes avalia que, se eleito, Bolsonaro terá mais facilidade de interlocução com deputados e senadores do que enfrentou no primeiro mandato. 

"Ele certamente vai ter mais facilidade do que teve em seu 1° mandato, porque há agora políticos organicamente constituídos em torno do bolsonarismo. Agora percebemos que há uma nova organização da direita, que não é um fenômeno passageiro e que começa a mostrar relação forte com o conservadorismo. Isso tende a se tornar algo mais constituído e estabelecido dentro da estrutura de poder brasileiro", avalia. 

Por outro lado, o especialista destaca que o crescimento do PT, agora em federação partidária com PV e PC do B. Nomeada de Federação Brasil da Esperança, a bancada de Lula ficou em segundo lugar, com 79 cadeiras de deputados federais. No Senado, no entanto, o PT deve manter a quinta maior bancada, passando de sete para nove senadores.

Centrão

Para Rodrigo Lopes, o posicionamento do centrão pode ser a chave para o governo de Lula, caso eleito. Segundo o cientista político, o petista terá que dialogar com as parcelas desses partidos que estão dispostas a negociar.

"O Lula também aumentou a bancada. Mas vai depender do movimento do centrão, de como ele vai se organizar e se comportar nesse mandato, o centrão que, de fato, não tem atestado ideológico e vai para onde percebe que consegue se organizar melhor nas estruturas de poder", pontua. 

"O centrão vai ter os privilégios mantidos, eu não acredito em uma mudança radical em uns espaços que eles conquistaram em alguns governos, do Temer, da Dilma e até do Bolsonaro, esse poder que vem se organizando em torno do legislativo. Temos que ver se isso não pode tornar ainda menor o poder do Executivo brasileiro, como vimos na decisão de orçamento e alguns outros aspectos", avalia. 

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